segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

TOTALITARISMO - HISTÓRIA 3° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    3° Ano 
Disciplina:   História - 2017

Totalitarismo
  • Ideologias totalitárias
O chamado totalitarismo é um regime político marcado por um Estado forte, absoluto, isto é, que estende seu poder osbre todos os setores da sociedade, supondo alcançar a completa submissão dos indivíduos. Sua denominação derivou-se de uma frase proferida pelo líder fascista Benito Mussolini: “Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”.
  • Elementos que caracterizam o totalitarismo
Partido único – determinação da linha política do Estado por um único partido, de hierarquia rígida, conduzido em geral por um líder autoritário; Ideologia oficial – existência de uma ideologia de Estado bastante abrangente, representada pelo partido único, que deve ser seguida por todos os cidadãos; Estado policial – controle estrito da sociedade por órgãos de repressão política (polícia política, exército etc.) e eliminação das oposições por intermédio, por exemplo, de prisões, censura aos meios de comunicação, coerção física e psicológica; Propaganda estatal – adoção de vigorosa propaganda com o propósito de divulgar a ideologia oficial e promover o culto à personalidade dos líderes do regime; Intervencionismo econômico – direção e controle geral da economia pelo Estado.
  • Fatores que favoreceram o surgimento de regimes totalitários
Diversos fatores costumam ser apontados: as dificuldades sociais e econômicas do pós-guerra na Europa; a crise do capitalismo internacional, que levou a uma queda na atividade econômica mundial e aumentou a inflação e o desemprego em vários países, gerando uma situação socialmente explosiva; a debilidade das diversas democracias liberais, que não conseguiam dar solução a esses graves problemas da época; o avanço do socialismo, que conquistava cada vez mais adeptos com a crise do capitalismo e o exemplo da Revolução Russa – a crise só favorecia a conquista de mais adeptos pelo socialismo. Assim, para defender seus interesses, grande parcela das elites apoiou a ascensão das ideologias totalitárias que prometiam acabar com o socialismo, como o fascismo e o nazismo, entre outras tendências que abundariam nesse período.
  • A ascensão do Partido Nacional Fascista ao poder na Itália
O Partido Fascista, fundado em 1921, apresentou-se como solução para a grave crise italiana decorrente da Primeira Guerra Mundial. Os fascistas afirmavam ser capazes de acabar com as greves operárias e com a agitação dos socialistas, bem como de encaminhar a economia do país ao crescimento. Foram, por isso, apoiados e financiados por muitos industriais, conquistando o poder em 1922.
Em relação a educação, o governo fascista tinha o propósito de tornar a educação pública um meio de impor sua doutrina à sociedade, submetendo o indivíduo à total obediência ao Estado. À medida que o fascismo firmava-se como regime de governo, ampliava-se o processo de transformação das instituições educacionais, incluindo, por exemplo, o lançamento de um livro didático único para as classes elementares e a militarização da vida escolar.
  • As ideias fascistas
Segundo o próprio Mussolini, em 1919, o movimento fascista não tinha uma doutrina claramente elaborada. Era impulsionado por uma vontade de ação de cunho nacionalista dirigida contra o liberalismo e o socialismo. Sendo também antiproletário, o movimento fascista atraiu parcela das classes médias conservadoras e da alta burguesia.
Aos poucos, porém, os fascistas foram definindo suas concepções sobre o modelo de sociedade a ser construído. Nele, o indivíduo deveria ser submisso às necessidades do Estado, que se tornaria, então, uma instituição poderosa, capaz de controlar, inclusive, a vida pública e a vida privada.
  • O governo de Mussolini
Nos primeiros dois anos (1922-1924), Mussolini empenhou-se na construção do Estado totalitário, na divulgação do nacionalismo fascista e no terrorismo das milícias, para acabar com as oposições. Nos anos seguintes (1925-1939), já instalada a ditadura. Dedicou-se à transformação das instituições educacionais e à militarização da sociedade italiana. No plano externo, conduziu a expansão colonial italiana na África, ocupando em maio de 1936, a capital da Etiópia.
  • A Alemanha após a Primeira Guerra Mundial
Após a derrota na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha apresentava imensas dificuldades socioeconômicas (apesar da retomada do desenvolvimento industrial), com elevado número de desempregados e altas taxas de inflação. Diversos setores do operariado protestavam contra a exploração capitalista em greves organizadas pelo Partido Comunista Alemão (KPD) e pelo Partido Social Democrata (SPD). O temor da expansão do socialismo fez com que considerável parcela da elite política e econômica alemã apoiasse o Partido Nazista, autoritário e antidemocrático, liderado por Adolf Hitler.
  • A ascensão do Partido Nazista ao poder
Em 1923, os nazistas tentaram tomar o poder por meio de um golpe militar para derrubar o governo alemão. O golpe fracassou, e Hitler foi preso. Von Hindenburg, eleito presidente da Alemanha em 1925, não conseguiu promover a estabilização política nem superar as dificuldades econômicas do país. Os nazistas acabaram por conquistar a maior bancada do Parlamento (38% dos deputados) nas eleições de julho de 1932, o que favoreceu a ascensão de Hitler, nomeado chanceler (chefe de governo) em 1933.
  • Nazi
A palavra nazi é formada de duas sílabas extraídas da palavra alemã Nationalsozialistische (Nacional-Socialista), que compõe o nome do partido liderado por Hitler. Daí derivaram-se os termos nazista e nazismo. Os partidários eram também chamados de nazis.
  • A doutrina nazista
Suas principias teses eram: a ideia da superioridade da raça ariana; o antissemitismo; o total fortalecimento do Estado, personificado na figura do Führer (chefe), ao qual o indivíduo devia submeter-se totalmente; e o expansionismo, isto é, o direito do povo alemão de conquistar seu espaço vital, expandindo militarmente seu território para reunir as comunidades alemãs em outros países e sustentar seu desenvolvimento.
  • Os regimes totalitários de Portugal e da Espanha
Na primeira metade do século XX, expandiram-se em toda a Europa e em diversas partes do mundo doutrinas totalitárias de inspiração nazifacista. Na Espanha, uma violenta Guerra Civil (1936-1939) resultou na tomada de poder pelo general Francisco Franco, com o apoio dos proprietários de terra, do alto clero e de setores do exército, governando até sua morte, em 1976. Em Portugal, Antônio de Oliveira Salazar assumiu, em 1932, a presidência do Conselho de Ministros e conduziu a vida política do país, como chefe de governo, até se afastar por motivo de doença, 1968.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

CRISE CAPITALISTA - HISTÓRIA 3° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    3° Ano 
Disciplina:   História – 2017

Crise capitalista
·       O American way of life
O “estilo de vida americano” foi estabelecido após o final da Primeira Guerra Mundial, quando a economia dos Estados Unidos tornou-se a mais poderosa do mundo; o progresso tecnológico do país favoreceu o crescimento da produção econômica, e a sociedade americana vivia um clima de euforia. Esse novo estilo de vida caracterizava-se pelo consumismo. “Viver bem” se tornara sinônimo de “consumir” sempre mais”.
·       Condições que levaram os Estados Unidos à superprodução na década de 1920
Na década de 1920, a reconstrução da Europa possibilitou a reorganização e a modernização da estrutura produtiva de seus países; Inglaterra, Alemanha e França tomaram uma série de medidas para reduzir a importação de produtos estadunidenses. Ao mesmo tempo, o ritmo de produção industrial e agrícola nos Estados Unidos continuava a crescer, passando a ocorrer a superprodução de mercadorias: uma enorme quantidade de produtos para os quais não havia mais compradores.
·       A crise de 1929
A falta de compradores para a superprodução dos Estados Unidos ocasionou: Queda dos preços e dos lucros – os preços baixaram drasticamente, o mesmo ocorrendo com a margem de lucro dos empresários e agricultores. Mesmo assim, a produção excedente não conquistou consumidores; Redução da atividade econômica – os produtores agrícolas e industriais foram obrigados, então, a reduzir o timo de suas atividades e a produzir menos; Desemprego em massa – com a redução das atividades, houve demissão de milhões de trabalhadores. Os que não foram dispensados tiveram redução de salários. No decorrer da crise, o número de desempregados nos Estados Unidos chegou a mais de 15 milhões de pessoas.
·       A crise de 1929 nos EUA e o Brasil
Com a crise econômica de 1929, os cafeicultores brasileiros, que vendiam para os mercados dos Estados Unidos, perderam seu grande comprador. Milhares de sacas de café foram queimadas, numa tentativa desesperada e inútil de manter os preços altos; o desastre econômico afetou a cafeicultura brasileira e abalou as estruturas da República.
·       O New Deal (Novo Acordo)
O New Deal (Novo Acordo) foi o nome dado a um conjunto de medidas adotadas pelo governo estadunidense, durante o mandato de Roosevelt (1933-1945), visando superar a crise socioeconômica.
Os objetivos do programa foram: controlar os preços de diversos produtos agrícolas e industriais; possibilitar aos fazendeiros arruinados o pagamento de suas dívidas e o reordenamento da produção, por meio da concessão de empréstimos; criar postos de trabalho para milhões de desempregados, com a realização de diversas obras públicas; aliviar a situação de misérias dos desempregados com a criação de um salário-desemprego; garantir os interesses dos industriais, limitando os preços e a produção às exigências do mercado; e beneficiar os trabalhadores com a fixação de salários mínimos e a limitação das jornadas de trabalho.
Os resultados obtidos não foram os pretendidos, mas o New Deal conseguiu controlar relativamente a crise econômica, que se desdobrava em violentos conflitos sociais; a partir de 1935, a economia do país voltou a se fortalecer, mas a crise só foi plenamente superada anos mais tarde.
As ideias básicas do New Deal rompiam com os princípios clássicos do liberalismo econômico na medida em que procurava conciliar as leis de mercado e o respeito pela iniciativa privada com a intervenção do Estado em vários setores da economia

  • Revolução Keynesiana
John Maynard Keynes foi um defensor de doutrinas intervencionistas na economia. O impacto de seu pensamento sobre as teorias e as práticas econômicas do século XX constituiu para alguns uma verdadeira revolução.
Embora considerasse a existência de forças de reequilíbrio no campo econômico, Keynes defendeu a tese de que esses mecanismos não são automáticos no longo prazo. Não confiava, portanto, na teoria do laissez-faire (“deixa fazer”) e em sua “naturalidade” na economia.
Segundo Keyne, os “impulsos” dos empresários muitas vezes iam contra o que era “natural”, e, até que houvesse um reequilíbrio da situação, muitas vidas poderiam ser destruídas. O Estado precisava, portanto, intervir na economia, implantando políticas econômicas que garantissem o pleno emprego dos trabalhadores, onde e quando fosse necessário, para garantir equilíbrio e maior eficiência do sistema produtivo.
Além disso defendia a redistribuição dos lucros, para que o poder aquisitivo dos consumidores aumentasse de forma proporcional ao desenvolvimento dos meios de produção.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

A REVOLUÇÃO RUSSA - HISTÓRIA 3° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    3° Ano 
Disciplina:   História - 2017
A REVOLUÇÃO RUSSA
  • A Rússia antes de 1917
Antes de 1917, a Rússia era ainda uma monarquia absolutista, comanda pelo poder forte e centralizado do czar, não limitado por instituições legais e exercido segundo costumes e vínculos mantidos com a nobreza rural e o setor militar. A economia do país era predominantemente rural. A maior parte da população (80%) vivia no campo, em condições muito precárias, e a produção de alimentos era insuficiente para atender a todas as suas necessidades. Durante o governo do czar Nicolau II (1894-1917), a industrialização foi impulsionada por capitais estrangeiros concentrados nos centros urbanos populosos (Moscou, São Petersburgo, Odessa e Kiev), onde se formou um proletariado de aproximadamente 3 milhões de pessoas, submetidas a salários baixos e jornadas de mais de 12 horas diárias de trabalho.
  • Menchevique e bolchevique
Menchevique (termo que significa “minoria”) e bolchevique (“maioria”) eram os grupos em que se dividiu o Partido Social-Democrata russo. Os mencheviques defendiam que os operários poderiam conquistar o poder estabelecendo alianças políticas com a burguesia liberal. Já os bolcheviques acreditavam que os trabalhadores poderiam conquistar o poder de forma imediata, pela luta revolucionárias, derrubando a monarquia absolutista e transformando a sociedade russa. Eles propunham a formação de uma ditadura do proletariado, na qual o poder estaria nas mãos de representantes da classe operária.
  • A revolta social de 1905
As principais causas da revolta foi a insatisfação popular e dificuldades econômicas do Império Russo, agravadas pela derrota sofrida na guerra de 1904-1905 contra os japoneses.
Os participantes da revolta foram os operários (que formaram os primeiros sovietes, ou conselhos de operários), camponeses, soldados e marinheiros da cidade de Odessa, onde os tripulantes do encouraçado Potemkin se rebelaram.
O governo do czar Nicolau II acenou com o fim do regime absolutista e a melhoria de condições de vida dos trabalhadores, prometendo realizar importantes reformas, como a convocação de eleições gerais para a Duma (Parlamento), que elaboraria uma Constituição para a Rússia. A Duma continuaria a ser dominada por industriais e proprietários de terra, assegurando tranquilidade aos reformistas, que temiam o caráter socialista da revolta dos trabalhadores.
A revolta fracassou, e os bolcheviques ficaram isolados. O czar não cumpriu as promessas liberais que havia feito. Mas, de acordo com Lenin, principal líder bolchevique, essa derrota fez os revolucionários avaliarem seus erros e suas fraquezas, preparando-se para superá-los.
  • A sociedade russa próxima da revolução
Os acontecimentos importantes que levaram a sociedade russa aos limites de uma revolução popular foram principalmente dois: primeiramente, o não cumprimento das promessas feitas pelo czar, após a Revolução de 1905, o que elevou a tensão social contra o regime; depois, a entrada do Império Russo na Primeira Guerra Mundial, um conflito muito longo para o qual o país não estava preparado, que provocou a morte de milhões de soldados russos, o colapso da economia russa, a destruição da produção agrícola e dos meios de transporte e a elevação estrondosa dos preços dos alimentos, trazendo fome para grande parte da população.
  • Revolução Liberal Burguesa e Revolução Comunista
Revolução Liberal: Foi a primeira fase da Revolução Russa, de março a novembro de 1917, em que as forças políticas de oposição ao czar (socialistas e liberais burguesas) tiraram do poder o czar Nicolau II. Instalando um governo provisório, chefiado pelo príncipe Lvov e formando em sua maioria por políticos liberais. Depois foi liderado pelo socialista moderado Alexander Kerensky. Essa fase caracterizou-se pela implantação de medidas exigidas pela oposição, mas sem que se procurasse resolver os problemas sociais que afligiam os operários e os camponeses; tomou-se a decisão impopular de manter a Rússia na Primeira Guerra Mundial. O termo “branca” é usado porque corresponde à etapa em que o poder foi controlado pelos “brancos”, designação dada aos grupos não bolchevistas (mencheviques, liberais e aristocratas).
Revolução Comunista: Foi a segunda fase da Revolução Russa, de novembro de 1917 a 1918, em que Lenin, de volta à Rússia, passou a liderar a oposição socialista ao governo provisório, organizou o Partido Bolchevique e publicou as Teses de Abril, pregando a formação de uma república dos sovietes. Em 7 de novembro (25 de outubro pelo calendário russo), os bolcheviques tomaram o poder. Essa fase da revolução caracterizou-se pela adoção de medidas que levariam à completa transformação socioeconômica e política da sociedade russa: pedido de paz imediata e consequente retirada do país da Primeira Guerra Mundial; confisco de cerca de 150 milhões de hectares de propriedades dos nobres e da Igreja Ortodoxa, sem indenização, para serem distribuídos entre os camponeses; estatização da economia. O termo “vermelha” é usado porque corresponde à etapa em que o poder foi tomado pelos “vermelhos, designação dada aos bolchevistas.
  • A Guerra Civil
A Guerra Civil foi a terceira e última fase da Revolução Russa, de 1918 a 1920, quando se enfrentaram as forças contrarrevolucionárias (ligadas à monarquia), organizadas para derrubar o governo bolchevique. Este, após violenta guerra civil, conseguiu se manter no poder, valendo-se da resistência militar do Exército Vermelho, liderado por Trotsky. Nesse período, o Partido Bolchevique, que em 1918 mudara o nome para Partido Comunista, firmou sua posição no comando do governo.
  • A estatização da economia
A expressão “estatização da economia” significa a intervenção do governo na vida econômica do país, nacionalizando diversas empresas (bancos, indústrias) e elaborando planejamento para todos os setores econômicos.
  • Nova Política Econômica (NEP)
A NEP (Nova Política Econômica) foi o conjunto de medidas adotado pelo governo soviético, em março de 1921, para reconstruir a nação, depois do chamado “comunismo de guerra”. Algumas medidas foram vistas como retorno a práticas capitalistas: liberdade de comércio interno e de salários, criação de empresas privadas e empréstimos de capitais estrangeiros. Ao Estado cabia a supervisão geral da economia e o controle dos setores vitais: comércio exterior, sistema bancário e indústria de base.
  • O papel do Partido Comunista na estruturação do país
O Partido Comunista tornou-se, após 1921, o único partido autorizado a funcionar no país e, com a criação da URSS e a ascensão de Stalin, passou a dominar a sociedade soviética. Suas ordens eram inquestionáveis, e todos deviam se submeter a elas.
  • Fundação da União Soviética
Em dezembro de 1922, durante o Congresso Panrusso dos Sovietes, foi fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), também designada simplesmente União Soviética.
No início, a União Soviética era formada pelas repúblicas da Rússia, Ucrânia, Rússia Branca e Transcaucásia. Posteriormente, foram incorporadas as repúblicas do Usbequistão e Turcomenistão, em 1924, e do Tadjiquistão, em 1929.
A União Soviética era controlada por membros das diversas repúblicas. O órgão máximo do governo era o Soviete Supremo (Legislativo), ao qual competia eleger um comitê executivo (Presidium ou comitê central), dirigido por um presidente com a função de chefe de Estado.
  • Discordância entre Stalin e Trotsky
Lenin, considerado o fundador do Estado socialista soviético, tinha se afastado do governo desde 1922, devido a problemas de saúde, e veio a falecer em 1924. Explodiram, então, as divergências políticas internas no Partido Comunista.
Trotsky propunha a chamada “revolução permanente”, segundo a qual o socialismo deveria ser construído simultaneamente em escala internacional, e Stalin defendia a tese da construção do socialismo em um só país. Essa discussão ganhou peso após a morte de Lenin, quando se iniciou uma luta interna no PCURSS pelo controle do poder:  Stalin saiu vencedor, tendo sua tese aprovada no XIV Congresso do Partido Comunista. Com Stalin como secretário-geral, o Partido Comunista da União Soviética passou a dominar a sociedade soviética: as ordens do partido tornaram-se inquestionáveis.
  • O período de Stalin no poder
A partir de dezembro de 1929, depois de ter expulsado Trotsky da União Soviética e mandado assassiná-lo no México, Stalin concentrou todo o poder em suas mãos, iniciando a era stalinista. Esse período apresentou duas características básicas: por um lado, a transformação do país numa das maiores potências do século XX, com a implantação dos planos quinquenais; por outro, a instalação de uma das mais sangrentas ditaduras do século, destacando-se, de 1936 a 1938, as chamadas depurações stalinistas, em que mais de 5 milhões de pessoas foram presas, torturadas e condenadas ao trabalho em campos de concentração, e cerca de 500 mil foram executadas.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - HISTÓRIA 3° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    3° Ano 
Disciplina:   História – 2017

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
  • Fatores que contribuíram para o clima de tensão entre os países europeus
O clima de tensão e rivalidade entre os países europeus foi gerado basicamente por duas categorias de interesses: imperialistas, que levaram as principais potências capitalistas a uma concorrência desmedida por territórios e novos mercados, além da adoção de políticas internas protecionistas; e nacionalistas, que catalizaram antigas rivalidades e ressentimentos, resultando em projetos expansionistas e revanchistas, carregados de fervor patriótico.
  • Principais movimentos nacionalistas na Europa, no início do séc. XX
Um deles era o pan-eslavismo, que tinha por objetivo unir todos os povos eslavos da Europa, sob a liderança da Rússia; outro era o pan-germanismo, que pretendia anexar à Alemanha os territórios da Europa central onde viviam germânicos; além deles, havia também o revanchismo francês, cujo objetivo era recuperar os territórios da Alsácia-Lorena, que a França fora obrigada a entregar à Alemanha depois da Guerra Franco-Prussiana, em 1870.
  • “Paz Armada”
“Paz armada” foi o nome dado à corrida armamentista iniciada pelas potências europeias que, diante do perigo de guerra, fortaleceram seus exércitos e formaram alianças políticas.
  • Os principais blocos
A Tríplice Aliança, formada por Alemanha, Áustria-Hungria e Itália, e a Tríplice Entente, formada inicialmente por Inglaterra, França e Rússia. Essas alianças formaram-se com o objetivo de somar forças para enfrentar países rivais.
  • O estopim da guerra
O fato que serviu de estopim para deflagrar a Primeira Guerra Mundial foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austríaco, e de sua esposa na cidade de Sarajevo (Bósnia), em 28 de junho de 1914, pelo estudante Gavrilo Princip, membro da organização secreta nacionalista Unidade ou Morte.
O assassinato de Francisco Ferdinando provocou a reação militar da Áustria-Hungria contra a Sérvia. Em razão da política de alianças, isso causou a entrada de outras nações no conflito.
Sucessão de acontecimentos: 28 de julho – a Áustria-Hungria declara guerra à Sérvia (com o respaldo da Alemanha, a potência que liderava a Tríplice Aliança) e, no dia seguinte, invade esse país com seu exército; 29 de julho – em apoio à Sérvia, a Rússia mobiliza suas tropas; 1° de agosto – a Alemanha declara guerra à Rússia e, posteriormente, à França; 4 de agosto – para atingir a França, o exército alemão invade a Bélgica (neutra); 5 de agosto – a Inglaterra declara guerra à Alemanha.
  • Principais fases da Primeira Guerra Mundial
A primeira fase (1914 a 1415): marcada pela intensa movimentação das forças beligerantes, com equilíbrio nas frentes de combates, depois que a rápida ofensiva alemã em território francês foi detida pela contraofensiva francesa. Segunda fase (1915 a 1917): marcada pela guerra de trincheiras, com cada lado procurando garantir suas posições, evitando a aproximação do inimigo. Foi um período duro e desgastante no qual os soldados, sob ataque intermitente do inimigo, enfrentavam intempéries para guarnecer suas posições. Terceira fase (1917 a 1918): a entrada na guerra de países tidos como neutros (como Estados Unidos e Brasil) e a retirada dos exércitos da Rússia foram os acontecimentos que se destacaram nessa fase.
  • O fim do conflito
O fim do conflito deu-se após a entrada dos Estados Unidos (1917), pelos recursos materiais e financeiros que trouxeram aos aliados da Entente. Isolados e sem condições de sustentar o confronto, os alemães renderam-se em 11 de novembro de 1918, assinando um armistício com condições bastante desfavoráveis.
  • Europa após a Primeira Guerra Mundial
O continente europeu, após a Primeira Guerra Mundial, ficou numa situação traumática e desoladora: devastação dos diversos locais onde foram travados combates (campo e cidade), cerca de 10 milhões de mortos e 30 milhões de feridos, grave crise socioeconômica e um clima de profunda desolação e desesperança entre a população.
  • O Tratado de Versalhes e a “cláusula de culpa”
Elaborado durante uma série de conferências realizadas no palácio de Versalhes, na França, com a participação de 27 nações vencedoras da Primeira Guerra, o Tratado de Versalhes foi o documento que definiu os termos finais de paz com as nações derrotadas, pondo oficialmente fim à Primeira Guerra Mundial. A “cláusula de culpa” foi o artigo do Tratado de Versalhes que determinou que a Alemanha era a principal responsável pelo conflito, razão pela qual os alemães sofreram as mais duras imposições.
  • Os termos impostos à Alemanha
Os termos foram os mais duros, como restituir a região da Alsácia-Lorena à França; ceder outras regiões à Bélgica, à Dinamarca e à Polônia; entregar quase todos os seus navios mercantes à França, à Inglaterra e à Bélgica; pagar enorme indenização aos países vencedores; e reduzir o poderio militar de seus exércitos, ficando proibida de constituir aviação militar.
  • A Liga das Nações
A Liga das Nações foi uma instituição internacional criada em 1919 pelos membros da Conferência de Paz de Versalhes, com sede em Genebra, na Suíça. Tinha como principal missão agir como mediadora dos conflitos internacionais, procurando preservar a paz mundial. A Liga não conseguiu realizar seus propósitos porque, com a retirada dos Estados Unidos, da União Soviética e da Alemanha, tornou-se impotente para evitar os conflitos que eclodiram em diversos lugares do mundo.
  • Os Estados Unidos como grande potência
Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, estimulou-se o crescimento agrícola e industrial dos Estados Unidos, iniciado no final do século XIX. Além disso, enquanto as potências europeias concentravam seus esforços na guerra, os industriais estadunidenses aproveitaram para ocupar e suprir os mercados da Ásia e da América Latina. No final da guerra, os bancos e o governo dos Estados Unidos haviam se tornado credores da Europa arrasada, acumulando a metade de todo o ouro que circulava nos mercados financeiros do mundo.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA - HISTÓRIA 3° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    3° Ano 
Disciplina:   História - 2017
REVOLTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA
  • Messianismo
Messianismo foi a designação dada a movimentos sociais populares, principalmente de sertanejos de áreas rurais pobres, que fundaram comunidades comandadas por um líder religioso, ao qual se atribuíam dons de fazer milagres, realizar curas e profetizar acontecimentos. Esse líder político-religioso (messiânico) era considerado capaz de conduzir a comunidade a uma “nova era de justiça e felicidade”. Sua base era a crença na vinda do “salvador, para libertar o povo dos sofrimentos e conduzi-lo à felicidade eterna.
  • Revolta de Canudos
Aconteceu em Canudos (sertão da Bahia) no povoado chamado Belo Monte. Seu principal líder foi Antônio Conselheiro (Antônio Vicente Mendes Maciel).
20 mil a 30 mil sertanejos viviam com normas próprias: sistema comunitário; propriedade privada apenas dos bens de uso pessoal; não havia cobrança de impostos; era proibido a prostituição e venda de bebidas alcoólicas.
Seus adversários foram a Igreja Católica, os fazendeiros, as elites políticas e o governo.
Os sertanejos foram perseguidos por forças locais, resistiram.  No entanto, ocorreu a morte de quase todo o povoado por tropas do governo federal, em 1897.
  • Guerra do Contestado
Aconteceu em Contestado (entre Paraná e Santa Catarina) no povoado chamado Monarquia Celeste. Seu principal líder foi João Maria (Atanás Mardaf): depois, José Maria (Miguel Lucena Boaventura.
20 mil sertanejos viviam com governo próprio e normas igualitárias, sem obedecer às autoridades da República.
Seus adversários foram os Coronéis-fazendeiros, os donos de empresas estrangeiras e o governo.
Os sertanejos foram perseguidos violentamente, fundaram novos núcleos. Todos foram destruídos em 1916 por tropas do governo federal.
  • O Cangaço
O Cangaço desenvolveu-se no contexto de miséria, de injustiças praticadas pelos coronéis-fazendeiros, de fome e secas que assolavam o nordeste, produzindo um ambiente favorável à formação de grupos armados (os cangaceiros) que praticavam assaltos a fazendas e, muitas vezes, matavam pessoas.
Para alguns, o cangaço era uma forma pura e simples de banditismo e criminalidade; para outros, era uma forma de banditismo social, isto é, de revolta reconhecida como legítima pelas pessoas que viviam oprimidas.
O principal personagem foi Virgulino Ferreira, mais conhecido como Lampião, considerado o “Rei do Cangaço”. Depois que a polícia massacrou o bando de Lampião, em 1938, já durante o governo de Getúlio Vargas, o cangaço praticamente desapareceu do nordeste.
  • A Revolta da Vacina
A Revolta da Vacina resultou do descontentamento popular contra as medidas que vinham sendo tomadas no mandato do presidente Rodrigues Alves (1901-1906) para transformar a cidade do Rio de Janeiro na “capital do progresso”, entre elas: demolição dos cortiços e casebres dos bairros centrais, ampliação da rede de águas e esgotos, remodelação do porto e obras de saneamento e erradicação de epidemias, como a varíola. Quando o médico sanitarista Oswaldo Cruz, diretor de Saúde Pública, convenceu o presidente a decretar a lei de vacinação obrigatória, parte da população se revoltou, por falta de esclarecimento sobe a importância da vacina, somada a seu descontentamento com o governo. O governo usou tropas do corpo de bombeiros e da cavalaria para dominar os revoltosos. Cerca de 30 pessoas foram mortas e mais de 100 foram feridas. Centenas de participantes dos conflitos foram presos e deportados para o Acre.
  • A Revolta da Chibata
A revolta teve início em 22 de novembro de 1910, quando cerca de 2 mil membros da marinha brasileira, liderados pelos marinheiro João Cândido, tomaram o comando do encouraçado Minas Gerais e, logo em seguida, dos navios São Paulo, Bahia e Deodoro. Apontaram os canhões para a cidade do Rio de Janeiro e enviaram um comunicado ao presidente da República, explicando as razões da revolta.
Os marinheiros queriam mudanças no código de disciplina da marinha, que punia as faltas graves com 25 chibatadas; além disso, reclamavam da má alimentação e dos soldos (salários) miseráveis. O governo respondeu que atenderia as exigências feitas, e os marinheiros entregaram os navios aos comandantes. Com os marinheiros desarmados, o governo voltou atrás em seus compromissos e puniu os líderes da revolta. No dia 9 de dezembro, outra rebelião foi organizada, mas, desta vez, o governo estava preparado e conteve os revoltosos. João Cândido, depois de ter sido preso na ilha das Cobras (Rio de Janeiro), foi julgado e absolvido em 1912. Passou para a história como o Almirantes Negro, que acabou com o castigo da chibata na marinha brasileira.
  • Tenentismo
Tenentismo foi o movimento político-militar que, sob a liderança de jovens oficiais das forças armadas, principalmente tenentes, pretendia conquistar o poder pela luta armada e promover reformas na Primeira República. Fazem parte do movimento tenentista a Revolta de Copacabana, as Revoltas de 1924 e a Coluna Prestes.
  • Coluna Prestes
A Coluna Prestes foi um destacamento militar, comandado pelo militar gaúcho Luís Carlos Prestes, que unira suas forças à dos tenentes paulistas, percorrendo, durante mais de dois anos (de 1924 a 1926), 24 mil quilômetros, através de 12 estados brasileiros, procurando apoio popular para novas revoltas contra o governo. A Coluna foi duramente perseguida pelas forças governamentais. Não conseguiu provocar revoltas populares capazes de ameaçar o governo, mas também não chegou a ser derrotada. Em 1926, a Coluna dispersou-se e foi finalmente desfeita; alguns de seus integrantes ficaram na Bolívia.
  • O Modernismo
O movimento modernista pretendia remodelar a arte brasileira, reagindo às formas tradicionais de artes plásticas e da literatura e à invasão cultural estrangeira. Ele teve início na Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo entre os dias 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal, e foi possível em um contexto de mudanças, marcado pelas revoltas tenentistas, pela fundação do Partido Comunista e pelo crescimento e modernização das cidades.
  • O Messianismo em Goiás – Um exército de homens descalços
Benedicta Cypriano Gomes - foi a líder de um movimento social religioso iniciado na década de 1920, no distrito de Lagolândia, município de Pirenópolis, no estado de Goiás.
Santa Dica é assim chamada porque ainda na adolescência se tornou curandeira e logo depois profetisa. Para a população local, as curas e profecias de Dica eram acreditados como verdadeiros milagres.
Dica devido aos seus poderes espirituais controlou os camponeses de Goiás.
A influência religiosa de Dica tornou-a, conhecida por Santa Dica. Essa mulher liderou os homens simples do campo na luta pelo repouso dominical, tornando-se uma ameaça aos fazendeiros.
Santa Dica insere-se dentro do contexto do messianismo brasileiro. (Antônio Conselheiro e José Maria).
A Santa Dica foi perseguida pelos coronéis da época e pelo governo de Pedro Ludovico, que lutava pelo fim das lideranças locais.
Em 1932, a Santa Dica liderou uma coluna que foi lutar contra os constitucionalistas de São Paulo.
Santa Dica foi condenada por bruxaria em Pirenópolis, mudando-se para Goiânia onde viveu até sua morte.

Fontes:
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

SOCIEDADE E ECONOMIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA - HISTÓRIA 3° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    3° Ano 
Disciplina:   História - 2017

SOCIEDADE E ECONOMIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA

  • Sociedade rural
Considerando que 69,7% da população trabalhava no setor agrícola e uma parte do setor de serviços situava-se também na zona rural, podemos dizer que cerca de ¾ da população brasileira ativa trabalhava na zona rural. Os 13,8% que atuavam na indústria, por sua vez, mais a outra parte dos profissionais do setor de serviços, totalizariam, aproximadamente, o outro ¼ da população e estariam sediados em zonas urbanas.
  • Coronelismo
Coronelismo foi o sistema de dominação, característico da Primeira República, exercido por grandes proprietários rurais (os “coronéis), que se tornaram verdadeiros “caciques” ou líderes políticos das cidades ou regiões onde estavam estabelecidos. Em suas fazendas, os coronéis exploravam um grande número de trabalhadores, que recebiam salários miseráveis e passavam a depender de seu auxílio (na forma de empréstimos em dinheiro, educação dos filhos e em momentos de doença). Nas cidades, eles controlavam, pessoalmente, os principais empregos e cargos: na prefeitura, na delegacia, na escola, no cartório público e na estação de trem; os comerciantes, médicos, advogados, prefeitos, vereadores, delegados, juízes, padres e professores procuravam se aproximar dos coronéis, em busca de favores.

  • O voto de cabresto
“Voto de cabresto” foi a expressão popular usada para se referir ao voto dado sob pressão, imposto ao eleitor; isso acontecia porque o voto de cada eleitor era aberto, declarado publicamente.

  • As oligarquias agrárias
As oligarquias agrárias montaram, em cada estado, uma rede de transmissão de poder na qual o coronelismo fazia a articulação das alianças na base de troca de favores, da dependência pessoal (clientelismo) e da corrupção, o que permitia manter o poder nas mãos de um mesmo grupo; no final do mandato, cada governador passava o cargo para um parente ou correligionário.

  • A política dos governadores
A “política dos governadores” funcionava na base da troca de favores: os governadores de estado apoiavam o governo federal, ajudando a eleger deputados federais e senadores favoráveis ao presidente, que, em retribuição, apoiava os governadores concedendo verbas, empregos e favores para seus aliados políticos.
Na época, não existia no país uma Justiça Eleitoral independente que pudesse averiguar possíveis irregularidades nas eleições. O que existia era uma Comissão Verificadora no Congresso Nacional, que julgava os resultados eleitorais. A serviço do presidente, A Comissão Verificadora das eleições aprovava apenas os nomes dos deputados e senadores da situação (os que apoiavam o governo), impondo obstáculos ao reconhecimento da vitória eleitoral dos candidatos da oposição

  • Política do café com leite
A expressão “política do café com leite” foi o apelido dado à aliança entre o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM), que praticamente dominaram a vida política brasileira durante a Primeira República. Era uma alusão ao fato de São Paulo ser o primeiro estado em produção de café e Minas Gerais, o segundo, também se destacar pela produção de leite.
  • As exportações brasileiras
No período de 1889 a 1933 o café liderou a pauta de exportações. Não considerando outros produtos, o segundo lugar foi ocupado pela borracha, entre 1889 e 1918, e por couro e peles, entre 1919 e 1933. Durante a Primeira Guerra Mundial o produto que teve a maior queda significativa das exportações foi o café.
  • Consequências da crise de superprodução de café
As consequências foram a queda do preço do produto e o acúmulo de estoque, que em 1905 chegou a corresponder a 70% do consumo mundial de um ano.
  • Convênio de Taubaté
Em 1906, cafeicultores e políticos reuniram na cidade paulista de Taubaté com o objetivo de encontrar soluções para as crises de superprodução. Os fazendeiros e os políticos chegaram a um acordo, conhecido como Convênio de Taubaté, que dependia da aprovação do governo federal, pelo qual o governo compraria a produção de café que ultrapassasse a procura do mercado, estocando o excedente para ser vendido quando os preços se normalizassem. Para efetivar essa compra, o governo faria empréstimos no exterior. Os fazendeiros foram atendidos; eles deixaram de ter prejuízos, porque, com a compra do excedente, o preço do café não caía, embora os estoques do governo aumentassem sem que surgisse oportunidade de vende-los no mercado externo.
  • A borracha e o cacau
Além do café, a borracha e o cacau também tiveram seu apogeu na pauta de exportações brasileiras durante a Primeira República. O declínio na venda desses produtos ocorreu porque os países compradores da Europa começaram a investir em sua produção: Inglaterra e Holanda passaram a cultivar seringais na Malásia, no Ceilão e na Indonésia; o cacau passou a ser cultivado pelos ingleses na Costa do Ouro (África). Essas produções logo conquistaram os mercados internacionais, fazendo declinar as vendas do cacau e da borracha brasileiros.
  • Imigração, industrialização e mudanças sociais
O período da Primeira República também foi marcado pela grande imigração, principalmente europeia, e pelo avanço industrial no país. Os dois processos tiveram diversos impactos na sociedade brasileira, entre os quais se destaca o surgimento do movimento operário.
  • Imigração para São Paulo
O estado de São Paulo, com cerca de 57% do total de imigrantes, foi o estado brasileiro que recebeu o maior número de imigrantes entre 1890 e 1930. Isso se deveu, em boa medida, à expansão da economia cafeeira, que abria milhares de postos de trabalho, e à política do governo paulista de incentivo à imigração, fazendo propaganda no exterior e concedendo passagens e alojamentos aos imigrantes.
  • Fatores que impulsionaram a industrialização na Primeira República
A expansão dos cafezais, paralelamente às crises de superprodução, quando muitos cafeicultores aplicaram seus lucros na indústria, além da existência de um grande número de ex-escravos e imigrantes que deixaram o campo e o trabalho na agricultura em busca de novas oportunidades, representando oferta de mão de obra para o setor industrial.
  • As condições de trabalho dos operários na indústria
Os operários eram submetidos a jornadas de trabalho muito longas (15 horas por dia, de segunda a sábado e, às vezes, até domingo); para suprir os salários muito baixos, a família toda era obrigada a trabalhar. Não havia legislação que assegurasse direitos trabalhistas, como salário mínimo, férias, aviso prévio ou indenização em caso de demissão. Os locais de trabalho apresentavam condições muito ruins: pouco espaço, sem iluminação, ventilação ou cuidados com higiene e segurança. Os acidentes de trabalho eram muito frequentes e atingiam principalmente as crianças, que também sofriam outras formas de violência (incluindo castigos físicos). As mulheres eram, ainda, vítimas de assédio sexual por parte de mestres e contramestres. Em reação, surgiram várias formas de organização operária, entre elas os sindicatos, que lutaram pela conquista dos direitos trabalhistas e sociais.
  • A primeira greve geral de operários no Brasil
Em julho de 1917 ocorreu a primeira greve geral de operários no Brasil, quando houve vários enfrentamentos com a polícia, e o sapateiro anarquista José Martinez, de 21 anos de idade, morreu baleado. Os grevistas reivindicavam aumentos salariais, jornada de trabalho de oito horas, direito de associação, libertação dos grevistas presos etc.
  • Reação das elites econômicas e das autoridades
Na greve geral de 1917 tiveram de negociar, fazendo várias promessas, que depois não foram totalmente cumpridas. Para as elites políticas e econômicas do país, insensíveis às necessidades dos trabalhadores, as manifestações operárias não passavam de baderna, que afetava seus interesses, sendo consideradas por isso “caso de polícia” (expressão do presidente da República Washington Luís). Assim, os protestos dos trabalhadores não mereceram a devida atenção dos empresários e dos políticos até o final desse período, sendo tratados com o uso da violência policial.
  • Coronelismo em Goiás
Durante a República Velha predominou em Goiás a interferência política de duas famílias, a dos Bulhões (1870-1910) e a dos Caiados (1912 – 1930).
O Coronelismo correspondeu a articulação do poder local com a esfera Federal, representando a Política dos Governadores iniciado no governo de Campos Sales.
A ascensão dos Caiado ao poder ocorreu devido a campanha civilista, onde os Bulhões apoiaram Rui Barbosa e os Caiados o candidato oficial Marechal Hermes da Fonseca.
A Política Salvacionista de Hermes da Fonseca correspondeu a interferência do poder Federal em Goiás e a substituição dos Bulhões pelos Caiado.
Os coronéis contrários a qualquer tipo de mudança de caráter progressista, não queriam a estrada de ferro, pois ela representaria uma força nova de transformação que poderia ameaçar o “status quo”, ou seja, o poder constituído dos coronéis. A manutenção do “atraso” era também uma forma de manter a dominação.
A região Sul de Goiás foi privilegiada com a construção da estrada de ferro, tornando-se o polo de desenvolvimento e exportação da produção goiana.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.