Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 1°
Ano
Disciplina: História - 2014
FEUDALISMO, IDADE MÉDIA
E POVOS GERMÂNICOS
FEUDALISMO
- Conceito
De acordo com o historiador francês Jacques Le Goff,
feudalismo é um sistema de organização econômica, social e política, no qual
uma camada de guerreiros especializados – os senhores -, subordinados uns aos
outros por uma hierarquia de vínculos de dependência, domina uma massa
campesina que trabalha na terra e lhes fornece com que viver.
- Eventos que contribuíram para a formação
do sistema feudal
Diversos eventos históricos, como o declínio do Império
Romano do Ocidente, as invasões bárbaras e a formação e posterior
desestruturação do Império Carolíngio, culminando com as novas invasões (de
magiares, vikings e muçulmanos).
- Elementos do Feudalismo
Elementos romanos: Colonato – sistema de trabalho
servil que se desenvolveu com a crise do Império Romano, quando escravos e
plebeus empobrecidos passaram a trabalhar como colonos em terras de um grande
senhor. O proprietário oferecia terra e proteção ao colono, recebendo deste um
rendimento do seu trabalho. Nesse processo, as cidades perderam importância, ao
passo que, no campo, desenvolveram-se vias (unidades econômicas) com produção agropastoril
destinada ao consumo interno; Enfraquecimento do poder centralizado - no
final do período imperial, a administração romana não tinha condições de impor
sua autoridade a todas as regiões. Esse enfraquecimento do poder central
conduziu à ampliação do poder local dos grandes proprietários de terra.
Elementos germânicos: Economia agropastoril – a base
da economia germânica era a agricultura e a criação de animais, sem preocupação
de produzir excedentes para a comercialização; Comitatus – instituição que
estabelecia laços de fidelidade entre o chefe militar e seus guerreiros; Beneficium
– instituição pela qual os chefes militares carolíngios concediam a seus
guerreiros, como recompensa, a posse de terras. Essas terras foram chamadas mais
tarde de feudos (bem oferecido em troca de algo). Em troca, o beneficiado
oferecia fidelidade, seu trabalho e ajuda militar ao senhor.
Em concordância com o conceito do historiador francês
Jacques Le Goff, o comitatus e beneficium contribuíram para o fortalecimento de
uma classe guerreira – os senhores – que, com a força das armas, era capaz de
submeter a maior parte da população, composta por colonos, cuja produção – ou
pelo menos parte dela – era destinada ao sustento da classe guerreira.
- O enfraquecimento do poder real (ou
central) em prol do fortalecimento do poder local.
No feudalismo, o poder político era controlado
predominantemente pelos senhores feudais, que governavam seus domínios
exercendo autoridade administrativa, judicial e militar.
- As relações de poder na Idade Média
Existiam vínculos pessoais de obediência e proteção entre
os mais poderosos e os mais fracos. Um exemplo explicativo são os laços de
fidelidade, proteção e serviço entre o suserano e seus vassalos, estabelecidos
entre os membros da nobreza a partir da concessão de feudos. Enquanto o senhor
(ou suserano) concedia o feudo a outro nobre, este, denominado vassalo, lhe
devia fidelidade e prestação de serviços (principalmente militares).
- A sociedade feudal
No feudalismo, os servos tinham a missão de produzir todo o
sustento e a manutenção das três ordens em que a sociedade feudal se dividia:
os nobres (bellatore), que praticavam as guerras; o clero
(oratore), que cuidava principalmente dos interesses da Igreja; e os servos
(laboratore), que eram os que realizavam a maior parte do trabalho.
- As obrigações dos servos
As principais obrigações dos servos eram: a prestação de
serviços (trabalho na agricultura, criação de animais, construção de casas
e outros edifícios e benfeitorias) e o cumprimento de uma série de
obrigações, como a corveia (trabalho gratuito, alguns dias da
semana, nas reservas senhoriais), a talha (entrega de parte da produção
agrícola ou pastoril ao senhor feudal) e a banalidade (pagamento de
taxas ao senhor pelo uso de equipamentos e instalações do senhorio).
IDADE MÉDIA
- A Idade das Trevas
De acordo com historiadores, foi Cellarius (1638-1707) quem
consagrou a divisão da história ocidental em Antiga, Medieval e Moderna. A
Idade Média foi associada a um período de retrocesso, imobilismo e
intolerância. Atualmente, ainda encontramos considerável parcela de pessoas que
associam o termo medieval “a Idade das Trevas”, pois teria sido um período de
pouca produção no conhecimento. Essas ideias e esses valores não correspondem à
realidade demonstrada nas pesquisas dos historiadores, que descortinam uma
incrível variedade de produções culturais (artísticas, científica, tecnológica)
e de transformações políticas e econômicas no período medieval.
- As fases do processo de penetração dos
povos germânicos
Migrações – nesta fase (séculos
II e III) corresponde ao período em que populações germânicas deslocaram-se em
grande escala para os domínios do Império Romano, de forma pacífica.
Invasões – nesta fase (séculos
IV e V), os germanos penetraram no Império romano de forma violenta.
OS POVOS GERMÂNICOS
- Características dos povos germânicos
Os povos germânicos dividiam-se em vários grupos com
culturas muito diferentes, mas possuíam algumas características gerais comuns: eram
politeístas, cultuando divindades associadas a elementos da natureza (raio,
trovão, vento, Sol, etc.); eram costumeiros, isto é, seguiam costumes, não existindo leis
escritas; sua organização sociopolítica era baseada na família e patriarcal, havendo grupos formados por
nobres, homens livres, ex-escravos e escravos; cem famílias em uma região
formavam uma aldeia, na qual as decisões eram tomadas em assembleias de homens
livres, e os líderes guerreiros acabavam tornando-se reis hereditários; antes
nômades, ao invadir o Império Romano já haviam se tornado sedentários,
desenvolvendo uma economia baseada nas trocas comerciais entre as aldeias.
- A germanização do Império Romano
Com a presença cada vez maior dos povos bárbaros, o
exército e boa parte da mão de obra utilizada dentro do Império, tornou-se
menos romana e mais bárbara, daí a ideia de que o Império foi se germanizando.
- As modificações na Europa provocadas pelos
povos germânicos
Houve uma ruralização da região, com as cidades perdendo
sua importância. A religião cristã se manteve, pois boa parte dos germanos
adotou a religião cristã. O latim foi preservado, principalmente na linguagem
escrita, junto com as línguas germânicas, que continuaram sendo faladas, e esse
contato deu origem às principais línguas europeias. A economia manteve as
práticas romanas. Na organização política, o processo de centralização das
tribos germânicas acentuou-se, e, por volta do século VI, diversos reinos haviam sido organizados nos
territórios ocupados, embora a maioria com vida curta.
Os francos
- As dinastias do Reino Franco
O Reino Franco foi governado por duas dinastias: a merovíngia
(do século V ao século VIII) e a carolíngia (entre os séculos VIII e
IX). Os merovíngios chegaram ao poder com a unificação das diversas tribos dos
francos, tendo se consolidado com Clóvis (que reinou entre 485 e 511),
considerando um dos unificadores dos francos. A dinastia carolíngia impôs-se
após a crise da dinastia merovíngia, em função da qual o trono passou a seu
ocupado pelo prefeito do palácio (um alto funcionário da corte). Carlos Martel,
prefeito de palácio de 714 a 741, conquistou muito poder e prestígio ao
comandar o exército cristão que deteve o avanço dos muçulmanos sobre a Europa.
Em 751, Pepino, o Breve (filho e sucessor de Carlos Martel) destronou o último
rei merovíngio e fundou a nova dinastia.
- A formação do Império Carolíngio
O Império Carolíngio formou-se a partir da atuação de
Carlos Magno, que governou de 768 a 814. Sob seu comando, os francos submeteram
diversos povos germânicos e conquistaram um vasto território. O império formado
por suas conquistas foi reconhecido como Novo Império Romano do Ocidente, tendo
ele como imperador.
- A relação entre a Igreja e o Reino Franco
A relação foi de estreita ligação e cooperação. Clóvis
converteu-se ao cristianismo, iniciando um processo de ligação firmado com
Pepino – que foi reconhecido como rei dos francos pelo papa e, em troca, lutou
contra os lombardos, povo germânico que ameaçava o poder da Igreja Católica.
Essa ligação teve seu ponto alto no ano 800, quando o rei dos francos, Carlos
Magno, recebeu do papa Leão III o título de imperador do Novo Império Romano do
Ocidente.
- O objetivo da coroação de Carlos Magno
A intenção era reviver a antiga unidade do mundo ocidental,
sob o comando de um imperador cristão. Para a Igreja Católica, especificamente,
interessava obter a proteção de um soberano poderoso e cristão que
possibilitasse a expansão do cristianismo.
O Império Carolíngio
- O papel dos nobres e dos funcionários na
administração
Os nobres (condes e marqueses) eram responsáveis por
defender o território, cobrar impostos e realizar a manutenção de estradas e
pontes. Os missi dominici controlavam as atividades dos nobres.
- Beneficium
Beneficium era a prática adotada pelo imperador de
recompensar os súditos, geralmente soldados, com terras, mas em troca estes lhe
deviam fidelidade e prestação de serviços. Assim, surgiram diversos nobres,
como os condes, que administravam um território (o condado), e os marqueses,
que faziam o mesmo em territórios situados na fronteira do império (as marcas).
- O Renascimento Carolíngio
Renascimento Carolíngio é a expressão utilizada pelos
historiadores para designar o estímulo que Carlos Magno, assessorado por
intelectuais, deu às atividades e às instituições intelectuais e artísticas.
Esse impulso abrangeu as letras, as artes e a educação, e teve seu maior vigor
em meados do século IX.
- O enfraquecimento do Império Carolíngio
Com a morte de Luís I (filho de Carlos Magno), em 840, seus
três filhos (Carlos, Luís e Lotário) passaram a disputar o poder, travando um
desgastante conflito interno. Pelo Tratado de Verdun, assinado em 843, eles
estabeleceram a paz, dividindo entre si o território carolíngio.
A divisão do poder real entre os filhos de Luís I foi
acompanhada de crescente independência e autonomia dos administradores locais.
- Novas invasões no território europeu
As invasões ocorridas nos séculos IX e X criaram um clima
de muita insegurança, dque levou os europeus ocidentais a procurar refúgio no
campo. Isso provocou um enfraquecimento do poder central dos antigos reinos
germânicos, e, ao mesmo tempo, fortaleceu o poder local. O comércio também foi
dificultado pela insegurança geral.
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 1, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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