quinta-feira, 15 de setembro de 2016

ÁFRICA, ÁSIA E ORIENTE MÉDIO - 3° ANO

ÁFRICA, ÁSIA E ORIENTE MÉDIO
DESCOLONIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA
  • Condições históricas para a descolonização da África, Ásia e da Oceania
A luta dos movimentos expansionistas locais, que havia muito tempo buscavam a independência política de seus países; a situação econômica das potências europeias no pós-guerra, que dificultava a manutenção do domínio colonial por meio de forças militares; o surgimento, na Europa, de uma opinião pública anticolonialista, pois era uma contradição governos que lutaram contra a opressão nazifascistas manterem oprimidos os povos colonizados; o interesse dos governantes das duas grandes potências do pós-guerra, Estados Unidos e União Soviética, que queriam desenvolver novas formas de influência nas regiões colonizadas; e a atuação da ONU que, fundamentada no direito de autodeterminação dos povos, tornou-se um fórum internacional contra o colonialismo. Cabe destacar também a Conferência Afro-Asiática de Bandung, ocorrida em abril de 1955, na Indonésia, com a participação de 29 países, para lutar contra a dominação colonialista e o subdesenvolvimento.
·         Como ocorreu a descolonização
A descolonização da África, da Ásia e da Oceania ocorreu por meio de ruptura pacífica (alcançada mediante acordos firmados com a metrópole, que reconhecia formalmente a emancipação política da colônia, preservando relações econômicas de dominação) ou violenta (resultante de conflitos envolvendo as forças da metrópole e as tropas de libertação das colônias, apontando para a construção de uma sociedade socialista).
  • Direito de autodeterminação política
Na Carta das Nações Unidas – documento de criação dessa entidade, em 1945 -, destaca-se entre seus objetivos promover “relações de amizade entre as nações, baseadas no respeito ao princípio da igualdade de direitos e autodeterminação dos povos”. Assim, a ONU tornou-se um fórum internacional contra o colonialismo, contribuindo para a disseminação das propostas defendidas pelo movimento de descolonização.
O direito de autodeterminação política, é o direito, reconhecido pela ONU, que cada povo tem de escolher a forma de governo que dirige o seu Estado.
·         A Conferência de Bandung
Foi uma reunião de representantes de 29 países afro-asiáticos que rejeitavam a divisão mundial nos blocos socialista e capitalista e defendiam uma política de não alinhamento automático com as superpotências; condenaram o racismo, a corrida armamentista e proclamaram o direito de autodeterminação política, reprovando o colonialismo (domínio direto da metrópole sobre a colônia) e o neocolonialismo (dominação mascarada,  realizada por meio de práticas econômicas imperialistas),  que representaria um obstáculo à paz e a cooperação mundial. Essa conferência foi um importante marco na organização dos países do Terceiro Mundo.
INDEPENDÊNCIA NA ÁSIA
  • Os desdobramentos pós-coloniais
De 1943 a 1979, 27 países asiáticos tornaram-se independentes. Em muitos casos, o processo de independência e seus desdobramentos ocorreram por meio de grandes conflitos, nos quais não faltou a intervenção – direta ou indireta – dos governos dos Estados Unidos e da União Soviética, sempre procurando firmar sua influência política e econômica no plano mundial.
 Alguns processos de emancipação nacional na Ásia foram marcantes, como o da Índia em relação à Inglaterra. Outras vezes, o que se destacou dentro da história mundial não foi tanto o processo emancipatório em si, mas a gravidade de seus desdobramentos, como a guerra que estourou no Vietnã após sua independência.
  • Independência da Índia (1947)
O governo inglês, durante a Primeira Guerra Mundial, prometera conceder autonomia administrativa à Índia, um de suas mais importantes colônias, em troca de auxílio na luta contra os alemães. Os ingleses não cumpriram a promessa; depois da guerra, passaram a reprimir todas as tentativas de emancipação conduzidas pelo Partido do Congresso, liderado por Nehru e por Gandhi. Também havia na Índia outros grupos de oposição à dominação inglesa, como a Liga Muçulmana, liderada por Muhammad Ali Jonnah, que pretendia criar um Estado muçulmano independente dos hindus ligados ao Partido do Congresso. Essa divisão foi manipulada pelos ingleses para retardar o processo de emancipação indiano, que só se efetivou em 1947, com a divisão do território em dois países: República da Índia, de maioria hindu, e República do Paquistão. (Oriental e Ocidental), de maioria muçulmana.
  • Indochina
Antes da independência, a Indochina era dominada pela França. Após a Segunda Guerra Mundial, o território indochinês foi dividido em Laos, Camboja e Vietnã. O Vietnã, por sua vez, foi subdividido em República Democrática do Vietnã, com capital em Hanói, liderada por Ho Chi Minh com apoio do bloco socialista (China e União Soviética), e República do Vietnã, com capital em Saigon, liderada por Ngô Dinh Diem, apoiado principalmente pelos Estados Unidos.

  • Guerra do Vietnã
Em 1960, foi organizada, no Vietnã do Sul, a Frente de Libertação Nacional (FLN), de tendência socialista, que se opunha ao governo ditatorial instalado em Saigon e tinha o apoio dos governos do Vietnã do Norte e dos países do bloco socialista.
Para sustentar o governo de Saigon, no entanto, o governo dos Estados Unidos decidiu interviu militarmente na região, em 1964. Teve início, então, a Guerra do Vietnã, conflito que envolveu também o Laos e o Camboja e que costuma ser interpretado por historiadores como um desdobramento da Guerra da Indochina.
  • O fim da Guerra do Vietnã
A Guerra do Vietnã terminou com a derrota do governo de Saigon, após a retirada das tropas estadunidenses, em 1973, e a rendição do exército sul-vietnamita, em 1975.Calcula-sed que mais de 50 mil soldados dos Estados Unidos tenham morrido na guerra, que abalou o orgulho nacional. Morreram cerca de 200 mil vietnamitas. Os líderes da Frente de Libertação Nacional assumiram o poder e, com o governo do Vietnã do Norte, promoveram a unificação do país, instalando um Estado de regime político autoritário, seguindo o modelo de ditadura stalinista.
INDEPENDÊNCIA NA ÁFRICA
  • A descolonização das colônias britânicas
Nas colônias britânicas, os movimentos de independência, em geral, caracterizaram-se pela ruptura pacífica (Gana, Nigéria, Serra Leoa e Gâmbia); no Quênia, porém, houve conflitos violentos devido à resistência da população branca local, que temia perder os 25% das terras mais férteis do país que detinha.
·         A descolonização das colônias francesas
Nas colônias francesas, a descolonização caracterizou-se pela negociação de formas pacíficas de ruptura em diversas colônias: Camarões, Senegal, Madagascar, Daomé, Costa do Marfim, Gabão e Mauritânia. Houve luta armada na Argélia, de 1954 a 1961, quando o presidente francês Charles de Gaulle negociou a paz com a Frente Nacional de Libertação, que liderava a luta pela independência.
·         A descolonização das colônias belgas
Nas colônias belgas, a descolonização foi marcada pela violência, devido aos conflitos internos entre os grupos políticos locais e às disputas internacionais pelas riquezas da região. Em 1960, sob a liderança de Patrice Lumumba, foi proclamada a independência do Congo (que depois de muitas lutas dos movimentos separatistas em algumas províncias passou a ser oficialmente denominado República do Zaire, em 1965).
·         A descolonização das colônias portuguesas
As áreas de dominação portuguesa estão entre as últimas regiões da África a conquistar a independência. O ditador português Salazar, que governou de 1032 a 1968, afastou o país da onda liberal do pós-guerra, evitando as pressões anticolonialistas. Só em 1974, com a queda do regime salazarista, abriu-se caminho para a independência das colônias portuguesas de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola.
·         O apartheid na África do Sul
O apartheid era o regime racista da África do Sul, que impunha à maioria da população negra a segregação. Esse regime foi estabelecido pelo governo representante da minoria branca de origem europeia (19% da população) e só começou a ser revogado a partir de junho de 1991, quando o governo foi obrigado a ceder a pressões antirracistas. O presidente Frederik de Klerk instituiu reformas democráticas, e em 22 de dezembro de 1993 o Parlamento (dominado por brancos) aprovou o projeto de Constituição que estabeleceu a plena democracia e pôs fim ao apartheid. Em 25 de maio de 1994, foram realizadas as primeiras eleições multirraciais; o líder negro Nelson Mandela foi eleito presidente da África do Sul, pondo fim ao secular domínio político dos brancos.
·         Conflito árabe-israelense
O conflito árabe-israelense está vinculado à criação do Estado de Israel na região da Palestina, onde há muitos séculos viviam populações árabe-palestinas, e à não criação de um Estado árabe-palestino independente, antiga promessa não cumprida pela comunidade internacional. Isso originou uma intensa disputa pelo território da região, que se iniciou desde o final do século XIX, quando muitos judeus começaram a adquirir terras na região, tendo por objetivo estabelecer um Estado judeu independente. Essa situação agravou durante a Segunda Guerra, quando milhares de judeus, fugindo do terror nazista, migraram para a Palestina. Após a guerra, com a opinião pública mundial abalada diante da morte de cerca de 6 milhões de judeus pelos nazistas, a ONU aprovou a criação de um Estado judeu na Palestina, em 29 de novembro de 1947 (proclamada em maio de 1948). Também estabeleceu que seria criado um Estado árabe-palestino na região – o que nunca chegou a ocorrer. Milhares de judeus, de todas as partes do mundo, migraram para Israel, provocando o choque com a população árabe que habitava a região e discordava da criação do Estado judeu. Iniciou-se, então, a longa série de conflitos, que se prolonga até os dias atuais.
Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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