Col. Est. Dep. Manoel
Mendonça
Prof.: Cássio
Vladimir de Araújo
Série: 2° Ano
Disciplina: Filosofia - 2019
PATRÍSTICA
·
Patrística
O termo patrística
designa a produção doutrinária contida em um conjunto de textos sobre a fé e a
revelação cristãs e elaborada principalmente pelos primeiros padres da Igreja.
Tinha por objetivo
explicar os preceitos do cristianismo ás autoridade romanas e ao povo em geral,
de maneira convincente, mediante um trabalho de pregação e conquista
espiritual.
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Origem
É anterior ao início
da Idade Média, mas é o período em que se faz a síntese da doutrina cristã e a
filosofia grega, tendo forte influência para a filosofia medieval.
Inicia-se com as
Epístola de São Paulo e o Evangelho de São João. A Patrística vem dos apóstolos
Paulo e João e também de Padres da Igreja, que foram os primeiros dirigentes
espirituais e políticos da Igreja após a morte dos apóstolos. Com o
desenvolvimento do cristianismo, tornou-se necessário explicar seus preceitos
às autoridades romanas e ao povo. Não podia ser pela força, mais tinha que ser
pela conquista espiritual.
·
Conciliação entre o cristianismo e o
pensamento filosófico grego
Os primeiros
pensadores padres elaboraram textos sobre a fé e a revelação cristã. Buscaram
conciliar o cristianismo ao pensamento filosófico dos gregos, pois somente com
tal conciliação seria possível convencer e converter os pagãos da nova verdade.
Tenta basear a fé em argumentos racionais.
A Filosofia
patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da
religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos.
Divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina
(ligada à Igreja de Roma) e seus nomes mais importantes foram: Justino,
Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São
Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo Agostinho
e Boécio.
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Introdução de ideias desconhecidas dos
gregos e romanos
A patrística foi
obrigada a introduzir ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a
ideia de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade uma, de
encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição
dos mortos etc. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, já
que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade, Introduziu,
sobretudo, com Santo Agostinho e Boécio, a ideia de “homem interior”, isto é,
da consciência moral e do livre arbítrio, pelo qual o homem se torna
responsável pela existência do mal no mundo.
Para impor as ideias
cristãs, os Padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas por Deus.
Por serem decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e
inquestionáveis. Dessa forma, o grande tema de toda a Filosofia patrística é
o da possibilidade de conciliar razão e fé.
AGOSTINHO
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Santo Agostinho
Aureliano Agostinho
(354-430) nasceu em Tagaste e faleceu em Hipona, ambas cidades da província
romana da Numídia, na África, e que hoje pertencem à Argélia. Nessa última cidade
viria a ocupar o cargo de bispo da Igreja Católica.
Professor de retórica
em escolas romanas, Agostinho despertou para a filosofia com a leitura de
Cícero (106-43 a.C.), orador e político romano que se caracterizou por seu
ecletismo, tendência filosófica que buscava um acordo entre os ensinamentos de
distintas escolas (platônica, aristotélica, hedonista etc.).
Posteriormente,
deixou-se influenciar pelo maniqueísmo, doutrina persa que afirmava ser o
universo dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal, em uma
incessante luta entre si.
Mais atarde, já
insatisfeito com o maniqueísmo, Agostinho passou a lecionar em Roma e
posteriormente em Milão. Nesse período entrou em contato com o ceticismo e,
depois, com o neoplatonismo. Então cresceu e aprofundou-se nele uma grande
crise existencial. Foi nesse período crítico que se sentiu atraído pelas
pregações de Santo Ambrósio, bispo de Milão. Pouco tempo depois, converteu-se
ao cristianismo e tornou-se seu grande defensor pelo resto da vida.
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A relação entre corpo e espírito
Agostinho defendia a
tese da supremacia do espírito sobre o corpo, isto é, que a alma teria sido
criada por Deus para reinar sobre o corpo, para dirigi-lo à prática do bem.
Mas o ser humano pecador, utilizando-se livre arbítrio, costumaria inverter
essa relação, fazendo o corpo assumir o governo da alma.
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O papel da vontade humana no pensamento
Diferentemente dos
gregos, Agostinho entendia que a vontade é uma força que determina a vida, e
não uma função específica ligada ao intelecto. Como a liberdade humana
estaria vinculada à vontade, e não à razão, ela seria a fonte do pecado, pois o
indivíduo peca porque, para satisfazer sua vontade, faz uso de seu
livre-arbítrio, mesmo sabendo que tal atitude é pecaminosa ou vai contra a
razão.
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O rompimento do conceito de graça divina
com a ética pagã
A ética pagã
baseia-se na noção grega de autonomia da vida moral, isto é, na ideia de que o
ser humano pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo boas obras, sem a
necessidade da ajuda divina. Por sua vez, o conceito de graça divina traz
implícita a ideia de que o esforço pessoal não basta, pois o ser humano nada
pode conseguir sem a graça de Deus, e esta será concedida somente a alguns
eleitos, predestinados à salvação.
Doutrina
da iluminação
Segundo sua teoria da
iluminação, Deus nos dá o conhecimento das verdades eternas e ilumina a razão.
A salvação individual depende da submissão total a Deus. Santo Agostinho
ressalta a vinculação pessoal do homem com Deus, enquanto a filosofia grega
identifica o homem com o cidadão e a política. Para ele, só é possível
alcançar a verdade das coisas por meio da luz de Deus, no íntimo de nossa alma.
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Doutrina da reminiscência
A filosofia
agostiniana sobre o conhecimento apresenta uma semelhança importante com o pensamento
de Platão. Para Santo Agostinho, Deus é a suprema verdade e, por ser onisciente
(conhecedor de tudo), é a única origem possível do saber. A alma, também
denominada de homem interior na filosofia agostiniana, está mais próxima
da substância divina que qualquer outra parte do indivíduo, conforme ensina sua
doutrina sobre a criação; por isso, é nela e por meio dela que todo
conhecimento deve ser buscado.
Assim, nenhum
conhecimento verdadeiro pode ser introduzido na mente de um indivíduo vindo de
fora, por meio do ensino, da reflexão ou da observação do mundo. O saber sobre
as formas dos seres e objetos, sobre a matéria em geral, os conceitos
geométricos e matemáticos, as virtudes, as emoções encontram-se na alma, porque
ela se origina da substância divina. Os conhecimentos de que temos
consciência são os que já encontramos em nossa alma, como que ativados em nossa
memória. Aquilo que ignoramos também está na alma, e simplesmente precisa ser
desperto pela memória por meio da pesquisa em nosso mundo interior.
VÍDEO:
Fonte Bibliográfica:
CHALITA, Gabriel, Vivendo a filosofia: ensino médio, volume
único, 4. ed. São Paulo: Ática, 2011.
COTRIM, Gilberto, Mirna Fernandes , Fundamentos de
filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
PENA, Marcelo, Pré-Universitário: filosofia &
Sociologia, anual, volume único – Fortaleza: FB Editora, 2014