terça-feira, 11 de março de 2014

O SUBDESENVOLVIMENTO

Colégio Estadual Deputado Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:     2º Ano – Ensino Médio  
Disciplina: Geografia - 2014

O SUBDESENVOLVIMENTO
  • Origens e razões
A origem do processo de formação dos atuais países desenvolvidos e subdesenvolvidos remonta às Grandes Navegações empreendidas pelos Estados-nações europeus, a partir do século XV. Nessa época, esses Estados expandiram o comércio, explorando produtos e recursos da América, da África e da Ásia, e passaram a exercer forte domínio sobre os povos desses continentes, controlando a extração e a produção neles realizadas.
As terras conquistadas e dominadas (as colônias) não possuíam autonomia administrativa, e seus recursos e riquezas eram explorados intensamente em benefício de alguns países, como Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra (as metrópoles). Essa exploração (metais preciosos, minérios e produtos agrícolas, por exemplo) proporcionou, de fato, um grande enriquecimento às metrópoles. As poucas exceções a essa forma de colonialismo foram Austrália, Nova Zelândia, Canadá, e Estados Unidos.


  • Características dos países subdesenvolvidos
O subdesenvolvimento caracteriza-se principalmente por graves problemas sociais, grande desigualdade entre os grupos sociais, capacidade limitada de desenvolvimento tecnológico e dependência financeira em relação ao mundo desenvolvido e às organizações financeiras internacionais. Além disso, apresentam baixos índices de desenvolvimento humano e econômico, alguns ainda se inserem na tradicional divisão internacional do trabalho e continuam, portanto, a ser essencialmente exportadores de matérias-primas e de alimentos a preços baixos. A industrialização, em muitos casos agravou a dependência econômica, pois acentuou a necessidade de acesso a novas tecnologias e fez crescer o endividamento externo.

  • O subdesenvolvimento e o desenvolvimento
O subdesenvolvimento não pode ser considerado um estágio para o desenvolvimento. São realidades opostas, porém inseparáveis, resultantes do processo de mundialização do capitalismo: desde as Grandes Navegações e descobrimentos, no século XVI, houve grande transferência de riqueza das colônias para as metrópoles, fruto da exploração colonialista e imperialista, ou seja, a riqueza concentrou-se nos países que mais tarde seriam os desenvolvidos.
Assim como gerou desigualdades em cada país, definindo classes sociais, o capitalismo provocou desigualdades entre as nações, definindo uma divisão do trabalho em escala mundial: no mundo há países pobres e ricos. De forma geral pode-se dizer que os países ricos são os desenvolvidos e os pobres, os subdesenvolvidos. Há ainda no mundo, regiões que estão numa posição intermediária entre os dois grupos: são os chamados países emergentes.

  • Causas internas do subdesenvolvimento
A maioria dos países subdesenvolvidos é governada por ditaduras ou regimes democráticos pouco consolidados, sob o comando de elites em geral indiferentes ao bem-estar social do restante da população. Por isso o Estado deixa de cumprir com muitas de suas atribuições básicas para satisfazer aos interesses da classe social ou do grupo étnico que detém o poder.
O desvio das funções do Estado, a relação entre Estado e capital, a impunidade e o desrespeito à cidadania acabaram gerando outro problema: a corrupção. Embora não seja exclusividade desses países, este problema está fortemente arraigado na maioria deles e consome vultuosos recursos, que poderiam ser canalizados para a solução dos graves problemas sociais que enfrentam.
Outro sério problema que várias nações enfrentam, sobretudo as africanas, são as guerras civis que as arruínam social e economicamente.

  • Renda per capita, distribuição de renda e indicadores sociais
A renda per capita é resultante do Produto Nacional Bruto (PNB) dividido pela população do país. O PNB é a riqueza produzida em um país, mais as entradas e depois menos as saídas de divisas, contabilizada em sua moeda corrente e depois convertida em dólar para permitir a comparação com outros países. Normalmente os países com alta renda per capita apresentam bons indicadores sociais, uma boa distribuição de renda e figuram entre os países desenvolvidos. No entanto, os países do Golfo Pérsico produtores de petróleo, como Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos, possuem rendas per capita entre as mais altas do mundo, mas como a riqueza desses países se concentra nas mãos de uma pequena minoria, eles não podem ser considerados desenvolvidos. A maioria dos países com baixa renda per capita apresenta os piores indicadores sociais.




  • IDH
Índice de Desenvolvimento Humano – é um indicador composto que mede o desenvolvimento humano. Ele evidencia os resultados médios das três dimensões básicas do desenvolvimento humano alcançado no país:
-Vida longa e saudável, medida pela esperança de vida ao nascer;
-Conhecimento, medido pela taxa de alfabetização de adultos e pela taxa combinada bruta de matrículas no ensino fundamental, médio e superior;
-Padrão de vida decente, medido pelo PIB per capita (em dólares)
Cria-se um índice para cada uma dessas dimensões. Através do cálculo da média desses três índices descobre-se o IDH. Quanto mais próximo de 1 se situar essa média, melhor é a qualidade de vida da população, quanto mais perto de 0, pior.



  • Guerras civis e o subdesenvolvimento
As guerras civis constituem um sério problema para diversas nações, sobretudo as africanas. Por terem sido constituídas, de forma geral, sobre os limites traçados pelas potências imperialistas europeias no Congresso de Berlim (1884-85), as fronteiras dos Estados africanos não respeitaram os limites étnicos vigentes anteriormente à sua constituição. O resultado é a ocorrência, ao longo da história, de uma série de conflitos: hauçás x ibos, na Guerra de Biafra (1967-70), na Nigéria; o separatismo da etnia tigrínia na Etiópia, resultando no surgimento da Eritréia (1993), o mais novo país africano; hutus x tutsis, na guerra civil de Ruanda (1994); a luta entre hemas e lundeses, na República Democrática do Congo,  a partir de 1998.
Entretanto, pesquisas recente provam que, embora as diferenças étnicas influenciem, o principal motivo das guerras civis é a pobreza. Países ricos quase nunca enfrentam guerras civis, e países de renda média, raramente. Mas 80% das guerras civis do mundo envolvem os cerca de 17% mais pobres da humanidade. Os fatores que sinalizam maior tendência de conflitos são rendas médias baixas, pouco crescimento e muita dependência das exportações de produtos primários como petróleo ou diamantes.

  • A nova divisão internacional do trabalho
A mais nova divisão internacional do trabalho, está disposta em quatro posições diferentes no capitalismo informacional-global:
-Os produtores de alto valor com base no trabalho informacional;
-Os produtores de grande volume baseado no trabalho de baixo custo;
-Os produtores de matérias primas que se baseiam em recursos naturais;
-Os produtores redundantes, limitados ao trabalho desvalorizado.
A grande diferença da atual divisão internacional do trabalho em relação às anteriores é que ela não ocorre entre países, portanto não coincide com seus limites territoriais.
A atual divisão internacional do trabalho reforça as desigualdades internacionais que já existiam em suas formas anteriores, gerando uma categoria nova do ponto de vista sócio-espacial: a das regiões e países excluídos.
Nas formas precedentes da especialização produtiva mundial havia uma clara relação de exploração entre os países incluídos nos fluxos internacionais de mercadorias – produtos industrializados e matérias-primas – e capitais produtivos e especulativos. Na nova divisão internacional do trabalho, com a globalização, milhões de pessoas e vastos territórios estão ficando à margem dos fluxos globais porque não são considerados importantes nem para serem explorados.



Fontes Bibliográficas
LUCCI, Elian Alabi, SENE, BRANCO, Anselmo Lázaro, MENDONÇA, Claudio. Território e Sociedade no mundo globalizado: Geografia, Ensino Médio, volume 3: 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2010.

MOREIRA, João Carlos, SENE, Eustáquio de – Geografia : volume único – São Paulo: Scipione, 2005.

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