Col. Est. Dep. Manoel
Mendonça
Prof.: Cássio
Vladimir de Araújo
Série: 3° Ano
Disciplina: História -
2016
ERA VARGAS
(1930-1945)
- Crise de 1929 e
a economia brasileira
A
superprodução nos Estados Unidos provocou a queda das ações nas grandes empresas
na Bolsa de Valores; empresas e bancos foram à falência, e milhões de
trabalhadores daquele país ficaram desempregados; sem poder vender, os
comerciantes pararam de comprar. Os Estados Unidos eram, na época (1929), um
dos principais compradores do café brasileiro, que, desse modo, perdeu um
importante mercado; o preço do produto foi reduzido à metade, entre 1929 e
1930, provocando a falência de muitos cafeicultores.
- Rompimento da
política café com leite
O enfraquecimento
econômico dos cafeicultores contribuiu para desestruturar as bases políticas da
Primeira República. Vivendo uma situação de crise e, portanto, de insegurança
econômica, os políticos paulistas da situação resolveram apoiar o candidato
Júlio Prestes, do Partido Republicano Paulista e governador do Estado, para a
sucessão de Washington Luís; os mineiros apoiaram o governador de Minas Gerais,
Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, do Partido Republicano Mineiro, e o
tradicional acordo político entre os dois estados se rompeu.
- Os novos grupos
políticos
Com o rompimento do
acordo entre as oligarquias surgiram novos grupos políticos para as eleições
presidenciais de 1930.
Um deles foi a
Aliança Liberal (AL), que reunia lideranças do Rio Grande do Sul, de Minas
Gerais e da Paraíba. Lançou o nome de Getúlio Vargas para presidente da
República e de João Pessoa para vice-presidente. Apresentava um programa de
reformas cujos pontos principais eram: a instituição do voto secreto; a criação
de algumas leis trabalhistas; e o incentivo à produção industrial. Tinha grande
aceitação entre as classes médias urbanas e os militares ligados ao tenentismo.
Outro grupo político que se formou foi o Bloco operário Camponês (BOC), que
reuniu o operariado e os comunistas do PCB. Suas principais propostas eram:
crítica e combate à plutocracia; impostos somente para os ricos; habitação
operária; extensão e obrigatoriedade do ensino primário; voto secreto e
obrigatório, inclusive para as mulheres; restabelecimento das relações
diplomáticas e comerciais com a União Soviética. Nas eleições, lançou a
candidatura do operário marmorista Minervino de Oliveira, do Rio de Janeiro,
que teve votação inexpressiva, mas foi o primeiro operário a se candidatar à
presidência do Brasil.
- Movimento
rebelde de 1930
Júlio Prestes saiu
vitorioso das eleições presidenciais, realizadas em 1930 com 59% dos votos. Seu
principal adversário, o candidato da Aliança Liberal, Getúlio Vargas, fora
derrotado com 40% dos votos.
No entanto, os
líderes da Aliança Liberal (gaúchos, mineiros e paraibanos) recusaram-se a
aceitar esse resultado, afirmando que a vitória de Júlio Prestes não passava de
fraude.
O clima de revolta
após as eleições presidenciais de 1930 foi aumentando em várias regiões do
país, atingindo diversos grupos sociais: operários, militares, profissionais
liberais etc. Atribui-se ao governador mineiro Antônio Carlos uma frase que
simboliza a tensão existente na época: Façamos a revolução, ante que o povo a
faça.
A revolta ganhou mais
intensidade quando João Pessoa, governador da Paraíba e candidato a
vice-presidente pela Aliança Liberal, foi assassinado por motivos pessoais e
políticos, em 26 de julho de 1930. Esse episódio levou à união e à organização
das oposições contra o governo.
A Revolução
espalhou-se do Rio Grande do Sul para outros estados, como Minas Gerais,
Paraíba e Pernambuco, tendo por objetivo impedir a posse de Júlio Prestes como
presidente da República. Reconhecendo o avanço da guerra civil, militares do
Rio de Janeiro, liderados pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso, aliaram-se
aos revoltosos e depuseram o presidente Washington Luís. O poder foi entregue a
Getúlio Vargas, considerando o chefe político do movimento, dando início a uma
nova etapa na história do Brasil, marcada pela liderança política do líder
gaúcho e conhecida como Era Vargas ou período getulista, que se estendeu até
1945.
- Governo
provisório
Ao assumir o poder,
em 1930, Getúlio Vargas suspendeu a Constituição republicana de 1891, fechou
órgãos do poder Legislativo (Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras
Municipais) e indicou interventores militares ligados ao tenentismo para
chefiar os governos estaduais. Eram medidas que visavam garantir o controle
político do país.
- Movimento
oposicionista de 1932 contra Getúlio
Inicialmente, o
movimento foi liderado por grupos opositores, especialmente os de São Paulo,
que desejavam a volta das práticas existentes na Primeira República, que os
beneficiava. Formaram, então, uma frente única comandada pelos líderes do
Partido Republicano e do Partido Democrático. Suas principais reivindicações
eram a nomeação de um interventor civil e paulista, novas eleições e a
convocação de uma Assembleia Constituinte, apoiada pelos ricos fazendeiros que
ainda controlavam o viciado sistema eleitoral.
- O MMDC e a
Revolução Constitucionalista
O movimento paulista
alcançou parte da população, que passou a protestar contra a ditadura e a
perseguição do novo governo a São Paulo. Foi então que quatro estudantes de São
Paulo – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – morreram num confronto com a
polícia, e as letras tornaram-se o símbolo do movimento no estado. A Revolução
Constitucionalista mobilizou armas e 30 mil homens de São Paulo para lutar
contra o governo federal. O movimento não recebeu ajuda de outros estados,
exceto de Mato Grosso, e saiu derrotado, mas Getúlio procurou não se indispor
novamente com as elites paulistas, por seu poder socioeconômico. Assim,
convocou eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, em 1933.
- Governo
Constitucional
Com a promulgação da
segunda Constituição republicana do Brasil, em 16 de julho de 1934, teve início
o período constitucional da Era Vargas.
As principais
inovações introduzidas pela nova Constituição foram: no sistema eleitoral,
confirmou o Código Eleitoral (voto secreto, extensão do direito de voto às
mulheres e criação de uma justiça eleitoral independente para zelar pelas
eleições); estabelecimento de direitos trabalhistas, como salário mínimo,
jornada de trabalho não superior a 8 horas diárias, proibição de trabalho a
menores de 14 anos, férias anuais remuneradas e indenização na demissão sem
justa causa; e nacionalismo econômico , estabelecendo-se na Constituição a
proteção das riquezas naturais do país, como jazidas minerais e quedas-d’água
capazes de gerar energia.
A Constituição de 1934
também estabelecia que, após sua promulgação, o próximo presidente da República
seria eleito de forma indireta pelos próprios membros da Assembleia
Constituinte.
Getúlio Vargas foi o
vitorioso: recebeu 175 votos, enquanto o segundo colocado, Borges de Medeiros,
ficou com 59 votos. Vargas iniciou seu mandato constitucional em 20 de julho de
1934.
- Integralistas X
Aliancistas
O integralismo foi um
movimento político que nasceu sob a inspiração de ideias fascistas e nazistas.
Expressou-se por meio da Ação Integralista Brasileira (AIB), organização criada
em 1932 e liderada por Plínio Salgado, e conquistou a simpatia de muitos
empresários, de uma parcela da classe média e de parte dos oficiais das forças
armadas; combatia o comunismo, pregava o nacionalismo extremado e defendia a
existência de um Estado forte, com o poder entregue à um único chefe
integralista. Adotando normas de disciplina e hierarquia militar, seus
seguidores usavam uniforme (camisas verdes) e desfilavam como uma tropa
militar; eram agressivos com adversários de outras instituições políticas e
tinham como lema “Deus, pátria e família”; forma criados mais de mil núcleos
integralistas no país.
- Aliança Nacional
Libertadora (ANL)
Em oposição aos
integralistas formou-se a Aliança Nacional Libertadora (ANL), que reunia grupos
socialistas, anarquistas e comunistas, tendo entre suas principais correntes o
Partido Comunista. Seus adeptos ficaram conhecidos como aliancistas. Os
aliancistas defendiam: a nacionalização das empresas estrangeiras, o não pagamento
da dívida externa brasileira, a reforma agrária (terra aos trabalhadores do
campo e combate ao latifúndio) e a garantia de liberdades individuais; seu lema
era “Pão, terra e liberdade”. A ANL, com cerca de 1,6 mil núcleos chegou a
reunir entre 70 mil e 100 mil membros; em junho de 1935, foi considerada ilegal
pelo governo Vargas, com o apoio de grupos conservadores.
- A Intentona
Comunista
A Intentona Comunista
foi uma revolta militar contra o governo, organizada pelos comunistas eu
participavam da Aliança Nacional Libertadora. Eclodiu em novembro de 1935, com
rebeliões de batalhões do Rio Grande do Norte, de Pernambuco e do Rio de
Janeiro; a ação das forças governamentais dominou rapidamente todas as
rebeliões. Ela serviu de pretexto para os setores mais autoritários do governo
radicalizarem o regime político: em nome do combate ao “perigo comunista”,
foram presos milhares de sindicalistas, operários, militares e intelectuais
acusados de atividades subversivas.
- O Plano Cohen e
o estado de guerra
O argumento final
usado por Vargas para se manter no poder e não permitir a continuidade
democrática foi o combate ao “perigo comunista”. Por isso, decretou-se estado
de guerra, e a polícia prendeu grande número de adversários do governo. O
fundamento dessa ameaça foi a descoberta, pelo serviço secreto das forças
armadas, de um plano comunista, chamado Plano Cohen, para acabar com o regime
democrático no Brasil. Só que tratava de uma farsa, tramada pelo próprio
governo, com a ajuda dos integralistas, para manter Getúlio no poder
Fonte Bibliográfica:
COTRIM,
Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva,
2013.
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