terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

SOCIEDADE E ECONOMIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    3° Ano 
Disciplina:   História - 2016

SOCIEDADE E ECONOMIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA

  • Sociedade rural
Considerando que 69,7% da população trabalhava no setor agrícola e uma parte do setor de serviços situava-se também na zona rural, podemos dizer que cerca de ¾ da população brasileira ativa trabalhava na zona rural. Os 13,8% que atuavam na indústria, por sua vez, mais a outra parte dos profissionais do setor de serviços, totalizariam, aproximadamente, o outro ¼ da população e estariam sediados em zonas urbanas.
  • Coronelismo
Coronelismo foi o sistema de dominação, característico da Primeira República, exercido por grandes proprietários rurais (os “coronéis), que se tornaram verdadeiros “caciques” ou líderes políticos das cidades ou regiões onde estavam estabelecidos. Em suas fazendas, os coronéis exploravam um grande número de trabalhadores, que recebiam salários miseráveis e passavam a depender de seu auxílio (na forma de empréstimos em dinheiro, educação dos filhos e em momentos de doença). Nas cidades, eles controlavam, pessoalmente, os principais empregos e cargos: na prefeitura, na delegacia, na escola, no cartório público e na estação de trem; os comerciantes, médicos, advogados, prefeitos, vereadores, delegados, juízes, padres e professores procuravam se aproximar dos coronéis, em busca de favores.

  • O voto de cabresto
“Voto de cabresto” foi a expressão popular usada para se referir ao voto dado sob pressão, imposto ao eleitor; isso acontecia porque o voto de cada eleitor era aberto, declarado publicamente.

  • As oligarquias agrárias
As oligarquias agrárias montaram, em cada estado, uma rede de transmissão de poder na qual o coronelismo fazia a articulação das alianças na base de troca de favores, da dependência pessoal (clientelismo) e da corrupção, o que permitia manter o poder nas mãos de um mesmo grupo; no final do mandato, cada governador passava o cargo para um parente ou correligionário.

  • A política dos governadores
A “política dos governadores” funcionava na base da troca de favores: os governadores de estado apoiavam o governo federal, ajudando a eleger deputados federais e senadores favoráveis ao presidente, que, em retribuição, apoiava os governadores concedendo verbas, empregos e favores para seus aliados políticos.
Na época, não existia no país uma Justiça Eleitoral independente que pudesse averiguar possíveis irregularidades nas eleições. O que existia era uma Comissão Verificadora no Congresso Nacional, que julgava os resultados eleitorais. A serviço do presidente, A Comissão Verificadora das eleições aprovava apenas os nomes dos deputados e senadores da situação (os que apoiavam o governo), impondo obstáculos ao reconhecimento da vitória eleitoral dos candidatos da oposição

  • Política do café com leite
A expressão “política do café com leite” foi o apelido dado à aliança entre o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Republicano Mineiro (PRM), que praticamente dominaram a vida política brasileira durante a Primeira República. Era uma alusão ao fato de São Paulo ser o primeiro estado em produção de café e Minas Gerais, o segundo, também se destacar pela produção de leite.
  • As exportações brasileiras
No período de 1889 a 1933 o café liderou a pauta de exportações. Não considerando outros produtos, o segundo lugar foi ocupado pela borracha, entre 1889 e 1918, e por couro e peles, entre 1919 e 1933. Durante a Primeira Guerra Mundial o produto que teve a maior queda significativa das exportações foi o café.
  • Consequências da crise de superprodução de café
As consequências foram a queda do preço do produto e o acúmulo de estoque, que em 1905 chegou a corresponder a 70% do consumo mundial de um ano.
  • Convênio de Taubaté
Em 1906, cafeicultores e políticos reuniram na cidade paulista de Taubaté com o objetivo de encontrar soluções para as crises de superprodução. Os fazendeiros e os políticos chegaram a um acordo, conhecido como Convênio de Taubaté, que dependia da aprovação do governo federal, pelo qual o governo compraria a produção de café que ultrapassasse a procura do mercado, estocando o excedente para ser vendido quando os preços se normalizassem. Para efetivar essa compra, o governo faria empréstimos no exterior. Os fazendeiros foram atendidos; eles deixaram de ter prejuízos, porque, com a compra do excedente, o preço do café não caía, embora os estoques do governo aumentassem sem que surgisse oportunidade de vende-los no mercado externo.
  • A borracha e o cacau
Além do café, a borracha e o cacau também tiveram seu apogeu na pauta de exportações brasileiras durante a Primeira República. O declínio na venda desses produtos ocorreu porque os países compradores da Europa começaram a investir em sua produção: Inglaterra e Holanda passaram a cultivar seringais na Malásia, no Ceilão e na Indonésia; o cacau passou a ser cultivado pelos ingleses na Costa do Ouro (África). Essas produções logo conquistaram os mercados internacionais, fazendo declinar as vendas do cacau e da borracha brasileiros.
  • Imigração, industrialização e mudanças sociais
O período da Primeira República também foi marcado pela grande imigração, principalmente europeia, e pelo avanço industrial no país. Os dois processos tiveram diversos impactos na sociedade brasileira, entre os quais se destaca o surgimento do movimento operário.
  • Imigração para São Paulo
O estado de São Paulo, com cerca de 57% do total de imigrantes, foi o estado brasileiro que recebeu o maior número de imigrantes entre 1890 e 1930. Isso se deveu, em boa medida, à expansão da economia cafeeira, que abria milhares de postos de trabalho, e à política do governo paulista de incentivo à imigração, fazendo propaganda no exterior e concedendo passagens e alojamentos aos imigrantes.
  • Fatores que impulsionaram a industrialização na Primeira República
A expansão dos cafezais, paralelamente às crises de superprodução, quando muitos cafeicultores aplicaram seus lucros na indústria, além da existência de um grande número de ex-escravos e imigrantes que deixaram o campo e o trabalho na agricultura em busca de novas oportunidades, representando oferta de mão de obra para o setor industrial.
  • As condições de trabalho dos operários na indústria
Os operários eram submetidos a jornadas de trabalho muito longas (15 horas por dia, de segunda a sábado e, às vezes, até domingo); para suprir os salários muito baixos, a família toda era obrigada a trabalhar. Não havia legislação que assegurasse direitos trabalhistas, como salário mínimo, férias, aviso prévio ou indenização em caso de demissão. Os locais de trabalho apresentavam condições muito ruins: pouco espaço, sem iluminação, ventilação ou cuidados com higiene e segurança. Os acidentes de trabalho eram muito frequentes e atingiam principalmente as crianças, que também sofriam outras formas de violência (incluindo castigos físicos). As mulheres eram, ainda, vítimas de assédio sexual por parte de mestres e contramestres. Em reação, surgiram várias formas de organização operária, entre elas os sindicatos, que lutaram pela conquista dos direitos trabalhistas e sociais.
  • A primeira greve geral de operários no Brasil
Em julho de 1917 ocorreu a primeira greve geral de operários no Brasil, quando houve vários enfrentamentos com a polícia, e o sapateiro anarquista José Martinez, de 21 anos de idade, morreu baleado. Os grevistas reivindicavam aumentos salariais, jornada de trabalho de oito horas, direito de associação, libertação dos grevistas presos etc.
  • Reação das elites econômicas e das autoridades
Na greve geral de 1917 tiveram de negociar, fazendo várias promessas, que depois não foram totalmente cumpridas. Para as elites políticas e econômicas do país, insensíveis às necessidades dos trabalhadores, as manifestações operárias não passavam de baderna, que afetava seus interesses, sendo consideradas por isso “caso de polícia” (expressão do presidente da República Washington Luís). Assim, os protestos dos trabalhadores não mereceram a devida atenção dos empresários e dos políticos até o final desse período, sendo tratados com o uso da violência policial.
  • Coronelismo em Goiás
Durante a República Velha predominou em Goiás a interferência política de duas famílias, a dos Bulhões (1870-1910) e a dos Caiados (1912 – 1930).
O Coronelismo correspondeu a articulação do poder local com a esfera Federal, representando a Política dos Governadores iniciado no governo de Campos Sales.
A ascensão dos Caiado ao poder ocorreu devido a campanha civilista, onde os Bulhões apoiaram Rui Barbosa e os Caiados o candidato oficial Marechal Hermes da Fonseca.
A Política Salvacionista de Hermes da Fonseca correspondeu a interferência do poder Federal em Goiás e a substituição dos Bulhões pelos Caiado.
Os coronéis contrários a qualquer tipo de mudança de caráter progressista, não queriam a estrada de ferro, pois ela representaria uma força nova de transformação que poderia ameaçar o “status quo”, ou seja, o poder constituído dos coronéis. A manutenção do “atraso” era também uma forma de manter a dominação.
A região Sul de Goiás foi privilegiada com a construção da estrada de ferro, tornando-se o polo de desenvolvimento e exportação da produção goiana.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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