terça-feira, 11 de novembro de 2014

O ESPAÇO URBANO E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

Colégio Estadual Deputado Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:     1º Ano – Ensino Médio
Disciplina: Geografia - 2014

O ESPAÇO URBANO E O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO

  • Fatores que condicionam a urbanização no mundo
Inicialmente, nos países que primeiro se industrializaram, os desenvolvidos, o processo de industrialização condicionou o processo de urbanização. A constante expansão do parque industrial nas regiões onde os fatores locacionais eram favoráveis atraiu cada vez mais população do campo, fazendo as cidades crescerem rapidamente. Paralelamente, houve uma revolução agrícola, que consistiu na modernização da agricultura, possibilitando a expansão da produção com menos mão-de-obra, liberando, assim, força de trabalho para as indústrias localizadas nas cidades. A urbanização ocorrida nos países subdesenvolvidos foi resultante muito mais das más condições de vida do campo, fruto da concentração fundiária, do subaproveitamento da terra e dos baixos salários, do que da modernização da economia em geral. Ou seja, ela não foi resultante da expansão do processo de industrialização, na cidade, e de modernização da agricultura, no campo, embora isso tenha acontecido em algumas regiões dos países emergentes. Sendo assim, as cidades, em vez de crescer, incharam. Com um dinamismo econômico insuficiente para absorver uma quantidade crescente de migrantes, acumularam-se problemas: desemprego e subemprego, favelados e cortiçados, escassez de saneamento básico e assistência médica-hospitalar, trânsito caótico, violência urbana etc. Hoje em dia, no entanto, não se pode mais fazer uma correlação direta entre industrialização e urbanização. Nos países desenvolvidos e mesmo nos emergentes, o processo de industrialização tem se descentralizado e muitas cidades médias têm crescido mais do que as grandes cidades, que perdem indústrias e crescentemente se transformam em centros de serviços.


  • Rede e hierarquia urbanas
Rede urbana é composta por um conjunto de cidades no espaço terrestre que se relacionam e estão interligadas por sistemas de transportes e telecomunicações, pelos quais fluem mercadorias, pessoas, capitais, informações, etc. A hierarquia urbana é formada pelas relações travadas entre as cidades de diferentes tamanhos e potencial de influência, no interior de uma rede urbana.

  • Hierarquia clássica e a atual hierarquia urbana
A concepção clássica de hierarquia urbana, baseada na noção de hierarquia militar, era muito rígida e fechada. Assim, as relações dentro da rede urbana seguiam uma hierarquia crescente: vila – cidade – local – centro regional – metrópole regional – metrópole nacional/mundial. 



Na atual noção de hierarquia urbana, em função dos avanços tecnológicos nos transportes e nas telecomunicações, rompe-se com essa hierarquização rígida. Desse modo, a vila ou a cidade local podem relacionar-se diretamente com a metrópole regional ou nacional. Os fluxos já não são mais escalonados.



  • Oposição campo-cidade nas regiões mais ricas do planeta
Nos países desenvolvidos em regiões modernas de países emergentes, tem havido um processo de descentralização urbana e industrial. As fábricas estão ocupando, nos eixos de rodovias e ferrovias, o que atém pouco tempo chamávamos de campo. Muitas dessas fábricas não têm qualquer ligação com a produção primária. Outras, no entanto, transformaram a produção agropecuária e abastecem as cidades. São as agroindústrias, que se expandiram também na economia rural. Na verdade, a produção em geral está sendo cada vez mais açambarcada pela lógica do lucro, como se fosse uma coisa única. Mesmo as moradias estão cada vez mais descentralizadas. Em busca de melhor qualidade de vida, as pessoas estão se instalando nas cidades pequenas e mesmo nas zonas rurais, mas continuam plenamente integradas à cidade. Assim, cada vez mais as dicotomias do tema em questão perdem o sentido.
  • A relatividade das distâncias
As distâncias, tanto em escala local, regional, como mundial, são, hoje em dia, relativas devido à acelerada modernização dos sistemas de transportes e telecomunicações e aceleração no deslocamento de pessoas mercadorias, capitais e, especialmente, informações. Uma pessoa pode viver relativamente distante de um grande centro urbano e, no entanto, estar plenamente integrada a ele, desde que tenha à disposição equipamentos e infraestrutura que permitam rápida locomoção e comunicação. Distâncias continentais que antes demoravam muitas semanas para serem vencidas hoje são percorridas em poucas horas. A conseqüência disso é que cada vez mais pode haver uma dispersão urbano-industrial, diminuindo o ritmo de crescimento das grandes metrópoles e megalópoles.

  • Megacidade e cidade global
Megacidade é um conceito quantitativo, define as cidades cuja população é igual ou superior a 10 milhões de habitantes. Segundo a ONU, havia 23 megacidades em 2011. 




Cidade global é um conceito qualitativo, define as cidades com melhor infra-estrutura, independentemente do tamanho, que comandam os fluxos na rede urbana mundial. Segundo GaWC (Globalization and Wor Cities Study Group and Network), da Universidade de Loughborough (Reino Unido), em 2010 havia 178 cidades globais: 47 de nível alfa, 64 de nível beta e 67 de nível gama. Genericamente, as cidades globais têm um papel muito mais importante do que as megacidades, no atual capitalismo informacional, devido ao seu papel de comando das redes de fluxos globalizadas. Claro que muitas cidades, além de mega, são também globais, como é o caso de Nova York, Tóquio, Los Angeles, São Paulo, Cidade do México etc.



  • Desigualdades sociais nas paisagens urbanas
As desigualdades sociais se materializam nas paisagens urbanas de várias formas. Por exemplo, a segregação socioespacial, com os pobres morando em bairros da periferia, muitas vezes em loteamentos irregulares, com infraestrutura precária, favelas ao lado de edifícios modernos, bairros deteriorados e perigosos ao lado de bairros bem conservados e sossegados, pessoas morando na rua, etc. Basta observar as paisagens das cidades brasileiras para percebê-las. No entanto, isso não é exclusividade das cidades brasileiras, é característico das paisagens das cidades dos países em desenvolvimento, embora também apareça em muitas cidades dos países desenvolvidos, como no exemplo de Novos York (Estados Unidos).

  • Ações para melhorar a qualidade de vida
Porém, apesar desses problemas, mesmo num bairro de população pobre, a qualidade de vida pode ser melhorada caso os serviços públicos de educação, saúde, transporte coletivo, saneamento básico, entre outros, passem a funcionar de forma satisfatória. Essas mudanças positivas têm maiores chances de se concretizar quando a comunidade se organiza para melhorar o seu cotidiano e reivindicar os seus direitos.


Fonte Bibliográfica:


MOREIRA, Carlos João, SENE, Estáquio de. GEOGRAFIA, Ensino Médio, volume três, 2ª ed. São Paulo: Scipione, 2014.

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