Colégio
Estadual Deputado Manoel Mendonça
Prof.: Cássio
Vladimir de Araújo
Série: 2º Ano – Ensino Médio
Disciplina: Geografia -
2014
O SUBDESENVOLVIMENTO
A origem do processo de formação dos
atuais países desenvolvidos e subdesenvolvidos remonta às Grandes Navegações
empreendidas pelos Estados-nações europeus, a partir do século XV. Nessa época,
esses Estados expandiram o comércio, explorando produtos e recursos da América,
da África e da Ásia, e passaram a exercer forte domínio sobre os povos desses
continentes, controlando a extração e a produção neles realizadas.
As terras conquistadas e dominadas (as
colônias) não possuíam autonomia administrativa, e seus recursos e riquezas
eram explorados intensamente em benefício de alguns países, como Portugal,
Espanha, Holanda, França e Inglaterra (as metrópoles). Essa exploração (metais
preciosos, minérios e produtos agrícolas, por exemplo) proporcionou, de fato,
um grande enriquecimento às metrópoles. As poucas exceções a essa forma de colonialismo
foram Austrália, Nova Zelândia, Canadá, e Estados Unidos.
- Características
dos países subdesenvolvidos
O subdesenvolvimento caracteriza-se
principalmente por graves problemas sociais, grande desigualdade entre os
grupos sociais, capacidade limitada de desenvolvimento tecnológico e
dependência financeira em relação ao mundo desenvolvido e às organizações
financeiras internacionais. Além disso, apresentam baixos índices de
desenvolvimento humano e econômico, alguns ainda se inserem na tradicional divisão
internacional do trabalho e continuam, portanto, a ser essencialmente
exportadores de matérias-primas e de alimentos a preços baixos. A
industrialização, em muitos casos agravou a dependência econômica, pois
acentuou a necessidade de acesso a novas tecnologias e fez crescer o
endividamento externo.
- O
subdesenvolvimento e o desenvolvimento
O subdesenvolvimento não pode ser
considerado um estágio para o desenvolvimento. São realidades opostas, porém
inseparáveis, resultantes do processo de mundialização do capitalismo: desde as
Grandes Navegações e descobrimentos, no século XVI, houve grande transferência
de riqueza das colônias para as metrópoles, fruto da exploração colonialista e
imperialista, ou seja, a riqueza concentrou-se nos países que mais tarde seriam
os desenvolvidos.
Assim como gerou desigualdades em cada
país, definindo classes sociais, o capitalismo provocou desigualdades entre as
nações, definindo uma divisão do trabalho em escala mundial: no mundo há países
pobres e ricos. De forma geral pode-se dizer que os países ricos são os
desenvolvidos e os pobres, os subdesenvolvidos. Há ainda no mundo, regiões que
estão numa posição intermediária entre os dois grupos: são os chamados países
emergentes.
- Causas
internas do subdesenvolvimento
A maioria dos países subdesenvolvidos
é governada por ditaduras ou regimes democráticos pouco consolidados, sob o
comando de elites em geral indiferentes ao bem-estar social do restante da
população. Por isso o Estado deixa de cumprir com muitas de suas atribuições
básicas para satisfazer aos interesses da classe social ou do grupo étnico que
detém o poder.
O desvio das funções do Estado, a
relação entre Estado e capital, a impunidade e o desrespeito à cidadania
acabaram gerando outro problema: a corrupção. Embora não seja exclusividade
desses países, este problema está fortemente arraigado na maioria deles e
consome vultuosos recursos, que poderiam ser canalizados para a solução dos
graves problemas sociais que enfrentam.
Outro sério problema que várias nações
enfrentam, sobretudo as africanas, são as guerras civis que as arruínam social
e economicamente.
- Renda
per capita, distribuição de renda e indicadores sociais
A renda per capita é resultante do
Produto Nacional Bruto (PNB) dividido pela população do país. O PNB é a riqueza
produzida em um país, mais as entradas e depois menos as saídas de divisas,
contabilizada em sua moeda corrente e depois convertida em dólar para permitir
a comparação com outros países. Normalmente os países com alta renda per capita
apresentam bons indicadores sociais, uma boa distribuição de renda e figuram
entre os países desenvolvidos. No entanto, os países do Golfo Pérsico
produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos,
possuem rendas per capita entre as mais altas do mundo, mas como a riqueza
desses países se concentra nas mãos de uma pequena minoria, eles não podem ser
considerados desenvolvidos. A maioria dos países com baixa renda per capita
apresenta os piores indicadores sociais.
Índice de Desenvolvimento Humano – é
um indicador composto que mede o desenvolvimento humano. Ele evidencia os
resultados médios das três dimensões básicas do desenvolvimento humano
alcançado no país:
-Vida longa e saudável, medida
pela esperança de vida ao nascer;
-Conhecimento, medido pela taxa
de alfabetização de adultos e pela taxa combinada bruta de matrículas no ensino
fundamental, médio e superior;
-Padrão de vida decente, medido
pelo PIB per capita (em dólares)
Cria-se um índice para cada uma dessas
dimensões. Através do cálculo da média desses três índices descobre-se o IDH.
Quanto mais próximo de 1 se situar essa média, melhor é a qualidade de vida da
população, quanto mais perto de 0, pior.
- Guerras
civis e o subdesenvolvimento
As guerras civis constituem um sério
problema para diversas nações, sobretudo as africanas. Por terem sido
constituídas, de forma geral, sobre os limites traçados pelas potências
imperialistas europeias no Congresso de Berlim (1884-85), as fronteiras dos
Estados africanos não respeitaram os limites étnicos vigentes anteriormente à
sua constituição. O resultado é a ocorrência, ao longo da história, de uma
série de conflitos: hauçás x ibos, na Guerra de Biafra (1967-70), na Nigéria; o
separatismo da etnia tigrínia na Etiópia, resultando no surgimento da Eritréia
(1993), o mais novo país africano; hutus x tutsis, na guerra civil de Ruanda
(1994); a luta entre hemas e lundeses, na República Democrática do Congo, a partir de 1998.
Entretanto, pesquisas recente provam
que, embora as diferenças étnicas influenciem, o principal motivo das guerras
civis é a pobreza. Países ricos quase nunca enfrentam guerras civis, e países
de renda média, raramente. Mas 80% das guerras civis do mundo envolvem os cerca
de 17% mais pobres da humanidade. Os fatores que sinalizam maior tendência de
conflitos são rendas médias baixas, pouco crescimento e muita dependência das
exportações de produtos primários como petróleo ou diamantes.
- A
nova divisão internacional do trabalho
A mais nova divisão internacional do trabalho,
está disposta em quatro posições diferentes no capitalismo
informacional-global:
-Os produtores de alto valor com base
no trabalho informacional;
-Os produtores de grande volume baseado
no trabalho de baixo custo;
-Os produtores de matérias primas que se
baseiam em recursos naturais;
-Os produtores redundantes, limitados
ao trabalho desvalorizado.
A grande diferença da atual divisão
internacional do trabalho em relação às anteriores é que ela não ocorre entre
países, portanto não coincide com seus limites territoriais.
A atual divisão internacional do
trabalho reforça as desigualdades internacionais que já existiam em suas formas
anteriores, gerando uma categoria nova do ponto de vista sócio-espacial: a das
regiões e países excluídos.
Nas formas precedentes da
especialização produtiva mundial havia uma clara relação de exploração entre os
países incluídos nos fluxos internacionais de mercadorias – produtos
industrializados e matérias-primas – e capitais produtivos e especulativos. Na
nova divisão internacional do trabalho, com a globalização, milhões de pessoas
e vastos territórios estão ficando à margem dos fluxos globais porque não são
considerados importantes nem para serem explorados.
Fontes
Bibliográficas
LUCCI,
Elian Alabi, SENE, BRANCO, Anselmo Lázaro, MENDONÇA, Claudio. Território e
Sociedade no mundo globalizado: Geografia, Ensino Médio, volume 3: 1.ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.
MOREIRA, João
Carlos, SENE, Eustáquio de – Geografia : volume único – São Paulo: Scipione,
2005.