Col. Est. Dep. Manoel
Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de
Araújo
Série: 2° Ano
Disciplina:
História – 2016
África subsaariana
- Visão preconceituosa
A visão que se tinha
da África subsaariana até a primeira metade do século XX era uma visão
marcada por preconceitos, equívocos e desinformações, que reduzia os povos da
África subsaariana a sociedades homogêneas, movidas apenas por costumes
selvagens e crenças animistas. Eram interpretações, enfim, como
animalescos, desprovidos de racionalidade, integrados primitivamente à natureza
e incapazes de produzir cultura.
- Fatores responsáveis pela ideia, no século
XIX, de que a África não tinha história
- A suposição de que
o continente africano era dividido em dois: um ao norte do Saara (África
Setentrional) e outro ao sul (África Subsaariana).
- Os povos do sul
(África Subsaariana) eram chamados de “bárbaros” por causa da cor de sua
pele e de seus costumes. Faziam parte de um mundo sem história, sem
Estados, e, portanto, povos homogêneos, fechados, sem desenvolvimento.
- A escassez de
registros escritos dos povos da África.
- Os europeus
consideravam só os documentos escritos como fontes da verdade histórica
e não compreendiam a oralidade africana.
- A oralidade africana
A tradição oral da
África constitui uma fonte indispensável de transmissão de informações. Por
meio dela os povos africanos preservam sua memória.
Existem os sábios,
“guardiões da palavra falada”, também chamados de “tradicionalistas”, que são
responsáveis em transmitir, de geração em geração, as tradições de seus povos.
Também existem os “griôs”, que são contadores de histórias e animadores
públicos. Estes não tem o mesmo compromisso rígido dos “tradicionalistas”.
- Pluralidade cultural
Novos estudos
revelaram a diversidade dos povos africanos e suas múltiplas culturas,
desenvolvidas ao longo de milênios de história. Quanto às atividades
econômicas, por exemplo, percebeu-se que se dedicavam a uma agricultura e uma
pecuária variadas. No artesanato, desenvolveram diferentes técnicas de
cerâmica, tecelagem, carpintaria e metalurgia do ouro, cobre, ferro, chumbo e
estanho. Também mostraram que foram importantes para o desenvolvimento das
distintas sociedades africanas as trocas culturais e comerciais que tiveram com
outras sociedades, dentro e fora do continente, como os muçulmanos do norte da
África, persas, indianos e árabes. Desse modo, a África, que é rica em
diversidade se fraciona em incontáveis culturas e nela falam-se inúmeros
idiomas (cerca de 1250).
- O Reino de Kush
Ao sul do antigo
Egito desenvolveu-se uma sociedade de população negra, chamada pelos nativos da
região de Núbia. Esta sociedade foi registrada pelos egípcios e pela Bíblia com nome de Kush,
cuja capital ficava em Kerma.
No início, egípcios e núbios, mantinham
relações comerciais e alianças militares. Mas o desenvolvimento das duas
civilizações também teve momentos de conflitos.
Por volta de 1580
a.C., querendo controlar a minas de ouro da região, os egípcios conquistaram e
anexaram a Núbia.
Em 750 a.C., porém,
Khasta, rei de Kush, invadiu o Egito e derrubou o faraó. Seu filho, Pianky,
assumiu o título de faraó e inaugurou a 25ª dinastia egípcia.
No século IV, o Reino
de Kush foi dominado por guerreiros do reino de Axum, situado a sudeste, nas margens
do mar Vermerlho. Axum foi o primeiro reino cristão da África, considerado
potência comercial do nordeste africano.
- Os reinos de Gana e Mali
Entre o deserto do
Saara, que atravessa o norte da África de leste a oeste, e a floresta úmida,
mais ao sul, existe uma faixa de terra conhecida como Sahel. Foi no
oeste dessa região que se desenvolveram, depois de Kush, alguns dos
principais reinos africanos. Um desses reinos chamava-se Gana.
No reino de Gana a
produção de alimentos era um dos pontos altos da economia, mas em seu período
mais brilhante, entre os séculos IX e Xi, o ouro tornou-se a principal
riqueza do reino. Sua produção era tão grande que Gana chegou a ser o
principal fornecedor de ouro do mundo
Em Gana, havia uma
divisão social entre escravos e pessoas livres. Além disso, a unidade familiar
comandada por um homem era muito importante. As pessoas livres viviam sob
uma subdivisão, que se conformava de acordo com questões como a ancestralidade
e as atividades laborais desempenhadas.
Os mansas e os reis
de Gana demonstravam suas riquezas através de audiências públicas, distribuíam presentes e exibiam
o ouro extraído da região de Gana.
Uma das
características do Reino de Gana foi a ausência de fronteiras bem definidas. Na
verdade, Gana nunca chegou a se constituir um império territorial, mas sua influência se fez
sentir em ampla região circunvizinha.
Nesta região também
viviam os povos mandingas, organizados em clãs mais ou menos dispersos. Em
1230, em quanto Gana decaía, esses clãs eram unificados por Sundiata Keita.
Surgiu assim o reino do Mali.
Uma vez constituídos
em reino, os mandingas começaram a expandir seu território, que chegou a ser
maior do que o de Gana. Nessa expansão, o Reino de Mali passou a controlar grandes jazidas de
ouro e importantes rotas do comércio transaariano.
- Os Bantos
O termo Bantos
abrange diversos povos africanos cujos idiomas são originários de um mesmo
tronco linguístico. Por volta do século XII, os bantos viviam sobretudo
da caça e da pesca e da coleta de alimentos. Isso os obrigava a procurar
novos territórios sempre que se esgotavam os recursos naturais do lugar em que
estavam. Nesse processo, ocuparam todo o centro e centro-sul do continente
africano.
Originários
da região-centro oeste da África onde hoje se encontram a Nigéria e a República
dos Camarões, a expansão dos bantos iniciou-se, provavelmente, nos primeiros
anos da era cristã e durou até o século XIX. Foi no decorrer dessa expansão
que fundaram os reinos do Congo e do Zimbábue.
- O Reino do Congo
Na segunda metade do
século XIII, povos bantos formaram o chamado Reino do Congo, na região ao sul
do rio Congo. Esse reino expandiu-se ocupando territórios dos atuais Estados
africanos de Angola, Congo e República Democrática do Congo.
Quando os portugueses
estabeleceram os primeiros contatos com o Reino do Congo, encontraram uma
sociedade organizada, sob o comando de um rei, o mani Congo, que vivia na
capital (Banza Congo) cercado pelo família, corte e conselheiros. Cabia ao
mani Congo receber tributos (na forma de alimentos, tecidos, sal, metais
valiosos etc.) administrar a justiça e controlar o comércio.
A autoridade do mani
Congo compreendia também a dimensão religiosa. Seu poder se impunha entre os
chefes dos clãs familiares locais (candas), pelas diversas aldeias (lubatas) e
cidades (banzas).
Portugueses e congoleses
estabeleceram relações amistosas e parcerias comerciais, no entanto, a partir do século
XVII, as relações amistosas entre congoleses e portugueses se degeneraram em
razão de vários conflitos que giravam, principalmente, em torno do tráfico de
escravos fomentado pelos europeus. Controlando a região de Angola, os
portugueses se aliaram aos inimigos dos congoleses (jaga). Ao longo de
sucessivos combates, saquearam as cidades do Congo e, por fim, mataram o rei
congolês em 1665.
- A interferência portuguesa no Congo
Os portugueses
interferiram na dinâmica da sociedade congolesa pois estabeleceram intensas
trocas comerciais, sobretudo escravos, alteraram as crenças religiosas dos
reis, de sua família, seus conselheiros e da corte
- A importância do comércio para os reinos
de Gana, Mali e Congo
O comércio era uma
atividade importante para os reinos de Gana, Mali e Congo. A atividade
comercial de alimentos, animais, artesanato e joias movimentava as cidades e as
rotas comerciais e era uma das atividades mais dinâmicas e rendosas para os
reinos.
- A Escravidão na África
Bem antes da chegada
dos primeiros europeus, no século XV, em muitas regiões da África vigorava, ao
lado do trabalho livre, o trabalho escravo. Geralmente, os escravos eram
membros dominados de grupos familiares que não tinham ligações com a rede de
parentesco dominante.
Nessas regiões, os
escravos desempenhavam praticamente as mesmas funções que os membros da
linhagem dominante: trabalho cooperativo nos campos, expedições de caça,
defesa das cidades e participação em cerimônias religiosas. A escravidão não
era, portanto, uma instituição essencial, coexistindo com outras formas de
dependência. Não se pode, neste caso, falar de sociedades escravistas.
Com a chegada dos
portugueses, no começo do século XV, teve início o comércio de grande escala de
escravos, envolvendo a aplicação de vultosos capitais.
Com a conquista da
América por espanhóis, portugueses e outros povos europeus, o tráfico negreiro
pelo Atlântico chegaria, segundo estimativas mais aceitas, a 11.313.000
escravos, entre os séculos XVI e XIX. Esse comércio provocou profundas mudanças
na organização social da África. Com tráfico negreiro em grande escala a
escravidão na África deixou de ser uma entre outras formas de dependência
pessoal, como ocorria anteriormente. A partir de então, o continente
africano foi integrado a uma rede internacional de escravidão controlada pela
burguesia mercantil europeia.
Link para as imagens: África e povos americanos
Link para as imagens: África e povos americanos
Fonte Bibliográfica:
ARRUDA, José Jobson de A., PILETTI, Nelson. Toda a
História: História Geral e História do Brasil, Ensino Médio, volume único. São
Paulo: Editora Ática,
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 1,
2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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