terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

AMÉRICA

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    2° Ano 
Disciplina:   História – 2016
 AMÉRICA
·        Choque de “Humanidades”
Na América, o contato entre europeus e indígenas teve profundo impacto sobre ambos. Representou, segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda, o confronto de duas humanidades diversas, tão heterogêneas, (...) que não deixa de impor-se entre elas uma intolerância mortal.
·        Descobrimento ou conquista?
Durante muito tempo, vários historiadores transmitiram uma visão heroica dos feitos do conquistador, o que tornou corrente o uso da expressão descobrimento (da América ou do Brasil), enfatizando o “aspecto civilizador” da chegada dos europeus.
Mais recentemente, os historiadores têm analisado a questão sob outros pontos de vista, ressaltando o impacto da presença dos europeus na destruição dos modos de vida e na dizimação dos povos que viviam na América. Desse ângulo, a questão não é colocada como “descobrimento”, mas como invasão e conquista.
Não se trata, contudo, de mera preferência por palavras. O conceito de descobrimento, na maioria das vezes, relaciona-se à exaltação das ações dos europeus, ignorando os processos históricos que aconteciam no continente americano. Entretanto, a América não era um mundo a ser criado ou à espera de seu descobridor – já fora “descoberta e habitada milhares de anos antes da chegada dos europeus.
·        Conquista da América e Renascimento
A suposição de que a Terra era redonda, e a necessidade de comprovação dessa hipótese através de uma viagem, são um projeto tipicamente renascentista.
Ao descobrir outras culturas, o homem do Renascimento hierarquizou-as: da civilização à barbárie. Nesse sentido, o humanista constituiu-se a partir de uma vontade de domínio e poder sobre todos os povos do mundo.
A América – destruída e construída a partir do padrão europeu – transformava-se em lugar de comprovação da superioridade da cultura europeia. Era necessário construir uma igreja em cima de uma pirâmide indígena. Não podia ser ao lado.
Os descobridores, ao realizarem sua obra de colonização construindo igrejas e outras edificações necessárias à conquista, e os artistas, pintando ou esculpindo na Europa, consideravam a existência de um único padrão de beleza, uma única religião verdadeira, uma cultura superior a todas as outras. Descobridores e artistas olhavam o mundo de um único ponto e a partir dele destruíam e construíam.
O resultado desse esforço renascentista, dessa “plenitude”, foi suporem possuir domínio sobre a vida e a morte das populações que consideravam bárbaras. A América conheceu a expressão mais violenta desse sonho de dominação.
Janice Theodoro da Silva. Descobrimentos e Renascimento. São Paulo, Contexto, 1991. P.56-58, 63-64.
·        Os verdadeiros descobridores da América
Antes da chegada dos europeus, havia no continente americano mais de 3 mil nações indígenas. Apesar de Colombo ter chamado de “índios” os habitantes da América na época da conquista, por trás desse nome genérico encontravam-se sociedades e culturas muito diferentes.
Os aruaques, jês e tupis-guaranis (do atual Brasil), os caraíbas (das atuais Antilhas), os patagônios e araucanos (do sul do continente) e os iroqueses e sioux (da América do Norte) praticavam a caça, a pesca e a coleta, além de dominarem técnicas agrícolas. Utilizavam utensílios e instrumentos de pedra e madeira e, raramente, de metal. Deslocavam-se periodicamente em busca de recursos necessários à sua sobrevivência e organizavam-se em grupos, ligados por parentesco.
Outros povos, como os maias, os astecas e os incas, desenvolveram sociedades com técnicas agrícolas mais elaborada e um governo centralizado (com exceção dos maias, que se organizavam em cidades-Estados); criaram sistemas próprios de escrita (exceto os incas) e tinham conhecimentos sobre arquitetura, matemática e astronomia.
·        Maias, Astecas e Incas
Maias - A civilização maia, que se desenvolveu na península de Yucatán, na América Central, alcançou seu apogeu no século VII.
A economia dos mais baseava-se principalmente no cultivo do milho, feijão e batata-doce. Eles não conheciam o uso do ferro, da roda, do arado e do transporte por animais. A sociedade era dirigida por poderosos sacerdotes.
Os maias construíram grandes templos, pirâmides e observatórios de astronomia; criaram um calendário bastante preciso e um sistema de escrita; desenvolveram a pintura mural e a arte cerâmica.
Astecas – A civilização asteca desenvolveu-se a partir do século XII, na região do México atual; a capital era a cidade de Tenochtitlán (atual cidade do México). Povo guerreiro, os astecas eram governados por um rei poderoso.
Plantavam milho, feijão, cacau, algodão, tomate e tabaco. Além disso, comercializavam bens, como tecidos, peles, cerâmicas, sal, ouro e prata. Desconheciam o uso do ferro, da roda e dos animais de carga. Dominavam, entretanto, a técnica da ourivesaria (trabalhos manuais em ouro), da cerâmica e da tecelagem.
A história da conquista do império Asteca pelos espanhóis teve início em fevereiro de 1519, quando Hernan Cortés desembarcou na península Yucatá. Informado da grande quantidade de ouro existente no território asteca, Cortés decidiu ataca-lo. Combinando violência e habilidade, prendeu o imperador asteca, Montezuma, e saqueou a cidade de Tenochtitlán.
Incas – A civilização inca desenvolveu-se nas regiões que hoje correspondem a parte do Peru, do Equador, da Bolívia e do norte do Chile, alcançando seu período de maior esplendor por volta do século XIV. O Império Inca, com capital na cidade de Cuzco, chegou a ter uma população de 20 milhões de habitantes, governada por um imperador considerado um deus, o filho do Sol (o Inca). Para governar, o imperador contava com chefes militares, governadores de províncias, sacerdotes e muitos funcionários.
A economia dos incas baseava-se no cultivo de milho, batata e tabaco. Desenvolveram a tecelagem, a cerâmica, a metalurgia do bronze e do cobre; sabiam trabalhar metais preciosos, como o ouro e a prata, e utilizavam a lhama como animal de carga. Construíram palácios, templos, estradas pavimentadas, aquedutos e canais de irrigação. Não desenvolveram um sistema de escrita, mas sabiam registrar números e acontecimentos por meio dos quipos (cordões coloridos nos quais se davam nós como forma de registros de informações.
·        Os europeus na visão dos indígenas
Os indígenas formaram imagens variadas a respeito dos europeus: inimigos, invasores, deuses, demônios, impostores, loucos, entre outras. A cada uma dessas imagens ocorreu a reação correspondente. Com Colombo e Cabral, a reação foi hesitante, mas pacífica e de grande curiosidade. Outras vezes, foi de submissão, pois pensaram que os europeus fosses deuses, como no caso de Montezuma. Mas houve também casos de hostilidade e resistência imediata dos grupos indígenas, como aqueles que os conquistadores foram executados e consumidos em rituais de antropofagia.
·        Fatores que contribuíram decisivamente para a vitória dos europeus contra os indígenas
Os espanhóis utilizavam armas de fogo, o cavalo e o aço, que lhes davam ampla vantagem durante as batalhas, mesmo que estivessem em número inferior aos indígenas.
Além disso, as doenças trazidas pelos espanhóis, contra as quais os grupos indígenas não possuíam imunidade, dizimaram comunidades inteiras.
Por fim, os espanhóis souberam utilizar a rivalidade entre os povos indígenas a seu favor, já que os incas e astecas formaram seus impérios a partir da dominação sobre outros povos.
·        Os objetivos dos europeus e as consequências para a população indígena
Os espanhóis passaram a utilizar os indígenas como mão de obra escrava e fundaram missões para catequizá-los. Isso resultou na desestruturação das formas tradicionais de trabalho, da organização social e religiosa e da maneira de utilização do tempo dos povos indígenas.
·        Os indígenas na visão dos europeus
De maneiras diversas. Houve um resgate de boa parte do imaginário europeu com base em mitos antigos, como gigantes, amazonas, acéfalos etc. Mas houve também discussões e visões de cunho moral e filosófico, em que uns defendiam uma natureza inferior e bestial dos indígenas, enquanto outros, numa reflexão mais humanista, passaram a vê-los como selvagens idealizados, seres humanos em estado puro, natural, que, com sua nudez, inocência e falta de cobiça, permitiam aos europeus compreender, por comparação, a si mesmos e seu universo “civilizado”, com todas as suas deformações. Nos dois pontos de vista, a ideia de civilização (europeia) contrasta com a ausência dela na América. O civilizado pode, no primeiro caso, utilizar a não civilização em benefício próprio ou, no segundo caso, tem como obrigação tornar civilizado aquele que não é.
·        Transformação na vida europeia
Os grandes comerciantes e banqueiros europeus obtiveram lucros expressivos com a conquista e a colonização do continente americano. O eixo econômico da Europa, antes, concentrado no mar Mediterrâneo, deslocou-se para os portos do oceano Atlântico, como Lisboa, Sevilha e Cádiz, que mantinham comércio direto com os territórios conquistados na África e América.
Os países que promoveram a expansão comercial-marítima, nos séculos XV e XVI, tornaram-se poderosos na Europa. Pelo pioneirismo, destacaram-se Portugal e Espanha; posteriormente, sobressaíram França, Inglaterra e Holanda. Disputando novos mercados, onde poderiam obter lucros e riquezas, os comerciantes desses países entraram num período de grande concorrência.
Na dinâmica política ocorreu um aumento do poder político e econômico dos países ibéricos.
Culturalmente houve desenvolvimentos de novas técnicas de navegação e difusão de conhecimentos adquiridos no contato com os povos indígenas.
Fonte Bibliográfica:
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume único, 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 1, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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