ÁFRICA, ÁSIA E
ORIENTE MÉDIO
DESCOLONIZAÇÃO
E INDEPENDÊNCIA
- Condições
históricas para a descolonização da África, Ásia e da Oceania
A luta dos movimentos
expansionistas locais, que havia muito tempo buscavam a independência política
de seus países; a situação econômica das potências europeias no pós-guerra, que
dificultava a manutenção do domínio colonial por meio de forças militares; o
surgimento, na Europa, de uma opinião pública anticolonialista, pois era uma
contradição governos que lutaram contra a opressão nazifascistas manterem
oprimidos os povos colonizados; o interesse dos governantes das duas grandes
potências do pós-guerra, Estados Unidos e União Soviética, que queriam
desenvolver novas formas de influência nas regiões colonizadas; e a atuação da
ONU que, fundamentada no direito de autodeterminação dos povos, tornou-se um
fórum internacional contra o colonialismo. Cabe destacar também a Conferência
Afro-Asiática de Bandung, ocorrida em abril de 1955, na Indonésia, com a
participação de 29 países, para lutar contra a dominação colonialista e o
subdesenvolvimento.
·
Como ocorreu a descolonização
A descolonização da
África, da Ásia e da Oceania ocorreu por meio de ruptura pacífica (alcançada
mediante acordos firmados com a metrópole, que reconhecia formalmente a
emancipação política da colônia, preservando relações econômicas de dominação)
ou violenta (resultante de conflitos envolvendo as forças da metrópole e as
tropas de libertação das colônias, apontando para a construção de uma sociedade
socialista).
- Direito de
autodeterminação política
Na Carta das Nações Unidas – documento
de criação dessa entidade, em 1945 -, destaca-se entre seus objetivos promover
“relações de amizade entre as nações, baseadas no respeito ao princípio da
igualdade de direitos e autodeterminação dos povos”. Assim, a ONU tornou-se um
fórum internacional contra o colonialismo, contribuindo para a disseminação das
propostas defendidas pelo movimento de descolonização.
O direito de
autodeterminação política, é o direito, reconhecido pela ONU, que cada povo tem
de escolher a forma de governo que dirige o seu Estado.
·
A Conferência de Bandung
Foi uma reunião de
representantes de 29 países afro-asiáticos que rejeitavam a divisão mundial nos
blocos socialista e capitalista e defendiam uma política de não alinhamento
automático com as superpotências; condenaram o racismo, a corrida armamentista
e proclamaram o direito de autodeterminação política, reprovando o colonialismo
(domínio direto da metrópole sobre a colônia) e o neocolonialismo (dominação
mascarada, realizada por meio de
práticas econômicas imperialistas), que
representaria um obstáculo à paz e a cooperação mundial. Essa conferência foi
um importante marco na organização dos países do Terceiro Mundo.
INDEPENDÊNCIA NA ÁSIA
- Os
desdobramentos pós-coloniais
De 1943 a 1979, 27 países asiáticos
tornaram-se independentes. Em muitos casos, o processo de independência e seus
desdobramentos ocorreram por meio de grandes conflitos, nos quais não faltou a
intervenção – direta ou indireta – dos governos dos Estados Unidos e da União
Soviética, sempre procurando firmar sua influência política e econômica no
plano mundial.
Alguns processos de emancipação nacional na
Ásia foram marcantes, como o da Índia em relação à Inglaterra. Outras vezes, o
que se destacou dentro da história mundial não foi tanto o processo
emancipatório em si, mas a gravidade de seus desdobramentos, como a guerra que
estourou no Vietnã após sua independência.
- Independência da
Índia (1947)
O governo inglês,
durante a Primeira Guerra Mundial, prometera conceder autonomia administrativa
à Índia, um de suas mais importantes colônias, em troca de auxílio na luta
contra os alemães. Os ingleses não cumpriram a promessa; depois da guerra,
passaram a reprimir todas as tentativas de emancipação conduzidas pelo Partido
do Congresso, liderado por Nehru e por Gandhi. Também havia na Índia outros
grupos de oposição à dominação inglesa, como a Liga Muçulmana, liderada por
Muhammad Ali Jonnah, que pretendia criar um Estado muçulmano independente dos
hindus ligados ao Partido do Congresso. Essa divisão foi manipulada pelos
ingleses para retardar o processo de emancipação indiano, que só se efetivou em
1947, com a divisão do território em dois países: República da Índia, de
maioria hindu, e República do Paquistão. (Oriental e Ocidental), de maioria
muçulmana.
- Indochina
Antes da independência, a Indochina era
dominada pela França. Após a Segunda Guerra Mundial, o território indochinês
foi dividido em Laos, Camboja e Vietnã. O Vietnã, por sua vez, foi subdividido
em República Democrática do Vietnã, com capital em Hanói, liderada por Ho Chi
Minh com apoio do bloco socialista (China e União Soviética), e República do
Vietnã, com capital em Saigon, liderada por Ngô Dinh Diem, apoiado
principalmente pelos Estados Unidos.
- Guerra do Vietnã
Em 1960, foi organizada, no Vietnã do
Sul, a Frente de Libertação Nacional (FLN), de tendência socialista, que se
opunha ao governo ditatorial instalado em Saigon e tinha o apoio dos governos
do Vietnã do Norte e dos países do bloco socialista.
Para sustentar o
governo de Saigon, no entanto, o governo dos Estados Unidos decidiu interviu
militarmente na região, em 1964. Teve início, então, a Guerra do Vietnã,
conflito que envolveu também o Laos e o Camboja e que costuma ser interpretado
por historiadores como um desdobramento da Guerra da Indochina.
- O fim da Guerra
do Vietnã
A Guerra do Vietnã terminou com a derrota
do governo de Saigon, após a retirada das tropas estadunidenses, em 1973, e a
rendição do exército sul-vietnamita, em 1975.Calcula-sed que mais de 50 mil
soldados dos Estados Unidos tenham morrido na guerra, que abalou o orgulho
nacional. Morreram cerca de 200 mil vietnamitas. Os líderes da Frente de
Libertação Nacional assumiram o poder e, com o governo do Vietnã do Norte,
promoveram a unificação do país, instalando um Estado de regime político
autoritário, seguindo o modelo de ditadura stalinista.
INDEPENDÊNCIA NA ÁFRICA
- A descolonização
das colônias britânicas
Nas colônias
britânicas, os movimentos de independência, em geral, caracterizaram-se pela
ruptura pacífica (Gana, Nigéria, Serra Leoa e Gâmbia); no Quênia, porém, houve
conflitos violentos devido à resistência da população branca local, que temia
perder os 25% das terras mais férteis do país que detinha.
·
A descolonização das colônias francesas
Nas colônias
francesas, a descolonização caracterizou-se pela negociação de formas pacíficas
de ruptura em diversas colônias: Camarões, Senegal, Madagascar, Daomé, Costa do
Marfim, Gabão e Mauritânia. Houve luta armada na Argélia, de 1954 a 1961,
quando o presidente francês Charles de Gaulle negociou a paz com a Frente
Nacional de Libertação, que liderava a luta pela independência.
·
A descolonização das colônias belgas
Nas colônias belgas,
a descolonização foi marcada pela violência, devido aos conflitos internos
entre os grupos políticos locais e às disputas internacionais pelas riquezas da
região. Em 1960, sob a liderança de Patrice Lumumba, foi proclamada a
independência do Congo (que depois de muitas lutas dos movimentos separatistas
em algumas províncias passou a ser oficialmente denominado República do Zaire,
em 1965).
·
A descolonização das colônias portuguesas
As áreas de dominação
portuguesa estão entre as últimas regiões da África a conquistar a
independência. O ditador português Salazar, que governou de 1032 a 1968,
afastou o país da onda liberal do pós-guerra, evitando as pressões
anticolonialistas. Só em 1974, com a queda do regime salazarista, abriu-se
caminho para a independência das colônias portuguesas de Guiné-Bissau, Cabo
Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola.
·
O apartheid na África do Sul
O apartheid era o
regime racista da África do Sul, que impunha à maioria da população negra a
segregação. Esse regime foi estabelecido pelo governo representante da minoria
branca de origem europeia (19% da população) e só começou a ser revogado a
partir de junho de 1991, quando o governo foi obrigado a ceder a pressões
antirracistas. O presidente Frederik de Klerk instituiu reformas democráticas,
e em 22 de dezembro de 1993 o Parlamento (dominado por brancos) aprovou o
projeto de Constituição que estabeleceu a plena democracia e pôs fim ao
apartheid. Em 25 de maio de 1994, foram realizadas as primeiras eleições
multirraciais; o líder negro Nelson Mandela foi eleito presidente da África do
Sul, pondo fim ao secular domínio político dos brancos.
·
Conflito árabe-israelense
O conflito
árabe-israelense está vinculado à criação do Estado de Israel na região da
Palestina, onde há muitos séculos viviam populações árabe-palestinas, e à não
criação de um Estado árabe-palestino independente, antiga promessa não cumprida
pela comunidade internacional. Isso originou uma intensa disputa pelo
território da região, que se iniciou desde o final do século XIX, quando muitos
judeus começaram a adquirir terras na região, tendo por objetivo estabelecer um
Estado judeu independente. Essa situação agravou durante a Segunda Guerra,
quando milhares de judeus, fugindo do terror nazista, migraram para a
Palestina. Após a guerra, com a opinião pública mundial abalada diante da morte
de cerca de 6 milhões de judeus pelos nazistas, a ONU aprovou a criação de um
Estado judeu na Palestina, em 29 de novembro de 1947 (proclamada em maio de
1948). Também estabeleceu que seria criado um Estado árabe-palestino na região
– o que nunca chegou a ocorrer. Milhares de judeus, de todas as partes do
mundo, migraram para Israel, provocando o choque com a população árabe que
habitava a região e discordava da criação do Estado judeu. Iniciou-se, então, a
longa série de conflitos, que se prolonga até os dias atuais.
Fonte Bibliográfica:
COTRIM,
Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva,
2013.
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