Col. Est. Dep. Manoel
Mendonça
Prof.: Cássio
Vladimir de Araújo
Série: 3° Ano
Disciplina: História -
2016
SOCIEDADE
E ECONOMIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA
- Sociedade rural
Considerando que
69,7% da população trabalhava no setor agrícola e uma parte do setor de
serviços situava-se também na zona rural, podemos dizer que cerca de ¾ da
população brasileira ativa trabalhava na zona rural. Os 13,8% que atuavam na
indústria, por sua vez, mais a outra parte dos profissionais do setor de
serviços, totalizariam, aproximadamente, o outro ¼ da população e estariam
sediados em zonas urbanas.
- Coronelismo
Coronelismo foi o sistema de dominação,
característico da Primeira República, exercido por grandes proprietários rurais
(os “coronéis), que se tornaram verdadeiros “caciques” ou líderes políticos das
cidades ou regiões onde estavam estabelecidos. Em suas fazendas, os coronéis
exploravam um grande número de trabalhadores, que recebiam salários miseráveis
e passavam a depender de seu auxílio (na forma de empréstimos em dinheiro,
educação dos filhos e em momentos de doença). Nas cidades, eles controlavam,
pessoalmente, os principais empregos e cargos: na prefeitura, na delegacia, na
escola, no cartório público e na estação de trem; os comerciantes, médicos,
advogados, prefeitos, vereadores, delegados, juízes, padres e professores
procuravam se aproximar dos coronéis, em busca de favores.
- O voto de
cabresto
“Voto de cabresto” foi a expressão
popular usada para se referir ao voto dado sob pressão, imposto ao eleitor;
isso acontecia porque o voto de cada eleitor era aberto, declarado
publicamente.
- As oligarquias
agrárias
As oligarquias agrárias montaram, em
cada estado, uma rede de transmissão de poder na qual o coronelismo fazia a
articulação das alianças na base de troca de favores, da dependência pessoal
(clientelismo) e da corrupção, o que permitia manter o poder nas mãos de um
mesmo grupo; no final do mandato, cada governador passava o cargo para um
parente ou correligionário.
- A política dos
governadores
A “política dos governadores” funcionava
na base da troca de favores: os governadores de estado apoiavam o governo
federal, ajudando a eleger deputados federais e senadores favoráveis ao
presidente, que, em retribuição, apoiava os governadores concedendo verbas,
empregos e favores para seus aliados políticos.
Na época, não existia no país uma
Justiça Eleitoral independente que pudesse averiguar possíveis irregularidades
nas eleições. O que existia era uma Comissão Verificadora no Congresso
Nacional, que julgava os resultados eleitorais. A serviço do presidente, A
Comissão Verificadora das eleições aprovava apenas os nomes dos deputados e
senadores da situação (os que apoiavam o governo), impondo obstáculos ao
reconhecimento da vitória eleitoral dos candidatos da oposição
- Política do café
com leite
A expressão “política
do café com leite” foi o apelido dado à aliança entre o Partido Republicano
Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM), que praticamente
dominaram a vida política brasileira durante a Primeira República. Era uma
alusão ao fato de São Paulo ser o primeiro estado em produção de café e Minas
Gerais, o segundo, também se destacar pela produção de leite.
- As exportações
brasileiras
No período de 1889 a
1933 o café liderou a pauta de exportações. Não considerando outros produtos, o
segundo lugar foi ocupado pela borracha, entre 1889 e 1918, e por couro e
peles, entre 1919 e 1933. Durante a Primeira Guerra Mundial o produto que teve
a maior queda significativa das exportações foi o café.
- Consequências da
crise de superprodução de café
As consequências
foram a queda do preço do produto e o acúmulo de estoque, que em 1905 chegou a
corresponder a 70% do consumo mundial de um ano.
- Convênio de
Taubaté
Em 1906,
cafeicultores e políticos reuniram na cidade paulista de Taubaté com o objetivo
de encontrar soluções para as crises de superprodução. Os fazendeiros e os
políticos chegaram a um acordo, conhecido como Convênio de Taubaté, que
dependia da aprovação do governo federal, pelo qual o governo compraria a
produção de café que ultrapassasse a procura do mercado, estocando o excedente
para ser vendido quando os preços se normalizassem. Para efetivar essa compra,
o governo faria empréstimos no exterior. Os fazendeiros foram atendidos; eles
deixaram de ter prejuízos, porque, com a compra do excedente, o preço do café
não caía, embora os estoques do governo aumentassem sem que surgisse
oportunidade de vende-los no mercado externo.
- A borracha e o
cacau
Além do café, a
borracha e o cacau também tiveram seu apogeu na pauta de exportações
brasileiras durante a Primeira República. O declínio na venda desses produtos
ocorreu porque os países compradores da Europa começaram a investir em sua
produção: Inglaterra e Holanda passaram a cultivar seringais na Malásia, no
Ceilão e na Indonésia; o cacau passou a ser cultivado pelos ingleses na Costa
do Ouro (África). Essas produções logo conquistaram os mercados internacionais,
fazendo declinar as vendas do cacau e da borracha brasileiros.
- Imigração,
industrialização e mudanças sociais
O período da Primeira
República também foi marcado pela grande imigração, principalmente europeia, e
pelo avanço industrial no país. Os dois processos tiveram diversos impactos na
sociedade brasileira, entre os quais se destaca o surgimento do movimento operário.
- Imigração para
São Paulo
O estado de São
Paulo, com cerca de 57% do total de imigrantes, foi o estado brasileiro que
recebeu o maior número de imigrantes entre 1890 e 1930. Isso se deveu, em boa
medida, à expansão da economia cafeeira, que abria milhares de postos de
trabalho, e à política do governo paulista de incentivo à imigração, fazendo
propaganda no exterior e concedendo passagens e alojamentos aos imigrantes.
- Fatores que
impulsionaram a industrialização na Primeira República
A expansão dos cafezais,
paralelamente às crises de superprodução, quando muitos cafeicultores aplicaram
seus lucros na indústria, além da existência de um grande número de ex-escravos
e imigrantes que deixaram o campo e o trabalho na agricultura em busca de novas
oportunidades, representando oferta de mão de obra para o setor industrial.
- As condições de
trabalho dos operários na indústria
Os operários eram
submetidos a jornadas de trabalho muito longas (15 horas por dia, de segunda a
sábado e, às vezes, até domingo); para suprir os salários muito baixos, a
família toda era obrigada a trabalhar. Não havia legislação que assegurasse
direitos trabalhistas, como salário mínimo, férias, aviso prévio ou indenização
em caso de demissão. Os locais de trabalho apresentavam condições muito ruins:
pouco espaço, sem iluminação, ventilação ou cuidados com higiene e segurança.
Os acidentes de trabalho eram muito frequentes e atingiam principalmente as
crianças, que também sofriam outras formas de violência (incluindo castigos
físicos). As mulheres eram, ainda, vítimas de assédio sexual por parte de
mestres e contramestres. Em reação, surgiram várias formas de organização
operária, entre elas os sindicatos, que lutaram pela conquista dos direitos
trabalhistas e sociais.
- A primeira greve
geral de operários no Brasil
Em julho de 1917
ocorreu a primeira greve geral de operários no Brasil, quando houve vários
enfrentamentos com a polícia, e o sapateiro anarquista José Martinez, de 21
anos de idade, morreu baleado. Os grevistas reivindicavam aumentos salariais,
jornada de trabalho de oito horas, direito de associação, libertação dos
grevistas presos etc.
- Reação das
elites econômicas e das autoridades
Na greve geral de
1917 tiveram de negociar, fazendo várias promessas, que depois não foram
totalmente cumpridas. Para as elites políticas e econômicas do país,
insensíveis às necessidades dos trabalhadores, as manifestações operárias não
passavam de baderna, que afetava seus interesses, sendo consideradas por isso
“caso de polícia” (expressão do presidente da República Washington Luís).
Assim, os protestos dos trabalhadores não mereceram a devida atenção dos
empresários e dos políticos até o final desse período, sendo tratados com o uso
da violência policial.
- Coronelismo em
Goiás
Durante a República Velha
predominou em Goiás a interferência política de duas famílias, a dos Bulhões
(1870-1910) e a dos Caiados (1912 – 1930).
O
Coronelismo correspondeu a articulação do poder local com a esfera Federal,
representando a Política dos Governadores iniciado no governo de Campos Sales.
A ascensão dos Caiado
ao poder ocorreu devido a campanha civilista, onde os Bulhões apoiaram Rui
Barbosa e os Caiados o candidato oficial Marechal Hermes da Fonseca.
A Política
Salvacionista de Hermes da Fonseca correspondeu a interferência do poder
Federal em Goiás e a substituição dos Bulhões pelos Caiado.
Os coronéis contrários
a qualquer tipo de mudança de caráter progressista, não queriam a estrada de
ferro, pois ela representaria uma força nova de transformação que poderia ameaçar
o “status quo”, ou seja, o poder constituído dos coronéis. A manutenção do
“atraso” era também uma forma de manter a dominação.
A região Sul de Goiás
foi privilegiada com a construção da estrada de ferro, tornando-se o polo de
desenvolvimento e exportação da produção goiana.
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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