Colégio
Estadual Deputado Manoel Mendonça
Prof.: Cássio
Vladimir de Araújo
Série: 3º Ano – Ensino Médio - Noturno
Disciplina: Geografia -
2014
A POPULAÇÃO BRASILEIRA
- A
origem do povo brasileiro
Segundo o antropólogo Darcy Ribeiro
(1922-1997), com a chegada dos europeus na América, passaram a existir três
categorias de povos no continente: os povos-testemunho, astecas, maias,
incas e diversas etnias de indígenas que aqui estavam desde o período
pré-colombiano; os povos transplantados, imigrantes que, uma vez
instalados, mantiveram os costumes dos países de origem (é o caso dos
imigrantes que construíram algumas colônias no Sul do Brasil e dos que se
fixaram na Argentina e no Uruguai) e os povos novos (o brasileiro, por
exemplo), que se formaram pela influência cultural e miscigenação de várias
etnias.
É importante observar que os indígenas
foram os primeiros agentes de estruturação da nossa sociedade. Antes da
colonização, segunda estimativa, a população indígena era de dois a cinco
milhões. Em 2002, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a
população indígena do Brasil era de aproximadamente 345.000 indivíduos vivendo
nas aldeias, 0,2% da população brasileira.
- Composição
da população brasileira
Segundo dados de 2002, quanto à
composição da população brasileira, 53,3% são brancos e 5,6%, negros. Esses
percentuais vêm diminuindo rapidamente, enquanto o número de pardos (40,5%) vem
aumentando. Esses índices demonstram que nesse período, assim como ao longo de
toda a história do Brasil, houve uma intensa miscigenação, já que o os
grupos originais foram o indígena nativo, o negro africano e o branco europeu.
- Os
fluxos migratórios no Brasil
Segundo dados do IBGE, em 2001
aproximadamente 41% dos habitantes do país não eram naturais do município de
residência, e cerca de 16% deles não eram procedentes da unidade da federação
em que moravam. Esses números mostram que predominam movimentos migratórios
dentro do estado de origem. Há um crescimento dos fluxos urbano-urbano e
intrametropolitano, ou seja, aumenta o número de pessoas que migram de uma
cidade para outra no mesmo estado ou numa determinada região metropolitana em
busca de melhores condições de vida.
Outro ponto revelado pelos dados sobre
os movimentos migratórios atuais é o dos fluxos de retorno, principalmente para
o Nordeste: entre 1995 e 2000, 48,3% das saídas do Sudeste se dirigiram ao
Nordeste.
Apesar desse retorno de migrantes, os estados que apresentam maior emigração
continuam sendo os nordestinos: Paraíba, Piauí, Bahia e Pernambuco.
Analisando a história brasileira,
percebemos que os movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos
desde o tempo da colonização.
Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste e se iniciou o do ouro em
Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas e um intenso processo de
urbanização no novo centro econômico do país. Mais tarde, com o ciclo do café e
com o processo de industrialização, o eixo Rio-São Paulo se tornou o grande polo
de atração de migrantes, que saíam de sua região de origem em busca de emprego
ou de melhores salários. Somente a partir da década de 1970, com o processo
de desconcentração da atividade industrial e a criação de políticas públicas de
incentivo à ocupação das regiões Norte e Centro-oeste, a migração em direção ao
Sudeste começou a apresentar significativa queda.
- Êxodo
rural e migração pendular
Estima-se que entre 1950 e 2000, 50
milhões de pessoas migraram do campo para as cidades, fenômeno conhecido como
êxodo rural.
Na maioria dos casos esses migrantes se deslocaram para as cidades em
condições muito precárias, consequência de uma política agrária que modernizou
o trabalho do campo e concentrou a posse da terra. Esse processo ocorreu
associado a uma industrialização que permanecia concentrada nas principais
regiões metropolitanas, que, por isso, tornavam-se áreas atrativas.
Como as cidades receptoras desse
enorme contingente populacional não obtiveram investimentos públicos
suficientes em obras de infra-estrutura urbana, passaram a crescer desmesuradamente,
com acelerada construção de submoradias e surgimento de loteamentos em suas
periferias, sobretudo ao redor de bairros industriais. Esse processo reduziu
os vazios demográficos que existiam entre uma cidade e outra e levou à formação
de regiões metropolitanas, conjuntos de cidades com forte integração
socioeconômica, nas quais ocorre deslocamento diário da população entre os
municípios, movimento conhecido como migração pendular.
- Emigração
A partir da década de 1980 o Brasil
começou a se tornar um país com fluxo imigratório negativo. Muitos brasileiros têm se transferido
para os Estados Unidos, Japão e Europa (Portugal, Itália e Alemanha), em busca
de melhores condições de vida. Já que os salários pagos no Brasil são muito
baixos se comparados aos desses países, e os índices de desemprego e subemprego
são elevados. Há também um grande número de brasileiros no Paraguai, devido
ao valor das terras, mais baratas e uma carga tributária menor.
- Crescimento
vegetativo e transição demográfica
O crescimento vegetativo, ou natural,
corresponde à diferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade. No Brasil, embora essas duas taxas
tenham declinado no período 1950-60, foi somente a partir da década de 1960 que
o crescimento vegetativo passou a diminuir. Para que ele diminua, a queda da
natalidade tem de ser mais acentuada que a de mortalidade.
No Brasil, a partir da década de 1960,
com a urbanização acelerada, a taxa de natalidade passou a cair de forma mais
acentuada que a de mortalidade.
Consequentemente, o crescimento vegetativo
começou a diminuir. A taxa de mortalidade brasileira já atingiu um patamar
próximo a 6%, tendendo a se estabilizar por algumas décadas e, posteriormente,
crescer, chegando a 8%, ou 9%, por causa do aumento percentual de idosos na população.
O Brasil, portanto, está passando por
uma transição demográfica que se acelerou bastante a partir da década de
1970. Vem se reduzindo a participação da população jovem e aumentando a de
idosos no conjunto total da população, o que é fruto da redução nas taxas
de natalidade e aumento da expectativa de vida.
- A
distribuição de renda no Brasil
O Brasil apresenta um dos piores
índices de distribuição de renda do mundo. De acordo com os dados do IBGE, até
1989 a participação dos pobres na renda nacional diminuiu e a dos ricos
aumentou. Esse mecanismo de resultados perversos para a maioria da população
foi estruturado principalmente no processo inflacionário de preços. Os
reajustes nunca foram totalmente repassados aos salários. Além disso, no
sistema tributário brasileiro a carga de
impostos indiretos (ICMS, IPI e ISS), que não distinguem faixas de renda, chega
a 50% da arrecadação e os impostos diretos (Imposto de renda, IPTU, IPVA), que
possuem alíquotas progressivas, diferenciadas segunda a renda, ou são incluídos
no preço das mercadorias, portanto pagos indiretamente pelos consumidores, ou
são sonegados. Em 1994, com a implantação do Plano Real e o controle da
inflação, houve uma melhora na distribuição de renda nacional, com ganhos
expressivos para a população de baixa renda.
Quanto à composição da PEA (população
economicamente ativa), por gênero, nota-se uma certa desproporção em 2001: 42%
dos trabalhadores eram do sexo feminino, enquanto nos países desenvolvidos há
uma participação igualitária, de 50%. A inserção da mão-de-obra feminina no
Brasil, está ligada fundamentalmente à perda do poder aquisitivo dos salários e
à consequente necessidade de que a mulher trabalhe para complementar a renda
familiar. Essa situação permite que parte dos empresários prefira a
mão-de-obra feminina. As mulheres, por necessidade de trabalho, sujeitam-se
a salários menores que os dos homens, mesmo quando exercem função idêntica e na
mesma empresa.
- O
IDH no Brasil
Segundo o Relatório de Desenvolvimento
Humano 2003 (RDH-2003), da ONU, o Brasil foi o país que mais avançou posições
na listagem do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) durante o período de 1975
a 2001, passando da 81ª posição para a 65ª. Nas décadas de 1970 e 1980, o país avançou dez posições,
e entre 2000 e 2001, outras quatro.
Das três variáveis consideradas no
cálculo do IDH (longevidade, educação e renda), a que apresentou a maior
contribuição para a melhora do índice brasileiro foi o avanço na educação. Em contrapartida, a renda foi a
variável que menos contribuiu. No item longevidade, que permite avaliar as
condições gerais de saúde da população, os avanços também foram significativos.
Entre 1975 e 2001, a expectativa de vida aumentou de 59,5 para 67,8, anos, mas,
apesar desse aumento, o Brasil ainda ocupa a 110ª posição num total de 175
países classificados por esse indicador.
Fonte Bibliográfica
LUCCI, Elian Alabi, SENE, BRANCO,
Anselmo Lázaro, MENDONÇA, Claudio. Território e Sociedade no mundo globalizado:
Geografia, Ensino Médio, volume 3: 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
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