Col. Est.
Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio
Vladimir de Araújo
Série: 3° Ano
Disciplina: História -
2015
REPÚBLICA
- População
excluída do processo
A
queda do regime monárquico e a proclamação da República ocorreram num clima de
ordem e de concordância entre as elites. Provavelmente, a
ideia predominante era mudar a forma de governo sem revolucionar a sociedade
brasileira. Por isso, não houve interesse, por parte das elites, em
convocar a população em geral para participar desse processo.
Num
relato que ficou famoso, Aristides da Silveira Lobo, jornalista e ministro do
primeiro governo republicano, expressou a ausência popular no dia em que foi
proclamada a República, 15 de novembro. Ele conta que, naquela ocasião, o
povo assistiu a tudo “bestializado”, supondo que estivesse vendo, talvez, uma
para militar.
- As
principais decisões do Governo Provisório para a República.
Na
noite de 15 de novembro de 1889, formou-se o governo provisório republicano
para dirigir o país. O novo governo foi organizado pelos
grupos sociais que promoveram a República, entre eles militares,
cafeicultores e profissionais liberais. Era liderado pelo marechal
Deodoro da Fonseca, que deixara de ser monarquista às vésperas do golpe
republicano.
De
modo geral, foram as seguintes: instituição do federalismo (as
províncias foram transformadas em estados-membros da federação, com maior
autonomia administrativa em relação ao governo federal); separação ente
Igreja e Estado (foi extinto o
regime de padroado, o catolicismo deixou de ser a religião oficial do Estado e
foram criados o registro civil de nascimento e o casamento civil); criação
de novos símbolos nacionais (como bandeira nacional, com o lema Ordem e
Progresso, inspirado na filosofia de Auguste Comte); promulgação da lei da
grande naturalização, em 1890 (que declarava que os estrangeiros residentes
no Brasil seriam cidadãos brasileiros, uma tentativa do governo de amenizar o
sentimento antilusitano que existia, sobretudo, por parte dos brasileiros
pobres que se sentiam explorados).
- Encilhamento
e suas consequências.
Foi
a reforma financeira lançada pelo ministro da Fazenda, Rui Barbosa, a
partir de janeiro de 1890, com o objetivo de estimular o crescimento
econômico, principalmente o desenvolvimento da indústria. Para isso, os bancos
do país foram autorizados a emitir grande quantidade de moeda. Esse volume de dinheiro
em circulação, que não correspondia à produção real da economia, gerou grande
inflação e incentivou o aparecimento de “empresas-fantasma”, criadas apenas
para obter o crédito facilitado dos bancos. A especulação financeira
tornou-se cada vez maior, agravando ainda mais a desorganização econômica. A
crise e as pressões fizeram com que Rui Barbosa se demitisse do cargo, em
janeiro de 1891.
- A
primeira Constituição da República
Os
pontos fundamentais da primeira Constituição da República foram: Adoção do
sistema presidencialista, com a criação de um Estado federalista, no qual
os estados-membros ganharam autonomia para eleger seu governador e seus
deputados estaduais; criação de três poderes independentes (Executivo, Legislativo e Judiciário);
garantia
do direito de voto aos brasileiros maiores de 21 anos, excluindo mulheres,
analfabetos, mendigos, soldados e religiosos sujeitos à obediência eclesiástica; além disso, o voto era aberto, o que
permitia que o eleitor fosse pressionado na hora de votar (voto de cabresto).
- A
gestão dos primeiros presidentes (militares)
Governo
constitucional de Deodoro da Fonseca (1891) – Contrariando o desejo
da elite cafeeira, Deodoro da Fonseca foi eleito em 1891 por um Congresso
pressionado pelos militares. Sem saber lidar com a forte oposição
parlamentar a seu governo, Deodoro fechou o Congresso, em novembro de 1891.
Esse desrespeito à Constituição fez com que a oposição se organizasse contra
ele: houve protestos e greve dos trabalhadores da Estrada de Ferro Central do
Brasil, e membros da marinha, liderados pelo almirante Custódio de Melo,
ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro (episódio conhecido como Primeira
Revolta Armada). Deodoro não encontrou outra saída senão renunciar, em 23
de novembro de 1891.
Governo de Floriano
Peixoto (1891-1894) – O marechal Floriano Peixoto chegou ao
poder apoiado pelas forças políticas de São Paulo e por influentes setores
das forças armadas. Também não agradou à todos e o principal motivo foi sua
face autoritária, apesar de seu perfil popular. Os oposicionistas defendiam que
deveria ser convocada uma nova eleição; entretanto, Floriano cumpriu o mandato
até o final. O perfil popular foi adquirido devido algumas medidas: Floriano
baixou o preço da carne e dos aluguéis residenciais e aprovou uma lei que
previa a construção de casas populares.
Floriano ficou conhecido como “Marechal de Ferro” devido
à sua maneira enérgica de enfrentar os adversários políticos.
- Conflitos
ocorridos no governo de Floriano Peixoto
Segunda
Revolta da Armada, causada pelo fato de o governo não ter
acatado a exigência dos militares de convocação de novas eleições
presidenciais. Revolução Federalista, causada pelo violento conflito ocorrido
no Rio Grande do Sul entre o Partido Republicano Rio-grandense (que era adepto
do positivismo e tinha o apoio político-militar de Floriano) e o Partido
Federalista (que defendia o parlamentarismo e pretendia revogar a Constituição
gaúcha, que permitia a reeleição indefinida do presidente do estado).
- Goiás
na Virada do Século (1889-1900)
No final do século passado e início deste, o recém-criado
Estado de Goiás, apesar de ocupar 7,75% do território nacional constituía na
realidade uma “ilha” de isolamento dentro de nosso país, em todos os
sentidos: econômico, social, demográfico, político, cultural.
Como Goiás ainda não tinha telégrafo, a notícia da
Proclamação da república aqui chegou através de uma carta vinda de Franca, no
dia 28 de novembro.
A nova proclamação colheu de surpresa todos os políticos da
província. O povaréu não participava da vida política, portanto o 15 de
novembro nada representou para ele.
Os efeitos do 15 de novembro em Goiás prenderam – se as
questões administrativas e políticas. Os fatores sócio-econômico e culturais
não sofreram abalo: O liberto continuou
flutuante, caminhando para o marginalismo social; as elites dominantes
continuaram as mesmas; não ocorreu a imigração europeia; os latifúndios
improdutivos, áreas imensas para povoar e explorar; decadência sem se pensar em
modificar a estrutura de produção; pecuária e agricultura deficitárias;
educação em estado embrionário; povo esquecido em suas necessidades, mas usado
pelos hábeis políticos, que baixavam decretos em seu nome.
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 3, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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