Col. Est. Dep. Manoel
Mendonça
Prof.: Cássio
Vladimir de Araújo
Série: 2° Ano
Disciplina: História -
2016
A MINERAÇÃO
- Um velho sonho
português
Ao final do domínio espanhol (1640),
Portugal estava mergulhado em grave crise econômica. Os preços do açúcar haviam
caído no mercado internacional, devido, sobretudo, ao aumento da oferta do
produto no mercado, em decorrência da produção antilhana. O governo português
buscava novas fontes de riqueza. Nessa busca, revigorou o antigo sonho de
encontrar ouro na América Portuguesa. Mas foi somente no final do século XVII
que os bandeirantes descobriram grandes jazidas de ouro na região de Minas
Gerais.
- Consequência
imediata da descoberta do ouro em Minas Gerais
A corrida do ouro, ou seja, o grande
afluxo à região, por todos os meios, de grande quantidade de pessoas, vindas de
todas as partes da colônia e de Portugal, o que levou ao povoamento do sertão,
à formação de diversas vilas e cidades e ao aumento global da população
residente na província.
- A Guerra dos
Emboabas
As causas da Guerra dos Emboabas foram a
tensão e as disputas entre paulistas – que queriam exclusividade na exploração
do ouro, porque tinham sido seus descobridores – e portugueses vindos da
metrópole ou de outras partes da colônia, que também queriam se apoderar das
jazidas. A tensão e as disputas acirraram-se quando os portugueses passaram a
controlar o abastecimento de mercadorias para a região das minas. Entre as
consequências dessa guerra, em que os paulistas foram derrotados, estão os seguintes:
o governo português passou a exercer firme controle econômico das minas; a vila
de São Paulo foi elevada à categoria de cidade; foi criada em 1709 a capitania
de São Paulo e Minas do Ouro (desmembrada do Rio de Janeiro); os paulistas
deslocaram-se para outras áreas e acabaram por descobrir novas jazidas de ouro
na região dos atuais estados de Mato Grosso e Goiás.
- A administração
das minas pelo governo
O órgão principal do esquema rígido
administrativo do governo de Portugal era a Intendência das Minas, criado em
1702, responsável por todos os procedimentos ligados à produção e circulação do
ouro (distribuir terras, fiscalizar a atividade, julgar as questões referentes
à mineração e, principalmente, cobrar impostos equivalentes a um quinto de
qualquer quantidade de metal extraído). Para facilitar esse controle, foram
criadas as Casas de Fundição, onde todo o ouro era fundido e transformado em
barras, e onde era retirada a parte correspondente ao imposto devido à Fazenda
Real; o restante do ouro era quintado, isto é, recebida um selo que comprovava
a cobrança do imposto, e só assim poderia ser negociado legalmente.
- A revolta de
Vila Rica
O anúncio da criação das Casas de
Fundição causou insatisfação entre os mineradores. Eles consideravam que a
medida dificultava a circulação e o comércio do ouro dentro da capitania,
facilitando apenas a cobrança de impostos. Tal descontentamento acabou
provocando a eclosão da chamada Revolta de Vila Rica, em 28 de junho de 1720.
Cerca de 2 mil revoltosos, comandados
pelo tropeiro português Felipe dos Santos, conquistaram a cidade de Vila Rica.
Exigiram do governador da capitania de Minas Gerais, Pedro de Almeida Portugal
(conde de Assumar), a extinção das Casas de Fundição.
Apanhado de surprese, o governador
fingiu aceitar as exigências e, com isso, ganhou tempo para organizar tropas e
reagir severamente. Pouco depois, os líderes do movimento foram presos, e
Felipe dos Santos foi condenado, enforcado e esquartejado em praça pública, em
16 de julho de 1720.
- O controle sobre
os diamantes
Além do ouro, foram encontradas em Minas
Gerais jazidas de diamantes, a partir de 1729, no Arraial do Tijuco, atual
cidade de Diamantina. O governo português também teve dificuldade para
controlar a cobrança de impostos sobre essas pedras preciosas. Grande
quantidade delas era escondida da fiscalização pelos mineradores, que, assim
deixavam de pagar o quinto estabelecido pela Fazenda Real.
Devido a essas dificuldades,
inicialmente (1740), o governo português entregou a extração a particulares,
mediante um contrato que estabelecia a figura de um contratador, responsável
pela extração e entrega de parte da produção. Em 1771, a Coroa portuguesa
decidiu assumir diretamente a extração diamantina e criou a Intendência dos
Diamantes, com amplos poderes sobre a população do distrito diamantino.
- Surgimento dos
primeiros núcleos urbanos
Pela primeira vez na colônia, surge uma
série de núcleos urbanos próximos uns dos outros na região das minas. Isto
explica-se pelo fato de que o povoamento dessa região ocorreu principalmente em
função do ouro. Assim, em cada lugar onde se encontravam jazidas organizava-se
um povoado e suas diversas atividades de sustentação, o que fez surgir uma
série de núcleos urbanos próximos uns dos outros, como Vila Rica (atual Ouro
Preto), Congonhas do Campo, Mariana, Sabará e São João del Rei.
- A sociedade
colonial nas minas
No nordeste, a produção açucareira deu
origem a uma sociedade rural, com o domínio dos senhores de engenho. Já em
Minas Gerais a exploração do ouro propiciou a formação de uma sociedade urbana,
com pessoas de diferentes situações socioeconômicas, da qual faziam parte, por
exemplo, mineradores, comerciantes, negras quituteiras, carpinteiros,
ferreiros, pedreiros, padres, militares, funcionários da Coroa e advogados.
Havia ainda, como base dessa sociedade, um grande número de escravos.
- A ascensão
social e a pobreza
Na sociedade mineradora, pode-se dizer
que, em tese, havia maior mobilidade social se comparada com a sociedade
açucareira, uma vez que nela uma pessoa poderia enriquecer se encontrasse
grande quantidade de ouro ou diamantes, ou se ganhasse muito dinheiro com o
comércio e o artesanato urbanos. Contudo na prática, o que se viu, segundo a
historiadora Laura de Mello, foi a igualdade pela pobreza da maioria da
população, pois a maior parte das lavras pertencia aos ricos senhores. Assim,
os pobres continuaram pobres, pois o pouco que conseguiam era levado pela
opressão colonial da metrópole e seus altos impostos.
- A crise na
mineração
Ao longo do século XVIII, com a intensa
exploração aurífera, até mesmo as maiores jazidas da colônia foram se
esgotando. Nos primeiros 70 anos do século XVIII, o Brasil produziu mais ouro
do que toda a América espanhola em 357 anos. Na segunda metade desse século, a
produção de ouro caiu brutalmente.
- A interpretação
de Portugal para a queda na produção de ouro
Para o governo português, a queda da
produção aurífera era devido ao contrabando e à negligência com o trabalho;
assim, decidiu ampliar as formas de controle e as pressões sobre os
mineradores. Nesse sentido, em 1750, estabeleceu que, a cada ano, o quinto
deveria atingir a quantia de 100 arrobas. Sem conseguir extrair ouro
suficiente, os mineradores acumularam dívidas.
- A derrama
A derrama foi a cobrança, decretada em
1756 pelo governo português, de todos os impostos atrasados, devidos pelos
mineradores, o que despertou a revolta de setores da sociedade colonial
mineira, desembocando no movimento conhecido como Inconfidência (ou Conjuração)
Mineira.
- As consequências
da exploração do ouro
A exploração do ouro no Brasil trouxe as
seguintes consequências: a) Desenvolvimento das artes – diversas pessoas
empregaram as riquezas conseguidas para incentivar as artes, o que favoreceu o
surgimento do arcadismo na literatura brasileira, do barroco nas artes
plásticas e dos principais representantes da música colonial; b) expansão
territorial e populacional, com o desbravamento e povoamento do sertão, uma
maior integração entre regiões da colônia, antes isoladas entre si, além do
aumento da população colonial; c) mudança da capital de Salvador para o Rio de
Janeiro, refletindo o deslocamento do centro econômico do nordeste açucareiro
para o sudeste minerador; d) explosão de revoltas coloniais contra a opressão
portuguesa.
- Inglaterra beneficiada
pelo ouro brasileiro
Um grande número de historiadores
considera que a maior parte do ouro brasileiro escoou para a Europa, servindo
ao enriquecimento de outras nações. Considera também que a grande beneficiária
do ouro brasileiro foi mesmo a Inglaterra, que passou a dominar a economia
portuguesa por meio de diversos tratados, como o Tratado de Methuen, de 1703.
Exportando produtos agrícolas para o
mercado inglês e importando dos fabricantes britânicos manufaturas por preços
elevados, os governantes de Portugal estavam sempre em dívida com seus
parceiros. Para pagar essa dívida, recorriam constantemente ao ouro do Brasil.
Desse modo, o ouro brasileiro transferiu-se, em grande parte, para os
capitalistas ingleses, contribuindo para o desenvolvimento do processo de
industrialização da Inglaterra.
Fonte:
COTRIM,
Gilberto. História Global - Brasil e
Geral: 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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