domingo, 25 de maio de 2014

A POPULAÇÃO BRASILEIRA

Colégio Estadual Deputado Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:     3º Ano – Ensino Médio   -   Noturno
Disciplina: Geografia - 2014

A POPULAÇÃO BRASILEIRA
  • A origem do povo brasileiro
Segundo o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), com a chegada dos europeus na América, passaram a existir três categorias de povos no continente: os povos-testemunho, astecas, maias, incas e diversas etnias de indígenas que aqui estavam desde o período pré-colombiano; os povos transplantados, imigrantes que, uma vez instalados, mantiveram os costumes dos países de origem (é o caso dos imigrantes que construíram algumas colônias no Sul do Brasil e dos que se fixaram na Argentina e no Uruguai) e os povos novos (o brasileiro, por exemplo), que se formaram pela influência cultural e miscigenação de várias etnias.
É importante observar que os indígenas foram os primeiros agentes de estruturação da nossa sociedade. Antes da colonização, segunda estimativa, a população indígena era de dois a cinco milhões. Em 2002, de acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a população indígena do Brasil era de aproximadamente 345.000 indivíduos vivendo nas aldeias, 0,2% da população brasileira.

  • Composição da população brasileira
Segundo dados de 2002, quanto à composição da população brasileira, 53,3% são brancos e 5,6%, negros. Esses percentuais vêm diminuindo rapidamente, enquanto o número de pardos (40,5%) vem aumentando. Esses índices demonstram que nesse período, assim como ao longo de toda a história do Brasil, houve uma intensa miscigenação, já que o os grupos originais foram o indígena nativo, o negro africano e o branco europeu.



  • Os fluxos migratórios no Brasil
Segundo dados do IBGE, em 2001 aproximadamente 41% dos habitantes do país não eram naturais do município de residência, e cerca de 16% deles não eram procedentes da unidade da federação em que moravam. Esses números mostram que predominam movimentos migratórios dentro do estado de origem. Há um crescimento dos fluxos urbano-urbano e intrametropolitano, ou seja, aumenta o número de pessoas que migram de uma cidade para outra no mesmo estado ou numa determinada região metropolitana em busca de melhores condições de vida.
Outro ponto revelado pelos dados sobre os movimentos migratórios atuais é o dos fluxos de retorno, principalmente para o Nordeste: entre 1995 e 2000, 48,3% das saídas do Sudeste se dirigiram ao Nordeste. Apesar desse retorno de migrantes, os estados que apresentam maior emigração continuam sendo os nordestinos: Paraíba, Piauí, Bahia e Pernambuco.
Analisando a história brasileira, percebemos que os movimentos migratórios estão associados a fatores econômicos desde o tempo da colonização. Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar no Nordeste e se iniciou o do ouro em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas e um intenso processo de urbanização no novo centro econômico do país. Mais tarde, com o ciclo do café e com o processo de industrialização, o eixo Rio-São Paulo se tornou o grande polo de atração de migrantes, que saíam de sua região de origem em busca de emprego ou de melhores salários. Somente a partir da década de 1970, com o processo de desconcentração da atividade industrial e a criação de políticas públicas de incentivo à ocupação das regiões Norte e Centro-oeste, a migração em direção ao Sudeste começou a apresentar significativa queda.


  • Êxodo rural e migração pendular
Estima-se que entre 1950 e 2000, 50 milhões de pessoas migraram do campo para as cidades, fenômeno conhecido como êxodo rural. Na maioria dos casos esses migrantes se deslocaram para as cidades em condições muito precárias, consequência de uma política agrária que modernizou o trabalho do campo e concentrou a posse da terra. Esse processo ocorreu associado a uma industrialização que permanecia concentrada nas principais regiões metropolitanas, que, por isso, tornavam-se áreas atrativas.


Como as cidades receptoras desse enorme contingente populacional não obtiveram investimentos públicos suficientes em obras de infra-estrutura urbana, passaram a crescer desmesuradamente, com acelerada construção de submoradias e surgimento de loteamentos em suas periferias, sobretudo ao redor de bairros industriais. Esse processo reduziu os vazios demográficos que existiam entre uma cidade e outra e levou à formação de regiões metropolitanas, conjuntos de cidades com forte integração socioeconômica, nas quais ocorre deslocamento diário da população entre os municípios, movimento conhecido como migração pendular.


  • Emigração
A partir da década de 1980 o Brasil começou a se tornar um país com fluxo imigratório negativo. Muitos brasileiros têm se transferido para os Estados Unidos, Japão e Europa (Portugal, Itália e Alemanha), em busca de melhores condições de vida. Já que os salários pagos no Brasil são muito baixos se comparados aos desses países, e os índices de desemprego e subemprego são elevados. Há também um grande número de brasileiros no Paraguai, devido ao valor das terras, mais baratas e uma carga tributária menor.



  • Crescimento vegetativo e transição demográfica
O crescimento vegetativo, ou natural, corresponde à diferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade. No Brasil, embora essas duas taxas tenham declinado no período 1950-60, foi somente a partir da década de 1960 que o crescimento vegetativo passou a diminuir. Para que ele diminua, a queda da natalidade tem de ser mais acentuada que a de mortalidade.
No Brasil, a partir da década de 1960, com a urbanização acelerada, a taxa de natalidade passou a cair de forma mais acentuada que a de mortalidade.


Consequentemente, o crescimento vegetativo começou a diminuir. A taxa de mortalidade brasileira já atingiu um patamar próximo a 6%, tendendo a se estabilizar por algumas décadas e, posteriormente, crescer, chegando a 8%, ou 9%, por causa do aumento percentual de idosos na população.


O Brasil, portanto, está passando por uma transição demográfica que se acelerou bastante a partir da década de 1970. Vem se reduzindo a participação da população jovem e aumentando a de idosos no conjunto total da população, o que é fruto da redução nas taxas de natalidade e aumento da expectativa de vida.



  • A distribuição de renda no Brasil
O Brasil apresenta um dos piores índices de distribuição de renda do mundo. De acordo com os dados do IBGE, até 1989 a participação dos pobres na renda nacional diminuiu e a dos ricos aumentou. Esse mecanismo de resultados perversos para a maioria da população foi estruturado principalmente no processo inflacionário de preços. Os reajustes nunca foram totalmente repassados aos salários. Além disso, no sistema tributário  brasileiro a carga de impostos indiretos (ICMS, IPI e ISS), que não distinguem faixas de renda, chega a 50% da arrecadação e os impostos diretos (Imposto de renda, IPTU, IPVA), que possuem alíquotas progressivas, diferenciadas segunda a renda, ou são incluídos no preço das mercadorias, portanto pagos indiretamente pelos consumidores, ou são sonegados. Em 1994, com a implantação do Plano Real e o controle da inflação, houve uma melhora na distribuição de renda nacional, com ganhos expressivos para a população de baixa renda.


Quanto à composição da PEA (população economicamente ativa), por gênero, nota-se uma certa desproporção em 2001: 42% dos trabalhadores eram do sexo feminino, enquanto nos países desenvolvidos há uma participação igualitária, de 50%. A inserção da mão-de-obra feminina no Brasil, está ligada fundamentalmente à perda do poder aquisitivo dos salários e à consequente necessidade de que a mulher trabalhe para complementar a renda familiar. Essa situação permite que parte dos empresários prefira a mão-de-obra feminina. As mulheres, por necessidade de trabalho, sujeitam-se a salários menores que os dos homens, mesmo quando exercem função idêntica e na mesma empresa.



  • O IDH no Brasil
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano 2003 (RDH-2003), da ONU, o Brasil foi o país que mais avançou posições na listagem do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) durante o período de 1975 a 2001, passando da 81ª posição para a 65ª. Nas décadas de 1970 e 1980, o país avançou dez posições, e entre 2000 e 2001, outras quatro.
Das três variáveis consideradas no cálculo do IDH (longevidade, educação e renda), a que apresentou a maior contribuição para a melhora do índice brasileiro foi o avanço na educação. Em contrapartida, a renda foi a variável que menos contribuiu. No item longevidade, que permite avaliar as condições gerais de saúde da população, os avanços também foram significativos. Entre 1975 e 2001, a expectativa de vida aumentou de 59,5 para 67,8, anos, mas, apesar desse aumento, o Brasil ainda ocupa a 110ª posição num total de 175 países classificados por esse indicador.



Fonte Bibliográfica

LUCCI, Elian Alabi, SENE, BRANCO, Anselmo Lázaro, MENDONÇA, Claudio. Território e Sociedade no mundo globalizado: Geografia, Ensino Médio, volume 3: 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

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