Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 2°
Ano
Disciplina: História – 2016
AMÉRICA
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Choque de “Humanidades”
Na América, o contato entre europeus e
indígenas teve profundo impacto sobre ambos. Representou, segundo o historiador
Sérgio Buarque de Holanda, o confronto de duas humanidades diversas, tão
heterogêneas, (...) que não deixa de impor-se entre elas uma intolerância
mortal.
·
Descobrimento ou conquista?
Durante muito tempo, vários historiadores
transmitiram uma visão heroica dos feitos do conquistador, o que tornou
corrente o uso da expressão descobrimento (da América ou do Brasil),
enfatizando o “aspecto civilizador” da chegada dos europeus.
Mais recentemente, os historiadores têm
analisado a questão sob outros pontos de vista, ressaltando o impacto da
presença dos europeus na destruição dos modos de vida e na dizimação dos povos
que viviam na América. Desse ângulo, a questão não é colocada como
“descobrimento”, mas como invasão e conquista.
Não se trata, contudo, de mera preferência por
palavras. O conceito de descobrimento, na maioria das vezes, relaciona-se à
exaltação das ações dos europeus, ignorando os processos históricos que
aconteciam no continente americano. Entretanto, a América não era um mundo a
ser criado ou à espera de seu descobridor – já fora “descoberta e habitada
milhares de anos antes da chegada dos europeus.
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Conquista da América e Renascimento
A suposição de que a Terra era redonda, e a
necessidade de comprovação dessa hipótese através de uma viagem, são um projeto
tipicamente renascentista.
Ao descobrir outras culturas, o homem do
Renascimento hierarquizou-as: da civilização à barbárie. Nesse sentido, o
humanista constituiu-se a partir de uma vontade de domínio e poder sobre todos
os povos do mundo.
A América – destruída e construída a partir do
padrão europeu – transformava-se em lugar de comprovação da superioridade da
cultura europeia. Era necessário construir uma igreja em cima de uma pirâmide
indígena. Não podia ser ao lado.
Os descobridores, ao realizarem sua obra de
colonização construindo igrejas e outras edificações necessárias à conquista, e
os artistas, pintando ou esculpindo na Europa, consideravam a existência de um
único padrão de beleza, uma única religião verdadeira, uma cultura superior a
todas as outras. Descobridores e artistas olhavam o mundo de um único ponto e a
partir dele destruíam e construíam.
O resultado desse esforço renascentista, dessa
“plenitude”, foi suporem possuir domínio sobre a vida e a morte das populações
que consideravam bárbaras. A América conheceu a expressão mais violenta desse
sonho de dominação.
Janice Theodoro da
Silva. Descobrimentos e Renascimento. São Paulo, Contexto, 1991. P.56-58,
63-64.
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Os verdadeiros descobridores da América
Antes da chegada dos europeus, havia no
continente americano mais de 3 mil nações indígenas. Apesar de Colombo ter
chamado de “índios” os habitantes da América na época da conquista, por trás
desse nome genérico encontravam-se sociedades e culturas muito diferentes.
Os aruaques, jês e tupis-guaranis (do atual
Brasil), os caraíbas (das atuais Antilhas), os patagônios e araucanos (do sul
do continente) e os iroqueses e sioux (da América do Norte) praticavam a caça,
a pesca e a coleta, além de dominarem técnicas agrícolas. Utilizavam utensílios
e instrumentos de pedra e madeira e, raramente, de metal. Deslocavam-se
periodicamente em busca de recursos necessários à sua sobrevivência e
organizavam-se em grupos, ligados por parentesco.
Outros povos, como os maias, os astecas e os
incas, desenvolveram sociedades com técnicas agrícolas mais elaborada e um
governo centralizado (com exceção dos maias, que se organizavam em
cidades-Estados); criaram sistemas próprios de escrita (exceto os incas) e
tinham conhecimentos sobre arquitetura, matemática e astronomia.
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Maias, Astecas e Incas
Maias - A
civilização maia, que se desenvolveu na península de Yucatán, na América
Central, alcançou seu apogeu no século VII.
A economia dos mais baseava-se principalmente
no cultivo do milho, feijão e batata-doce. Eles não conheciam o uso do ferro,
da roda, do arado e do transporte por animais. A sociedade era dirigida por
poderosos sacerdotes.
Os maias construíram grandes templos, pirâmides
e observatórios de astronomia; criaram um calendário bastante preciso e um
sistema de escrita; desenvolveram a pintura mural e a arte cerâmica.
Astecas – A
civilização asteca desenvolveu-se a partir do século XII, na região do México
atual; a capital era a cidade de Tenochtitlán (atual cidade do México). Povo
guerreiro, os astecas eram governados por um rei poderoso.
Plantavam milho, feijão, cacau, algodão, tomate
e tabaco. Além disso, comercializavam bens, como tecidos, peles, cerâmicas,
sal, ouro e prata. Desconheciam o uso do ferro, da roda e dos animais de carga.
Dominavam, entretanto, a técnica da ourivesaria (trabalhos manuais em ouro), da
cerâmica e da tecelagem.
A história da conquista do império Asteca pelos
espanhóis teve início em fevereiro de 1519, quando Hernan Cortés desembarcou na
península Yucatá. Informado da grande quantidade de ouro existente no
território asteca, Cortés decidiu ataca-lo. Combinando violência e habilidade,
prendeu o imperador asteca, Montezuma, e saqueou a cidade de Tenochtitlán.
Incas – A
civilização inca desenvolveu-se nas regiões que hoje correspondem a parte do
Peru, do Equador, da Bolívia e do norte do Chile, alcançando seu período de
maior esplendor por volta do século XIV. O Império Inca, com capital na cidade
de Cuzco, chegou a ter uma população de 20 milhões de habitantes, governada por
um imperador considerado um deus, o filho do Sol (o Inca). Para governar, o
imperador contava com chefes militares, governadores de províncias, sacerdotes
e muitos funcionários.
A economia dos incas baseava-se no cultivo de
milho, batata e tabaco. Desenvolveram a tecelagem, a cerâmica, a metalurgia do
bronze e do cobre; sabiam trabalhar metais preciosos, como o ouro e a prata, e
utilizavam a lhama como animal de carga. Construíram palácios, templos,
estradas pavimentadas, aquedutos e canais de irrigação. Não desenvolveram um
sistema de escrita, mas sabiam registrar números e acontecimentos por meio dos
quipos (cordões coloridos nos quais se davam nós como forma de registros de
informações.
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Os europeus na visão dos indígenas
Os indígenas formaram imagens variadas a
respeito dos europeus: inimigos, invasores, deuses, demônios, impostores,
loucos, entre outras. A cada uma dessas imagens ocorreu a reação
correspondente. Com Colombo e Cabral, a reação foi hesitante, mas pacífica e de
grande curiosidade. Outras vezes, foi de submissão, pois pensaram que os
europeus fosses deuses, como no caso de Montezuma. Mas houve também casos de
hostilidade e resistência imediata dos grupos indígenas, como aqueles que os
conquistadores foram executados e consumidos em rituais de antropofagia.
·
Fatores que contribuíram decisivamente para a vitória dos
europeus contra os indígenas
Os espanhóis utilizavam armas de fogo, o cavalo
e o aço, que lhes davam ampla vantagem durante as batalhas, mesmo que
estivessem em número inferior aos indígenas.
Além disso, as doenças trazidas pelos
espanhóis, contra as quais os grupos indígenas não possuíam imunidade,
dizimaram comunidades inteiras.
Por fim, os espanhóis souberam utilizar a
rivalidade entre os povos indígenas a seu favor, já que os incas e astecas
formaram seus impérios a partir da dominação sobre outros povos.
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Os objetivos dos europeus e as consequências para a
população indígena
Os espanhóis passaram a utilizar os indígenas
como mão de obra escrava e fundaram missões para catequizá-los. Isso resultou
na desestruturação das formas tradicionais de trabalho, da organização social e
religiosa e da maneira de utilização do tempo dos povos indígenas.
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Os indígenas na visão dos europeus
De maneiras diversas. Houve um resgate de boa
parte do imaginário europeu com base em mitos antigos, como gigantes, amazonas,
acéfalos etc. Mas houve também discussões e visões de cunho moral e filosófico,
em que uns defendiam uma natureza inferior e bestial dos indígenas, enquanto
outros, numa reflexão mais humanista, passaram a vê-los como selvagens
idealizados, seres humanos em estado puro, natural, que, com sua nudez,
inocência e falta de cobiça, permitiam aos europeus compreender, por
comparação, a si mesmos e seu universo “civilizado”, com todas as suas deformações.
Nos dois pontos de vista, a ideia de civilização (europeia) contrasta com a
ausência dela na América. O civilizado pode, no primeiro caso, utilizar a não
civilização em benefício próprio ou, no segundo caso, tem como obrigação tornar
civilizado aquele que não é.
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Transformação na vida europeia
Os grandes comerciantes e banqueiros europeus
obtiveram lucros expressivos com a conquista e a colonização do continente
americano. O eixo econômico da Europa, antes, concentrado no mar Mediterrâneo,
deslocou-se para os portos do oceano Atlântico, como Lisboa, Sevilha e Cádiz,
que mantinham comércio direto com os territórios conquistados na África e
América.
Os países que promoveram a expansão
comercial-marítima, nos séculos XV e XVI, tornaram-se poderosos na Europa. Pelo
pioneirismo, destacaram-se Portugal e Espanha; posteriormente, sobressaíram
França, Inglaterra e Holanda. Disputando novos mercados, onde poderiam obter
lucros e riquezas, os comerciantes desses países entraram num período de grande
concorrência.
Na dinâmica política ocorreu um aumento do
poder político e econômico dos países ibéricos.
Culturalmente houve desenvolvimentos de novas
técnicas de navegação e difusão de conhecimentos adquiridos no contato com os
povos indígenas.
Fonte Bibliográfica:
COTRIM, Gilberto,
História Global – Brasil e Geral, volume único, 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume
1, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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