Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 2°
Ano
Disciplina: História –
2014
AMÉRICA
- Descobrimento ou conquista?
Durante muito tempo, vários historiadores transmitiram
uma visão heroica dos feitos do conquistador, o que tornou corrente o uso da
expressão descobrimento (da América ou do Brasil), enfatizando o “aspecto
civilizador” da chegada dos europeus.
Mais recentemente, os historiadores têm analisado a
questão sob outros pontos de vista, ressaltando o impacto da presença dos
europeus na destruição dos modos de vida e na dizimação dos povos que viviam na
América. Desse ângulo, a questão não é colocada como “descobrimento”, mas como
invasão e conquista.
Não se trata, contudo, de mera preferência por palavras.
O conceito de descobrimento, na maioria das vezes, relaciona-se à exaltação das
ações dos europeus, ignorando os processos históricos que aconteciam no
continente americano. Entretanto, a América não era um mundo a ser criado ou à
espera de seu descobridor – já fora “descoberta e habitada milhares de anos
antes da chegada dos europeus.
- Conquista da América e Renascimento
A suposição de que a Terra era redonda, e a necessidade
de comprovação dessa hipótese através de uma viagem, são um projeto tipicamente
renascentista.
Ao descobrir outras culturas, o homem do Renascimento
hierarquizou-as: da civilização à barbárie. Nesse sentido, o humanista
constituiu-se a partir de uma vontade de domínio e poder sobre todos os povos
do mundo.
A América – destruída e construída a partir do padrão
europeu – transformava-se em lugar de comprovação da superioridade da cultura
europeia. Era necessário construir uma igreja em cima de uma pirâmide indígena.
Não podia ser ao lado.
Os descobridores, ao realizarem sua obra de colonização construindo
igrejas e outras edificações necessárias à conquista, e os artistas, pintando
ou esculpindo na Europa, consideravam a existência de um único padrão de
beleza, uma única religião verdadeira, uma cultura superior a todas as outras.
Descobridores e artistas olhavam o mundo de um único ponto e a partir dele
destruíam e construíam.
O resultado desse esforço renascentista, dessa
“plenitude”, foi suporem possuir domínio sobre a vida e a morte das populações
que consideravam bárbaras. A América conheceu a expressão mais violenta desse
sonho de dominação.
Janice Theodoro da Silva. Descobrimentos e Renascimento.
São Paulo, Contexto, 1991. P.56-58, 63-64.
- Os verdadeiros descobridores da América
Antes da chegada dos europeus, havia no continente
americano mais de 3 mil nações indígenas. Apesar de Colombo ter chamado de
“índios” os habitantes da América na época da conquista, por trás desse nome
genérico encontravam-se sociedades e culturas muito diferentes.
Os aruaques, jês e tupis-guaranis (do atual Brasil), os
caraíbas (das atuais Antilhas), os patagônios e araucanos (do sul do
continente) e os iroqueses e sioux (da América do Norte) praticavam a caça, a
pesca e a coleta, além de dominarem técnicas agrícolas. Utilizavam utensílios e
instrumentos de pedra e madeira e, raramente, de metal. Deslocavam-se
periodicamente em busca de recursos necessários à sua sobrevivência e
organizavam-se em grupos, ligados por parentesco.
Outros povos, como os maias, os astecas e os incas,
desenvolveram sociedades com técnicas agrícolas mais elaborada e um governo
centralizado (com exceção dos maias, que se organizavam em cidades-Estados);
criaram sistemas próprios de escrita (exceto os incas) e tinham conhecimentos
sobre arquitetura, matemática e astronomia.
- Maias, Astecas e Incas
Maias - A civilização
maia, que se desenvolveu na península de Yucatán, na América Central, alcançou
seu apogeu no século VII.
A economia dos mais baseava-se principalmente no cultivo
do milho, feijão e batata-doce. Eles não conheciam o uso do ferro, da roda, do
arado e do transporte por animais. A sociedade era dirigida por poderosos
sacerdotes.
Os maias construíram grandes templos, pirâmides e
observatórios de astronomia; criaram um calendário bastante preciso e um
sistema de escrita; desenvolveram a pintura mural e a arte cerâmica.
Astecas – A civilização
asteca desenvolveu-se a partir do século XII, na região do México atual; a
capital era a cidade de Tenochtitlán (atual cidade do México). Povo guerreiro,
os astecas eram governados por um rei poderoso.
Plantavam milho, feijão, cacau, algodão, tomate e tabaco.
Além disso, comercializavam bens, como tecidos, peles, cerâmicas, sal, ouro e
prata. Desconheciam o uso do ferro, da roda e dos animais de carga. Dominavam,
entretanto, a técnica da ourivesaria (trabalhos manuais em ouro), da cerâmica e
da tecelagem.
A história da conquista do império Asteca pelos espanhóis
teve início em fevereiro de 1519, quando Hernan Cortés desembarcou na península
Yucatá. Informado da grande quantidade de ouro existente no território asteca,
Cortés decidiu ataca-lo. Combinando violência e habilidade, prendeu o imperador
asteca, Montezuma, e saqueou a cidade de Tenochtitlán.
Incas – A civilização inca
desenvolveu-se nas regiões que hoje correspondem a parte do Peru, do Equador,
da Bolívia e do norte do Chile, alcançando seu período de maior esplendor por
volta do século XIV. O Império Inca, com capital na cidade de Cuzco, chegou a
ter uma população de 20 milhões de habitantes, governada por um imperador
considerado um deus, o filho do Sol (o Inca). Para governar, o imperador
contava com chefes militares, governadores de províncias, sacerdotes e muitos
funcionários.
A economia dos incas baseava-se no cultivo de milho,
batata e tabaco. Desenvolveram a tecelagem, a cerâmica, a metalurgia do bronze
e do cobre; sabiam trabalhar metais preciosos, como o ouro e a prata, e
utilizavam a lhama como animal de carga. Construíram palácios, templos,
estradas pavimentadas, aquedutos e canais de irrigação. Não desenvolveram um
sistema de escrita, mas sabiam registrar números e acontecimentos por meio dos
quipos (cordões coloridos nos quais se davam nós como forma de registros de
informações.
- Violência física
Com armas de fogo (mosquete, arcabuz, canhão), os
conquistadores espanhóis e portugueses evitavam o combate corpo a corpo. Além
disso, a explosão provocada por essas armas, desconhecidas dos povos indígenas
causava-lhes enorme susto. Também desconheciam – e temiam – os cavalos, que
permitiam aos conquistadores espanhóis grande mobilidade durante os combates.
Somente a superioridade do armamento europeu não explica
a vitória dos conquistadores espanhóis e portugueses sobre os nativos
americanos, já que estes possuíam superioridade numérica (cerca de 550 a 1000
índios para cada europeu). Outro elemento significativo na destruição dos povos
indígenas foram as doenças contagiosas, como sarampo, tifo, coqueluche,
varíola, malária e gripe. Essas doenças, nem sempre transmitidas de forma
deliberada pelos europeus, eram, em geral, letais para os indígenas, que não
tinham resistência imunológica contra elas. Espalhando-se rapidamente,
provocavam epidemias, matando milhares deles.
Outro elemento que contribuiu para a conquista foram os
conflitos internos. Na América espanhola, as relações entre os diferentes povos
caracterizavam-se, muitas vezes, pela opressão social. Incas, maias e astecas
submetiam pela força outros povos vizinhos. Na América portuguesa (Brasil)
também havia muitos conflitos entre os diferentes povos indígenas. Tanto os
portugueses como os espanhóis souberam tirar proveito desses conflitos,
estabelecendo alianças com alguns grupos.
- Transformação na vida européia
Os grandes comerciantes e banqueiros europeus obtiveram
lucros expressivos com a conquista e a colonização do continente americano. O
eixo econômico da Europa, antes, concentrado no mar Mediterrâneo, deslocou-se
para os portos do oceano Atlântico, como Lisboa, Sevilha e Cádiz, que mantinham
comércio direto com os territórios conquistados na África e América.
Os países que promoveram a expansão comercial-marítima,
nos séculos XV e XVI, tornaram-se poderosos na Europa. Pelo pioneirismo,
destacaram-se Portugal e Espanha; posteriormente, sobressaíram França,
Inglaterra e Holanda. Disputando novos mercados, onde poderiam obter lucros e riquezas,
os comerciantes desses países entraram num período de grande concorrência.
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume único, 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
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