Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 2°
Ano
Disciplina: História – 2019
AMÉRICA
· Choque de “Humanidades”
Na América, o contato entre europeus e indígenas teve
profundo impacto sobre ambos. Representou, segundo o historiador Sérgio Buarque
de Holanda, o confronto de duas humanidades diversas, tão heterogêneas, (...)
que não deixa de impor-se entre elas uma intolerância mortal.
· Descobrimento ou
conquista?
Durante muito tempo, vários historiadores transmitiram uma
visão heroica dos feitos do conquistador, o que tornou corrente o uso da
expressão descobrimento (da América ou do Brasil), enfatizando o “aspecto
civilizador” da chegada dos europeus.
Mais recentemente, os historiadores têm analisado a questão
sob outros pontos de vista, ressaltando o impacto da presença dos europeus na
destruição dos modos de vida e na dizimação dos povos que viviam na América.
Desse ângulo, a questão não é colocada como “descobrimento”, mas como invasão e
conquista.
Não se trata, contudo, de mera preferência por palavras. O
conceito de descobrimento, na maioria das vezes, relaciona-se à exaltação das
ações dos europeus, ignorando os processos históricos que aconteciam no
continente americano. Entretanto, a América não era um mundo a ser criado ou à
espera de seu descobridor – já fora “descoberta e habitada milhares de anos
antes da chegada dos europeus.
· Conquista da América e
Renascimento
A suposição de que a Terra era redonda, e a necessidade de
comprovação dessa hipótese através de uma viagem, são um projeto tipicamente
renascentista.
Ao descobrir outras culturas, o homem do Renascimento
hierarquizou-as: da civilização à barbárie. Nesse sentido, o humanista
constituiu-se a partir de uma vontade de domínio e poder sobre todos os povos
do mundo.
A América – destruída e construída a partir do padrão
europeu – transformava-se em lugar de comprovação da superioridade da cultura
europeia. Era necessário construir uma igreja em cima de uma pirâmide indígena.
Não podia ser ao lado.
Os descobridores, ao realizarem sua obra de colonização
construindo igrejas e outras edificações necessárias à conquista, e os
artistas, pintando ou esculpindo na Europa, consideravam a existência de um
único padrão de beleza, uma única religião verdadeira, uma cultura superior a
todas as outras. Descobridores e artistas olhavam o mundo de um único ponto e a
partir dele destruíam e construíam.
O resultado desse esforço renascentista, dessa “plenitude”,
foi suporem possuir domínio sobre a vida e a morte das populações que consideravam
bárbaras. A América conheceu a expressão mais violenta desse sonho de
dominação.
Janice Theodoro da Silva. Descobrimentos e Renascimento.
São Paulo, Contexto, 1991. P.56-58, 63-64.
· Os verdadeiros
descobridores da América
Antes da chegada dos europeus, havia no continente
americano mais de 3 mil nações indígenas. Apesar de Colombo ter chamado de
“índios” os habitantes da América na época da conquista, por trás desse nome
genérico encontravam-se sociedades e culturas muito diferentes.
Os aruaques, jês e tupis-guaranis (do atual Brasil), os
caraíbas (das atuais Antilhas), os patagônios e araucanos (do sul do
continente) e os iroqueses e sioux (da América do Norte) praticavam a caça, a
pesca e a coleta, além de dominarem técnicas agrícolas. Utilizavam utensílios e
instrumentos de pedra e madeira e, raramente, de metal. Deslocavam-se
periodicamente em busca de recursos necessários à sua sobrevivência e
organizavam-se em grupos, ligados por parentesco.
Outros povos, como os maias, os astecas e os incas,
desenvolveram sociedades com técnicas agrícolas mais elaborada e um governo
centralizado (com exceção dos maias, que se organizavam em cidades-Estados);
criaram sistemas próprios de escrita (exceto os incas) e tinham conhecimentos
sobre arquitetura, matemática e astronomia.
· Maias, Astecas e Incas
Maias - A civilização maia,
que se desenvolveu na península de Yucatán, na América Central, alcançou seu
apogeu no século VII.
A economia dos mais baseava-se principalmente no cultivo do
milho, feijão e batata-doce. Eles não conheciam o uso do ferro, da roda, do
arado e do transporte por animais. A sociedade era dirigida por poderosos
sacerdotes.
Os maias construíram grandes templos, pirâmides e
observatórios de astronomia; criaram um calendário bastante preciso e um
sistema de escrita; desenvolveram a pintura mural e a arte cerâmica.
Astecas – A civilização asteca
desenvolveu-se a partir do século XII, na região do México atual; a capital era
a cidade de Tenochtitlán (atual cidade do México). Povo guerreiro, os astecas
eram governados por um rei poderoso.
Plantavam milho, feijão, cacau, algodão, tomate e tabaco.
Além disso, comercializavam bens, como tecidos, peles, cerâmicas, sal, ouro e
prata. Desconheciam o uso do ferro, da roda e dos animais de carga. Dominavam,
entretanto, a técnica da ourivesaria (trabalhos manuais em ouro), da cerâmica e
da tecelagem.
A história da conquista do império Asteca pelos espanhóis
teve início em fevereiro de 1519, quando Hernan Cortés desembarcou na península
Yucatá. Informado da grande quantidade de ouro existente no território asteca,
Cortés decidiu ataca-lo. Combinando violência e habilidade, prendeu o imperador
asteca, Montezuma, e saqueou a cidade de Tenochtitlán.
Incas – A civilização inca
desenvolveu-se nas regiões que hoje correspondem a parte do Peru, do Equador,
da Bolívia e do norte do Chile, alcançando seu período de maior esplendor por
volta do século XIV. O Império Inca, com capital na cidade de Cuzco, chegou a ter
uma população de 20 milhões de habitantes, governada por um imperador
considerado um deus, o filho do Sol (o Inca). Para governar, o imperador
contava com chefes militares, governadores de províncias, sacerdotes e muitos
funcionários.
A economia dos incas baseava-se no cultivo de milho, batata
e tabaco. Desenvolveram a tecelagem, a cerâmica, a metalurgia do bronze e do
cobre; sabiam trabalhar metais preciosos, como o ouro e a prata, e utilizavam a
lhama como animal de carga. Construíram palácios, templos, estradas
pavimentadas, aquedutos e canais de irrigação. Não desenvolveram um sistema de
escrita, mas sabiam registrar números e acontecimentos por meio dos quipos
(cordões coloridos nos quais se davam nós como forma de registros de
informações.
· Os europeus na visão
dos indígenas
Os indígenas formaram imagens variadas a respeito dos
europeus: inimigos, invasores, deuses, demônios, impostores, loucos, entre
outras. A cada uma dessas imagens ocorreu a reação correspondente. Com Colombo
e Cabral, a reação foi hesitante, mas pacífica e de grande curiosidade. Outras
vezes, foi de submissão, pois pensaram que os europeus fosses deuses, como no
caso de Montezuma. Mas houve também casos de hostilidade e resistência imediata
dos grupos indígenas, como aqueles que os conquistadores foram executados e
consumidos em rituais de antropofagia.
· Fatores que
contribuíram decisivamente para a vitória dos europeus contra os indígenas
Os espanhóis utilizavam armas de fogo, o cavalo e o aço,
que lhes davam ampla vantagem durante as batalhas, mesmo que estivessem em
número inferior aos indígenas.
Além disso, as doenças trazidas pelos espanhóis, contra as
quais os grupos indígenas não possuíam imunidade, dizimaram comunidades
inteiras.
Por fim, os espanhóis souberam utilizar a rivalidade entre
os povos indígenas a seu favor, já que os incas e astecas formaram seus
impérios a partir da dominação sobre outros povos.
· Os objetivos dos
europeus e as consequências para a população indígena
Os espanhóis passaram a utilizar os indígenas como mão de
obra escrava e fundaram missões para catequizá-los. Isso resultou na
desestruturação das formas tradicionais de trabalho, da organização social e
religiosa e da maneira de utilização do tempo dos povos indígenas.
· Os indígenas na visão
dos europeus
De maneiras diversas. Houve um resgate de boa parte do
imaginário europeu com base em mitos antigos, como gigantes, amazonas, acéfalos
etc. Mas houve também discussões e visões de cunho moral e filosófico, em que
uns defendiam uma natureza inferior e bestial dos indígenas, enquanto outros,
numa reflexão mais humanista, passaram a vê-los como selvagens idealizados,
seres humanos em estado puro, natural, que, com sua nudez, inocência e falta de
cobiça, permitiam aos europeus compreender, por comparação, a si mesmos e seu
universo “civilizado”, com todas as suas deformações. Nos dois pontos de vista,
a ideia de civilização (europeia) contrasta com a ausência dela na América. O
civilizado pode, no primeiro caso, utilizar a não civilização em benefício próprio
ou, no segundo caso, tem como obrigação tornar civilizado aquele que não é.
· Transformação na vida
europeia
Os grandes comerciantes e banqueiros europeus obtiveram
lucros expressivos com a conquista e a colonização do continente americano. O
eixo econômico da Europa, antes, concentrado no mar Mediterrâneo, deslocou-se
para os portos do oceano Atlântico, como Lisboa, Sevilha e Cádiz, que mantinham
comércio direto com os territórios conquistados na África e América.
Os países que promoveram a expansão comercial-marítima, nos
séculos XV e XVI, tornaram-se poderosos na Europa. Pelo pioneirismo,
destacaram-se Portugal e Espanha; posteriormente, sobressaíram França,
Inglaterra e Holanda. Disputando novos mercados, onde poderiam obter lucros e
riquezas, os comerciantes desses países entraram num período de grande
concorrência.
Na dinâmica política ocorreu um aumento do poder político e
econômico dos países ibéricos.
Culturalmente houve desenvolvimentos de novas técnicas de
navegação e difusão de conhecimentos adquiridos no contato com os povos
indígenas.
Fonte Bibliográfica:
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume único, 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
COTRIM,
Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 1, 2ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.