quinta-feira, 15 de setembro de 2016

FEUDALISMO, IDADE MÉDIA E POVOS GERMÂNICOS - 1° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    1° Ano 
Disciplina:   História - 2014

FEUDALISMO, IDADE MÉDIA E POVOS GERMÂNICOS

FEUDALISMO

  • Conceito
De acordo com o historiador francês Jacques Le Goff, feudalismo é um sistema de organização econômica, social e política, no qual uma camada de guerreiros especializados – os senhores -, subordinados uns aos outros por uma hierarquia de vínculos de dependência, domina uma massa campesina que trabalha na terra e lhes fornece com que viver.

  • Eventos que contribuíram para a formação do sistema feudal
Diversos eventos históricos, como o declínio do Império Romano do Ocidente, as invasões bárbaras e a formação e posterior desestruturação do Império Carolíngio, culminando com as novas invasões (de magiares, vikings e muçulmanos).

  • Elementos do Feudalismo
Elementos romanos: Colonato – sistema de trabalho servil que se desenvolveu com a crise do Império Romano, quando escravos e plebeus empobrecidos passaram a trabalhar como colonos em terras de um grande senhor. O proprietário oferecia terra e proteção ao colono, recebendo deste um rendimento do seu trabalho. Nesse processo, as cidades perderam importância, ao passo que, no campo, desenvolveram-se vias (unidades econômicas) com produção agropastoril destinada ao consumo interno; Enfraquecimento do poder centralizado - no final do período imperial, a administração romana não tinha condições de impor sua autoridade a todas as regiões. Esse enfraquecimento do poder central conduziu à ampliação do poder local dos grandes proprietários de terra.
Elementos germânicos: Economia agropastoril – a base da economia germânica era a agricultura e a criação de animais, sem preocupação de produzir excedentes para a comercialização; Comitatus – instituição que estabelecia laços de fidelidade entre o chefe militar e seus guerreiros; Beneficium – instituição pela qual os chefes militares carolíngios concediam a seus guerreiros, como recompensa, a posse de terras. Essas terras foram chamadas mais tarde de feudos (bem oferecido em troca de algo). Em troca, o beneficiado oferecia fidelidade, seu trabalho e ajuda militar ao senhor.
Em concordância com o conceito do historiador francês Jacques Le Goff, o comitatus e beneficium contribuíram para o fortalecimento de uma classe guerreira – os senhores – que, com a força das armas, era capaz de submeter a maior parte da população, composta por colonos, cuja produção – ou pelo menos parte dela – era destinada ao sustento da classe guerreira.

  • O enfraquecimento do poder real (ou central) em prol do fortalecimento do poder local.
No feudalismo, o poder político era controlado predominantemente pelos senhores feudais, que governavam seus domínios exercendo autoridade administrativa, judicial e militar.

  • As relações de poder na Idade Média
Existiam vínculos pessoais de obediência e proteção entre os mais poderosos e os mais fracos. Um exemplo explicativo são os laços de fidelidade, proteção e serviço entre o suserano e seus vassalos, estabelecidos entre os membros da nobreza a partir da concessão de feudos. Enquanto o senhor (ou suserano) concedia o feudo a outro nobre, este, denominado vassalo, lhe devia fidelidade e prestação de serviços (principalmente militares).

  • A sociedade feudal
No feudalismo, os servos tinham a missão de produzir todo o sustento e a manutenção das três ordens em que a sociedade feudal se dividia: os nobres (bellatore), que praticavam as guerras; o clero (oratore), que cuidava principalmente dos interesses da Igreja; e os servos (laboratore), que eram os que realizavam a maior parte do trabalho.

  • As obrigações dos servos
As principais obrigações dos servos eram: a prestação de serviços (trabalho na agricultura, criação de animais, construção de casas e outros edifícios e benfeitorias) e o cumprimento de uma série de obrigações, como a corveia (trabalho gratuito, alguns dias da semana, nas reservas senhoriais), a talha (entrega de parte da produção agrícola ou pastoril ao senhor feudal) e a banalidade (pagamento de taxas ao senhor pelo uso de equipamentos e instalações do senhorio).

IDADE MÉDIA

  • A Idade das Trevas
De acordo com historiadores, foi Cellarius (1638-1707) quem consagrou a divisão da história ocidental em Antiga, Medieval e Moderna. A Idade Média foi associada a um período de retrocesso, imobilismo e intolerância. Atualmente, ainda encontramos considerável parcela de pessoas que associam o termo medieval “a Idade das Trevas”, pois teria sido um período de pouca produção no conhecimento. Essas ideias e esses valores não correspondem à realidade demonstrada nas pesquisas dos historiadores, que descortinam uma incrível variedade de produções culturais (artísticas, científica, tecnológica) e de transformações políticas e econômicas no período medieval.

  • As fases do processo de penetração dos povos germânicos
Migrações – nesta fase (séculos II e III) corresponde ao período em que populações germânicas deslocaram-se em grande escala para os domínios do Império Romano, de forma pacífica.
Invasões – nesta fase (séculos IV e V), os germanos penetraram no Império romano de forma violenta.

OS POVOS GERMÂNICOS

  • Características dos povos germânicos
Os povos germânicos dividiam-se em vários grupos com culturas muito diferentes, mas possuíam algumas características gerais comuns: eram politeístas, cultuando divindades associadas a elementos da natureza (raio, trovão, vento, Sol, etc.); eram costumeiros, isto é,  seguiam costumes, não existindo leis escritas; sua organização sociopolítica era baseada na família  e patriarcal, havendo grupos formados por nobres, homens livres, ex-escravos e escravos; cem famílias em uma região formavam uma aldeia, na qual as decisões eram tomadas em assembleias de homens livres, e os líderes guerreiros acabavam tornando-se reis hereditários; antes nômades, ao invadir o Império Romano já haviam se tornado sedentários, desenvolvendo uma economia baseada nas trocas comerciais entre as aldeias.

  • A germanização do Império Romano
Com a presença cada vez maior dos povos bárbaros, o exército e boa parte da mão de obra utilizada dentro do Império, tornou-se menos romana e mais bárbara, daí a ideia de que o Império foi  se germanizando.

  • As modificações na Europa provocadas pelos povos germânicos
Houve uma ruralização da região, com as cidades perdendo sua importância. A religião cristã se manteve, pois boa parte dos germanos adotou a religião cristã. O latim foi preservado, principalmente na linguagem escrita, junto com as línguas germânicas, que continuaram sendo faladas, e esse contato deu origem às principais línguas europeias. A economia manteve as práticas romanas. Na organização política, o processo de centralização das tribos germânicas acentuou-se, e, por volta do século VI,  diversos reinos haviam sido organizados nos territórios ocupados, embora a maioria com vida curta.

Os francos

  • As dinastias do Reino Franco
O Reino Franco foi governado por duas dinastias: a merovíngia (do século V ao século VIII) e a carolíngia (entre os séculos VIII e IX). Os merovíngios chegaram ao poder com a unificação das diversas tribos dos francos, tendo se consolidado com Clóvis (que reinou entre 485 e 511), considerando um dos unificadores dos francos. A dinastia carolíngia impôs-se após a crise da dinastia merovíngia, em função da qual o trono passou a seu ocupado pelo prefeito do palácio (um alto funcionário da corte). Carlos Martel, prefeito de palácio de 714 a 741, conquistou muito poder e prestígio ao comandar o exército cristão que deteve o avanço dos muçulmanos sobre a Europa. Em 751, Pepino, o Breve (filho e sucessor de Carlos Martel) destronou o último rei merovíngio e fundou a nova dinastia.

  • A formação do Império Carolíngio
O Império Carolíngio formou-se a partir da atuação de Carlos Magno, que governou de 768 a 814. Sob seu comando, os francos submeteram diversos povos germânicos e conquistaram um vasto território. O império formado por suas conquistas foi reconhecido como Novo Império Romano do Ocidente, tendo ele como imperador.

  • A relação entre a Igreja e o Reino Franco
A relação foi de estreita ligação e cooperação. Clóvis converteu-se ao cristianismo, iniciando um processo de ligação firmado com Pepino – que foi reconhecido como rei dos francos pelo papa e, em troca, lutou contra os lombardos, povo germânico que ameaçava o poder da Igreja Católica. Essa ligação teve seu ponto alto no ano 800, quando o rei dos francos, Carlos Magno, recebeu do papa Leão III o título de imperador do Novo Império Romano do Ocidente.

  • O objetivo da coroação de Carlos Magno
A intenção era reviver a antiga unidade do mundo ocidental, sob o comando de um imperador cristão. Para a Igreja Católica, especificamente, interessava obter a proteção de um soberano poderoso e cristão que possibilitasse a expansão do cristianismo.

O Império Carolíngio

  • O papel dos nobres e dos funcionários na administração
Os nobres (condes e marqueses) eram responsáveis por defender o território, cobrar impostos e realizar a manutenção de estradas e pontes. Os missi dominici controlavam as atividades dos nobres.

  • Beneficium
Beneficium era a prática adotada pelo imperador de recompensar os súditos, geralmente soldados, com terras, mas em troca estes lhe deviam fidelidade e prestação de serviços. Assim, surgiram diversos nobres, como os condes, que administravam um território (o condado), e os marqueses, que faziam o mesmo em territórios situados na fronteira do império (as marcas).

  • O Renascimento Carolíngio
Renascimento Carolíngio é a expressão utilizada pelos historiadores para designar o estímulo que Carlos Magno, assessorado por intelectuais, deu às atividades e às instituições intelectuais e artísticas. Esse impulso abrangeu as letras, as artes e a educação, e teve seu maior vigor em meados do século IX.

  • O enfraquecimento do Império Carolíngio
Com a morte de Luís I (filho de Carlos Magno), em 840, seus três filhos (Carlos, Luís e Lotário) passaram a disputar o poder, travando um desgastante conflito interno. Pelo Tratado de Verdun, assinado em 843, eles estabeleceram a paz, dividindo entre si o território carolíngio.
A divisão do poder real entre os filhos de Luís I foi acompanhada de crescente independência e autonomia dos administradores locais.

  • Novas invasões no território europeu
As invasões ocorridas nos séculos IX e X criaram um clima de muita insegurança, dque levou os europeus ocidentais a procurar refúgio no campo. Isso provocou um enfraquecimento do poder central dos antigos reinos germânicos, e, ao mesmo tempo, fortaleceu o poder local. O comércio também foi dificultado pela insegurança geral.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 1, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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