terça-feira, 7 de novembro de 2017

DESIGUALDADES SOCIAIS - SOCIOLOGIA - 2º ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    2° Ano 
Disciplina:   Sociologia – 2017

DESIGUALDADES SOCIAIS

·       Desigualdades de gênero e de raça no Brasil
No conjunto de ideias e conceitos com base em crenças e tradições compartilhadas que denominamos imaginário coletivo, há um modelo de indivíduo e de sociedade no qual as diferenças culturais e biológicas têm função hierarquizadora em espaços distintos da vida social. É assim, por exemplo, que a mulher é percebida como “naturalmente inferior” ao homem. Essa concepção, base da discriminação presente nas relações de gênero, coloca a mulher em desvantagem nas diversas maneiras de relação social. A desvantagem se intensifica se associada a outro modo de desigualdade, como classe ou raça. No mundo do trabalho, por exemplo, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) realizada pelo IBGE, em 2011 as mulheres ganharam, em média, até 28% menos do que os homens para desempenhar as mesmas funções.
Apesar de a legislação determinar que não haja diferenças salariais entre os sexos, tanto na Constituição quanto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), pesquisas (como as da empresa Catho, Líder em recrutamento on-line) demonstram que de 2002 para cá, em algumas regiões metropolitanas brasileiras, as mulheres aumentaras sua participação no mercado de trabalho (na liderança  das empresas, por exemplo, o crescimento foi de cerca de 109%) e melhoraram o grau de instrução em relação aos homens, mas continuam recebendo menos do que eles. Quando se trata de mulheres negras, tal diferença supera os 170%,
Essa relação desigual aparece também fora do mundo do trabalho. Boa parte das mulheres exercem dupla jornada, no emprego e em casa. E, ainda que tenham ocorrido avanços nessa relação, os casos de exploração, violência e discriminação são comuns.
Outra manifestação recorrente de desigualdade social no Brasil é aquela sofrida por negros, indígenas e seus descendentes desde o período colonial. O fim da escravidão não significou para os negros sua inserção em condições de igualdade na sociedade brasileira. Para o sociólogo paulista Octavio Ianni, o que ocorreu foi a transformação do negro de escravo em mão de obra livre e subalterna. O processo de privação material e de dominação ideológica empreendido desde então exemplifica o tratamento desigual dispensado aos negros na sociedade brasileira.
Do ponto de vista material, todas as pesquisas demonstram um tratamento diferenciado entre brancos e negros. Por exemplo, a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE de 2013, realizada em algumas regiões metropolitanas brasileiras, constatou que um trabalhador negro ganha em média 57,4% do que recebe um trabalhador branco.
Outro aspecto da desigualdade sofrida pela população negra são os casos de discriminação e violência dos quais são vítimas.... Os jovens negros constituem a maioria das vítimas de homicídio. Entre 2002 e 2012, enquanto a taxa de brancos assassinados cais de 19.946 em 2002 para 14.928, o número de negros mortos subir de 29.656 para 41.127 no mesmo período.... Uma pesquisa da Universidade de São Carlos divulgada em 2014 demonstrou que 58% das mortes provocadas por policiais no estado de São Paulo têm como alvo a população negra, que por sua vez, corresponde a apenas 34% da população do estado.
No que se refere à juventude negra, outro dado importante são as diferenças no acesso à educação. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, ... demonstram que os jovens negros entre 18 e 24 anos possuem inserção escolar desigual em relação à população branca. Isso se explica pelas dificuldades encontradas pela população negra de entrar e permanecer na escola. Ainda que se tenha observado melhora nos índices relacionados à juventude negra, quando comparados com os da juventude branca, verifica-se que eles são muito inferiores. Essa inserção desigual tem consequências, por exemplo, no mercado de trabalho.
Assim como a população negra, os povos indígenas vivem em um contexto de profunda discriminação e desigualdade. Pelo censo do IBGE de 2010, foram contabilizados pouco mais dde 896 mil indígenas, que, em sua maioria, vivem em condições de pobreza e sujeitos a diferentes tipos de violência. Segundo S. James Anaya, conhecido por sua atuação como relator especial da ONU para Situação dos Direitos Humanos e Liberdades Fundamentais dos Povos Indígenas, eles sofrem com a negação efetiva de seus direitos de autodeterminação (capacidade de um povo de organizar-se e dirigir-se politicamente por si mesmo, soberanamente, com eleições livres para escolha de seus governantes) e das condições materiais para que possam desenvolver-se economicamente. Além disso, são vítimas constantes da violência praticada por grupos que se interessam por suas terras.
Um exemplo desse tratamento desigual poder ser encontrado no constante desrespeito às tradições dos povos e nações indígenas. Projetos governamentais, como a construção de barragens em terras ocupadas por essas populações, desconsideram os efeitos da inundação dessas áreas para a cultura e a sobrevivência autônoma dos indígenas. ”
SILVA, Afrânio; ... [et al.] Sociologia em movimento: ensino médio; volume único. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016.

·       Desigualdade na distribuição da riqueza
“A desigualdade na distribuição da renda – contraste entre ricos e pobres – é a mais evidente expressão da injustiça social, pois priva os mais vulneráveis do direito à vida (a baixa renda pode ocasionar fome e subnutrição), o direito de abrigar-se (é o caso dos sem-teto, dos moradores de ruas ou dos sem-terra) e até mesmo do direito à liberdade e ao trabalho digno, indivíduos ou grupos podem apresentar condições desiguais ainda que tenham tidos as mesmas oportunidades e se encontrem em posições semelhantes.”
Tempos modernos, tempos de sociologia: ensino médio: volume único / Helena Bomeny... [et al.] (coordenação). – 2. ed. – São Paulo: Editora do Brasil. 2013.
           
“A análise dos fenômenos das classes sociais e da dominação social coloca-nos diante da presença de ricos e pobres em nossa sociedade. O Brasil é um dos países com maior concentração de renda no mundo, pois há uma substancial diferença de valores entre os rendimentos e as posses dos mais ricos e dos mais pobres. É perversa e injusta a distribuição de renda e de oportunidades sociais no país....
O problema da distribuição das riquezas no Brasil é histórico-estrutural e decorre de fatores como a herança do sistema escravista e a falta de reformas sociais, econômicas e políticas. A exclusão histórica, ainda hoje, afeta parcelas significativas da população empobrecida, compostas de famílias numerosas que vivem o drama da fome e do analfabetismo. ”
ARAÚJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi Sociologia: volume único: ensino médio, 2. ed. São Paulo: Scipione, 2016.
“Apesar de algumas avaliações otimistas e da melhora em certos índices, dados do último censo Demográfico, em 2010, mostram que a desigualdade de renda ainda é bastante acentuada no Brasil. De acordo com o economista Marcelo Neri, a baixa escolaridade da população brasileira mantém o país entre as dez nações mais desiguais do mundo.
O Índice de Gini (ou Coeficiente de Gini), um importante indicador social, é a ferramenta estatística mais utilizada para estudar desigualdade de renda. O Gini é uma medida, e seu valor varia de 0 a 1. O valor 0 (zero) indica que cada unidade familiar de um país ganha exatamente a mesma quantidade de dinheiro – é a completa igualdade de renda. No polo oposto, o índice com valor igual a 1 indica que uma só família ganha a renda nacional inteira – completa desigualdade de renda. Esses são extremos teóricos na realidade, a maioria dos países tem índice de Gini entre 0,2 e 0,5. O do Brasil era de 0,527 em 2011, segundo o Ipea, o que o colocava entre os 12 países mais desiguais do mundo.
·       Desigualdade de oportunidades
“Hoje, apesar do contexto de consolidação da democracia, é possível constatar que a desigualdade socioeconômica brasileira está muito relacionada à desigualdade de oportunidades e de condições. Ou seja, existem diferenças nas circunstâncias que afetam o sucesso das pessoas e que não dependem de seus esforços nem de suas decisões pessoais. Essas circunstâncias incluem o grau de escolaridade e a ocupação dos pais, a qualidade da escola que o indivíduo frequenta, seus ambientes de socialização, além de outros elementos, com cor da pele....
Atualmente em boa parte dos países vigora o pressuposto de igualdade de oportunidades, ou seja, todos os cidadãos têm o direito de tratamento idêntico pela lei, vetando-se diferenciações arbitrárias e discriminações – como consta do art. 5° da Constituição Federal de 1988, que afirma serem “todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]”. Esse pressuposto consagra o princípio da igualdade de oportunidades.
Entretanto, essa proposição de igualdade esbarra na imensa desigualdade de condições, por exemplo, na hora de iniciar e continuar os estudos ou de garantir uma alimentação adequada. Esses são dois elementos, entre outros, que demonstram o impacto representado pelas desigualdades sociais sobre a geração de possibilidades de desenvolvimento pessoal e profissional.
Claro está, portanto, que há um grande desafio quando se fala em reduzir a distância entre a igualdade formal de oportunidades e a desigualdade real de condições. Em linhas gerais, esse desafio seria o aprimoramento das políticas e dos programas sociais destinados a redistribuir renda, fundados em regras de funcionamento claras e abrangentes, e que, sobretudo, sejam políticas de Estado, e não de governo, ou seja, que tenham continuidade, independentemente de quem ocupe o Poder Executivo. Por outro lado, há urgência na ampliação das oportunidades para que os jovens possam encontrar maneiras reais de mobilidade social, o que significa melhores condições de acesso à educação, à saúde, ao mercado de trabalho e uma redução da violência da qual são vítimas, principalmente aqueles que representam as minorias sociais discriminadas como mulheres, negros e indígenas.

·       Desigualdade digital
Um olhar sobre o mundo atual permite perceber um novo tipo de desigualdade: a digital. A revolução digital trouxe para o cotidiano a presença impositiva de novas tecnologias. Celulares, computadores pessoais, internet e redes sociais são algumas das muitas maneiras de utilizar a tecnologia como ferramenta de estudo e de trabalho e, principalmente, como meio de comunicação.
Entretanto, o acesso ao mundo digital não é igualitário. As diferenças econômicas, geralmente acompanhadas de desigualdade de escolaridade, fazem com que alguns se tornem consumidores de toda e qualquer tecnologia disponível, enquanto muitos outros continuam dependendo das iniciativas de governos ou de Organizações não governamentais (ONGs), ou, ainda, de locais que disponibilizam o acesso à internet mediante pagamento por hora para conseguir utilizar essas tecnologias. A diferença de escolaridade também contribui para a desigualdade digital, pois pessoas com dificuldade de leitura e escrita podem ter mais dificuldade de se apropriar dos novos recursos tecnológicos.
Ao mesmo tempo, a desigualdade digital acaba reforçando outras formas de desigualdade, pois o domínio da tecnologia facilita o acesso a bons empregos. ”
SILVA, Afrânio; ... [et al.] Sociologia em movimento: ensino médio; volume único. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016

Fonte Bibliográfica:

ARAÚJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi Sociologia: volume único: ensino médio, 2. ed. São Paulo: Scipione, 2016.
Tempos modernos, tempos de sociologia: ensino médio: volume único / Helena Bomeny... [et al.] (coordenação). – 2. ed. – São Paulo: Editora do Brasil. 2013.

SILVA, Afrânio; ... [et al.] Sociologia em movimento: ensino médio; volume único. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016.

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