Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 2° Ano
Disciplina: História
TEORIAS SOCIAIS
- O debate sobre a nova ordem econômica e
social
O rápido processo de industrialização logo repercutiu em
vários aspectos da vida social, gerando um intenso debate sobre ele e suas
consequências. No centro desse debate, estavam trabalhadores e empresários, com
seus interesses conflitantes e polarizados.
A polêmica decorrente desse conflito de interesses
contribuiu para a elaboração de várias teorias sociais. Algumas justificavam os
rumos da nova sociedade industrial capitalista; outras identificadas com os
interesses dos operários, denunciavam a exploração do trabalho e pregavam uma
sociedade mais livre e menos injusta.
LIBERALISMO ECONÔMICO
- Malthus e a miséria dos trabalhadores
Os principais representantes do liberalismo econômico
foram: os economistas britânicos Adam Smith (1723-1790), Thomas Malthus
(1766-1834) e David Ricardo (1772-1823).
Malthus era também demógrafo e escreveu o Ensaio sobre os
princípios da população (1798), no qual expôs a tese de que a miséria dos
trabalhadores era consequência de uma lei da natureza, e não responsabilidade
da burguesia. Para ele, a população crescia num ritmo bem mais rápido do que os
meios de subsistência; para evitar esse descompasso, seria necessário
restringir a procriação humana.
- David Ricardo e o salário dos
trabalhadores
Para David Ricardo os baixos salários pagos pelos
capitalistas ingleses eram o resultado natural de uma “lei do mercado”.
Trata-se da “lei da oferta e da procura”. O salário, para
Ricardo, seria uma mercadoria como qualquer outra e, portanto, estava sujeito a
essa lei do mercado: quanto maior a oferta da mercadoria, menor o seu preço.
Como havia uma grande oferta de mão de obra, seu preço diminuía, resultando em
baixos salários.
SOCIALISMO
- Pensamentos contrários ao liberalismo
Entre as teorias que criticavam a exploração dos
trabalhadores e as injustiças da sociedade industrial, destacou-se o
socialismo, que reunia correntes político-ideológicas que se opunhas, de modo
geral, ao liberalismo burguês e ao capitalismo.
- Teóricos Socialismo (socialismo utópico)
Em relação às injustiças da sociedade industrial, alguns
teóricos do Socialismo propuseram algumas alternativas.
Saint-Simon defendia que as diferenças de classe deveriam
ser extintas, dando lugar dando lugar em que cada um ganhasse de acordo com o
real valor de seu trabalho.
Proudhon pregava a igualdade e a liberdade para todos os
indivíduos, que deveriam viver sem a força do Estado (organizado para proteger
a propriedade).
Owen acreditava na organização da sociedade em comunidade
cooperativas (trade unions), em que cada operário receberia de acordo com as
suas horas de trabalho.
- Socialismo Marxista (socialismo científico)
Os pensadores alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich
Engels (1820-1895) desenvolveram posteriormente a corrente socialista conhecida
como marxismo. Entre suas principais obras estão: Manifesto comunista (1848),
Contribuição à crítica da economia política (1859) e O Capital (1867), as duas
últimas escritas apenas por Marx.
- Luta de classes
Para Marx e Engels, a luta de classes é um denominador
comum da história de todas as sociedades humanas que existiram até nossos dias,
pois em todas elas sempre houve dois grupos sociais opostos que se enfrentaram:
de um lado, os opressores; de outro, os oprimidos.
Em termos sociais, “o motor da história humana” é a luta de
classes, que só terminaria com a construção da sociedade comunista perfeita.
Nela desapareceriam a exploração de classes e as injustiças sociais.
- Dialética
A natureza e a sociedade passam por um processo permanente
de transformações. Esse processo é dialético, isto é, move-se pela luta de
forças contrárias (o positivo e o negativo, a vida e a morte, o explorado e o
explorador, o amor e o ódio et.). Esse confronto promove mudanças quantitativas
e qualitativas na realidade.
- Modo de produção
Toda sociedade possui uma base material (estrutura)
representada pelas forças de produção econômica (os instrumentos e as
experiências das pessoas no manejo desses instrumentos) e pelas relações
sociais de produção (de dominação, de solidariedade etc.). Esse modo de
produção condiciona, de maneira geral, a vida social, política e intelectual.
Assim, para Marx, não é a consciência dos homens que determina sua existência,
mas, ao contrário, é a existência que determina a sua consciência.
- Mais valia
O trabalhador, para sobreviver, vende sua força de trabalho
para os capitalistas em troca de um salário. No entanto, ele não recebe o valor
total do fruto do seu trabalho. O que ele recebe é um salário que, na maioria
das vezes, é suficiente apenas para sua subsistência e a de seus filhos, ou
seja, para a reposição de sua força de trabalho. Assim, o capitalista nunca remunera
o trabalhador de acordo com a riqueza que ele produz. A diferença entre o valor
gerado pelo trabalho do operário e o que ele recebe em forma de salário é o que
Marx chamou de mais-valia. Esse excedente não pago ao trabalhador
constitui o lucro dos capitalistas.
- A sociedade da Revolução Industrial
A sociedade que se formou com a Revolução Industrial é
entendida como uma sociedade que não aboliu os antagonismos sociais, que apenas
substituiu velhas formas de opressão por outras, opondo duas novas classes: a
burguesia e o proletariado.
- Os trabalhadores e a mudança na sociedade
De acordo com o Manifesto Comunista, os trabalhadores de
todos os países, são conclamados a se unirem num movimento da “imensa maioria,
em prol da imensa maioria”.
- O Socialismo Cristão
Foi uma corrente de pensadores cristãos, como Lamennais,
Wagner, Maurice e o próprio papa Leão XIII, que lançaram distintos apelos aos
capitalistas para que, aplicando os ensinamentos evangélicos de amor e respeito
pelo próximo, amenizassem a exploração das classes trabalhadoras e
reconhecessem suas reivindicações básicas, como as sugeridas por Leão
XIII: limitação das horas de trabalho,
descanso semanal, estabelecimento de salários dignos etc.
O ANARQUISMO
- Ausência de governo e da propriedade privada
O anarquismo foi uma filosofia política que defendia a
ausência de governo ou de autoridade. Entre os representantes dessa corrente
destacaram se Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865) e Mikail Alexandrovich Bakunin
(1814-1876).
- Diferenças e semelhanças entre o
socialismo cristão e o anarquismo
Ambas as teorias criticam a exploração desumana das classes
trabalhadoras por uma minoria. No entanto, enquanto o anarquismo há a defesa de
uma socialização dos bens e uma luta por uma sociedade na qual todos “produziriam
o necessário para a sobrevivência de cada um de seus membros”, no socialismo
cristão do papa Leão XIII existe o reconhecimento do direito à propriedade
privada. Nesse sentido, Leão XIII, um dos representantes do socialismo cristão,
propunha uma reforma por meio do reconhecimento das reivindicações dos
trabalhadores pelos empregadores, enquanto os anarquistas propunham uma
revolução. Outra diferença a ser
analisada é a defesa do fim do governo e das autoridades pelo anarquismo,
aspecto não contemplado pelo socialismo cristão.
FEMINISMO
- A luta feminina
As mudanças decorrentes da industrialização e da expansão
das ideias liberais, nos séculos XVIII e XIX, foram mais intensas na
Grã-Bretanha, na França e nos Estados Unidos. Muitas intelectuais, atentas a
essas transformações, passaram a questionar o papel ocupado pelas mulheres na
sociedade europeia e na nascente sociedade norte-americana.
Influenciadas por pensadores socialistas utópicos, mulheres
como Jeanne Deroin, Suzanne Voilquin, Pauline Roland, Mary Wollstonecraft,
Flora Tristan, Aurore Dupin e outras intelectuais tornaram-se ativistas em prol
dos direitos das mulheres e dos trabalhadores e engajaram-se ativamente na luta
por uma sociedade mais justa e igualitária.
Entre outras coisas, elas reivindicavam igualdade de
direitos entre os sexos, direito a educação de qualidade para as mulheres,
defesa da livre associação entre trabalhadores, legalização do divórcio e
sufrágio feminino. Elas organizaram marchas e petições, fundaram clubes
populares, editaram jornais e publicaram manifestos e romances.
BRAICK,
Patrícia Ramos, MOTA, Myrian Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio.
– 3. ed. – São Paulo: Moderna, 2013.
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e
Geral, volume único, 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
COTRIM, Gilberto. História
Global - Brasil e Geral: 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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