Colégio Estadual Deputado Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 1º Ano –
Ensino Médio
Disciplina: Geografia - 2014
O ESPAÇO URBANO E O
PROCESSO DE URBANIZAÇÃO
- Fatores que condicionam a urbanização no
mundo
Inicialmente, nos
países que primeiro se industrializaram, os desenvolvidos, o processo de industrialização condicionou o processo de
urbanização. A constante expansão
do parque industrial nas regiões onde os fatores locacionais eram favoráveis
atraiu cada vez mais população do campo, fazendo as cidades crescerem
rapidamente. Paralelamente, houve uma revolução agrícola, que consistiu
na modernização da agricultura,
possibilitando a expansão da produção com menos mão-de-obra, liberando, assim, força de trabalho para as
indústrias localizadas nas cidades. A urbanização ocorrida nos países subdesenvolvidos foi resultante muito mais das más condições
de vida do campo, fruto da concentração fundiária, do subaproveitamento da
terra e dos baixos salários, do que da modernização da economia em geral. Ou seja, ela não foi resultante da expansão do
processo de industrialização, na cidade, e de modernização da agricultura, no
campo, embora isso tenha acontecido em algumas regiões dos países emergentes.
Sendo assim, as cidades, em vez de crescer, incharam. Com um dinamismo
econômico insuficiente para absorver uma quantidade crescente de migrantes,
acumularam-se problemas: desemprego e subemprego, favelados e cortiçados,
escassez de saneamento básico e assistência médica-hospitalar, trânsito caótico,
violência urbana etc. Hoje em dia, no entanto, não se pode mais fazer uma
correlação direta entre industrialização e urbanização. Nos países
desenvolvidos e mesmo nos emergentes, o processo de industrialização tem se
descentralizado e muitas cidades médias têm crescido mais do que as grandes
cidades, que perdem indústrias e crescentemente se transformam em centros de
serviços.
- Rede e hierarquia urbanas
Rede urbana é composta por um conjunto de cidades no
espaço terrestre que se relacionam e estão interligadas por sistemas de
transportes e telecomunicações, pelos quais fluem mercadorias, pessoas,
capitais, informações, etc. A hierarquia
urbana é formada pelas relações travadas entre as cidades de diferentes
tamanhos e potencial de influência, no interior de uma rede urbana.
- Hierarquia clássica e a atual hierarquia
urbana
A concepção clássica de hierarquia urbana, baseada na
noção de hierarquia militar, era muito rígida e fechada. Assim, as relações
dentro da rede urbana seguiam uma hierarquia crescente: vila – cidade – local –
centro regional – metrópole regional – metrópole nacional/mundial.
Na atual
noção de hierarquia urbana, em função dos avanços tecnológicos nos transportes
e nas telecomunicações, rompe-se com essa hierarquização rígida. Desse modo, a
vila ou a cidade local podem relacionar-se diretamente com a metrópole regional
ou nacional. Os fluxos já não são mais escalonados.
- Oposição campo-cidade nas regiões mais
ricas do planeta
Nos países desenvolvidos em regiões modernas de países
emergentes, tem havido um processo de descentralização urbana e industrial. As
fábricas estão ocupando, nos eixos de rodovias e ferrovias, o que atém pouco
tempo chamávamos de campo. Muitas dessas fábricas não têm qualquer ligação
com a produção primária. Outras, no entanto, transformaram a produção
agropecuária e abastecem as cidades. São as agroindústrias, que se expandiram
também na economia rural. Na verdade, a produção em geral está sendo cada vez
mais açambarcada pela lógica do lucro, como se fosse uma coisa única. Mesmo as
moradias estão cada vez mais descentralizadas. Em busca de melhor qualidade
de vida, as pessoas estão se instalando nas cidades pequenas e mesmo nas zonas
rurais, mas continuam plenamente integradas à cidade. Assim, cada vez mais
as dicotomias do tema em questão perdem o sentido.
- A relatividade das distâncias
As distâncias, tanto em escala local, regional, como
mundial, são, hoje em dia, relativas devido à acelerada modernização dos
sistemas de transportes e telecomunicações e aceleração no deslocamento de
pessoas mercadorias, capitais e, especialmente, informações. Uma pessoa
pode viver relativamente distante de um grande centro urbano e, no entanto,
estar plenamente integrada a ele, desde que tenha à disposição equipamentos e
infraestrutura que permitam rápida locomoção e comunicação. Distâncias
continentais que antes demoravam muitas semanas para serem vencidas hoje são
percorridas em poucas horas. A conseqüência disso é que cada vez mais pode
haver uma dispersão urbano-industrial, diminuindo o ritmo de crescimento das
grandes metrópoles e megalópoles.
- Megacidade e cidade global
Megacidade é um conceito quantitativo, define as cidades
cuja população é igual ou superior a 10 milhões de habitantes. Segundo a ONU, havia 23 megacidades em 2011.
Cidade
global é um conceito qualitativo, define as cidades com melhor infra-estrutura,
independentemente do tamanho, que comandam os fluxos na rede urbana mundial.
Segundo GaWC (Globalization and Wor Cities Study Group and Network), da
Universidade de Loughborough (Reino Unido), em 2010 havia 178 cidades globais: 47
de nível alfa, 64 de nível beta e 67 de nível gama. Genericamente, as cidades
globais têm um papel muito mais importante do que as megacidades, no atual
capitalismo informacional, devido ao seu papel de comando das redes de fluxos
globalizadas. Claro que muitas cidades, além de mega, são também globais,
como é o caso de Nova York, Tóquio, Los Angeles, São Paulo, Cidade do México
etc.
- Desigualdades sociais nas paisagens
urbanas
As desigualdades sociais se materializam nas paisagens
urbanas de várias formas. Por exemplo, a segregação socioespacial, com os
pobres morando em bairros da periferia, muitas vezes em loteamentos irregulares,
com infraestrutura precária, favelas ao lado de edifícios modernos, bairros
deteriorados e perigosos ao lado de bairros bem conservados e sossegados,
pessoas morando na rua, etc. Basta observar as paisagens das cidades
brasileiras para percebê-las. No entanto, isso não é exclusividade das cidades
brasileiras, é característico das paisagens das cidades dos países em
desenvolvimento, embora também apareça em muitas cidades dos países
desenvolvidos, como no exemplo de Novos York (Estados Unidos).
- Ações para melhorar a qualidade de vida
Porém, apesar desses problemas, mesmo num bairro de
população pobre, a qualidade de vida pode ser melhorada caso os serviços
públicos de educação, saúde, transporte coletivo, saneamento básico, entre
outros, passem a funcionar de forma satisfatória. Essas mudanças positivas
têm maiores chances de se concretizar quando a comunidade se organiza para
melhorar o seu cotidiano e reivindicar os seus direitos.
Fonte
Bibliográfica:
MOREIRA,
Carlos João, SENE, Estáquio de. GEOGRAFIA,
Ensino Médio, volume três, 2ª ed. São Paulo: Scipione, 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.