Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 3º Ano
Disciplina: Geografia - 2017
INDUSTRIALIZAÇÃO
BRASILEIRA
· Origens
da industrialização
A
industrialização brasileira começou de forma incipiente na segunda metade do
século XIX, período em que se destacaram importantes empreendedores, como o
barão de Mauá, no eixo São Paulo-Rio de Janeiro, e Delmiro Gouveia, em
Pernambuco.
A
partir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) o país passou por um processo
significativo de desenvolvimento industrial e de maior diversificação do parque
fabril. Isso porque houve uma redução da entrada de mercadorias estrangeiras no
Brasil por causa do conflito na Europa.
Em
1919, as fábricas de tecidos, roupas, alimentos, bebidas e fumo (indústrias de
bem de consumo não duráveis) eram responsáveis por 70% da produção industrial
brasileira; em 1939, no início da Segunda Guerra Mundial, essa porcentagem
havia sido reduzida para 58% por causa do aumento da participação de outros
produtos como aço, máquinas e material elétrico. Contudo a industrialização
brasileira ainda contava, predominantemente, com indústrias de bens de consumo
não duráveis e investimentos de capital privado nacional.
· Fatos
que desencadearam enorme impulso
A
industrialização brasileira sofreu seu maior impulso a partir de 1929, com a
crise econômica mundial decorrente da quebra da Bolsa de Valores de Nova York.
Principalmente na região Sudeste do Brasil, essa crise se refletiu na redução
do volume de exportações de café e na perda da importância dessa atividade no
cenário econômico, o que contribuiu para a diversificação da produção agrícola
brasileira.
Outro
acontecimento que contribuiu para o desenvolvimento industrial foi a Revolução
de 1930, que desalojou a oligarquia agroexportadora paulista do poder e abriu
novas possibilidades político-administrativas em favor da industrialização, uma
que o grupo que tomou o poder com Getúlio Vargas era nacionalista e favorável a
tornar o Brasil um país industrial. Apesar disso, a agricultura continuou
responsável pela maior parte das exportações brasileiras até a década de 1970.
A
partir da crise de 1929, as atividades industriais passaram a apresentar
índices de crescimento superiores aos das atividades agrícolas. O colapso
econômico mundial diminuiu a entrada de mercadorias estrangeiras que poderiam
competir com as nacionais, incentivando o desenvolvimento industrial.
· O
ciclo do café e a indústria brasileira
É
importante destacar que o café permitiu a acumulação de capitais que serviram
para implantar toda a infraestrutura necessária ao impulso da atividade
industrial. Os barões do café, que residiam nos centros urbanos, sobretudo na
cidade de São Paulo, para cuidar da comercialização da produção nos bancos e
investir na Bolsa de valores, aplicavam enorme quantidade de capital no sistema
financeiro, capital esse que ficou em parte disponível para a implantação de
indústrias e infraestrutura. Todas as ferrovias, construídas com a finalidade
principal de escoar a produção cafeeira para o porto de Santos, interligavam-se
na capital paulista e constituíam um eficiente sistema de transporte. Havia
também grande disponibilidade de mão de obra imigrante que foi liberada dos
cafezais pela crise ou que já residia nas cidades, além de significativa
produção de energia elétrica. Além desses fatores, o colapso econômico mundial
causou a diminuição da entrada de mercadorias estrangeiras, que poderiam
competir com as nacionais.
A
associação desses fatores constituiu a semente do processo de industrialização,
que passou a germinar notadamente na cidade de São Paulo, onde havia maior
disponibilidade de capitais, trabalhadores qualificados e a infraestrutura
básica a que nos referimos. Regiões dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande
do Sul e Minas Gerais também intensificaram seus processos de industrialização.
· A
política industrial do governo Getúlio Vargas
Getúlio,
que governou o país pela primeira vez de 1930 a 1945, foi o presidente
empossado pela Revolução de 1930 a 1945, de cunho modernizador.
De
1930 a 1956, a industrialização no país caracterizou-se por uma estratégia
governamental de implantação de indústrias estatais nos setores de bens de
produção e de infraestrutura: siderurgia (Companhia Siderúrgica Nacional –
CSN), extração de petróleo e petroquímica (Petrobras) e bens de capital
(Fábrica Nacional de Motores – FNM, que, além de caminhões e automóveis,
fabricava máquinas e motores), e também da extração mineral (Companhia Vale do
Rio Doce – CVRD) e da produção de energia hidrelétrica (Companhia Hidrelétrica
do São Francisco – Chesf). A implantação desses setores industriais e de
infraestrutura estratégica necessitava de investimento inicial muito elevado.
Como essas atividades na época eram pouco atraentes ao capital privado, fosse
ele nacional ou estrangeiro, porque o retorno do capital investido era muito
lento, o Estado se incumbiu de realizar esses investimentos.
Portanto,
nesse período, a ação do Estado foi decisiva para impulsionar e diversificar os
investimentos no parque industrial do país, combatendo os principais obstáculos
ao crescimento econômico. Além de fornecer os bens de produção e os serviços de
que os industriais privados necessitavam em suas indústrias de bens de consumo,
o Estado os fornecia a preços mais baixos do que os cobrados pelas empresas
privadas, fossem elas nacionais ou estrangeiras. Essa medida visava ao
fortalecimento do parque industrial brasileiro. Era uma política fortemente
nacionalista.
Embora
a expressão substituição de importações possa ser utilizada desde que a
primeira fábrica foi instalada no país, permitindo substituir a importação de
determinado produto, foi o governo Getúlio Vargas que iniciou a adoção de
medidas fiscais e cambiais que caracterizaram uma política industrial voltada à
produção interna de mercadorias que até então eram importadas.
As
duas principais medidas adotas foram a desvalorização da moeda nacional (réis
até 1942 e, a seguir, cruzeiro) em relação ao dólar, o que tornava o produto
importado mais caro (desestimulando as importações), e a implantação de leis e
tributos que restringiam, e às vezes proibiam, a importação de bens de consumo
e de produção que pudessem ser fabricados internamente.
Ao
retornar à Presidência em 1951, eleito pelo povo, Getúlio Vargas retomou seu
projeto nacionalista: passou a investir em setores que deram suporte e
impulsionaram o crescimento econômico – sistemas de transportes, comunicações,
produção de energia elétrica e petróleo – e restringiu a importação de bens de
consumo. Apoiado por um grande movimento nacionalista popular, Getúlio
dedicou-se à criação da Petrobrás (1953) e do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social – BNDES (1952).
· O
Plano de Metas de Juscelino Kubitschek
Durante
o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961) houve um grande crescimento
econômico em consequência da implantação do chamado Plano de Metas.
Embalado
por uma ideologia desenvolvimentista, o governo divulgava o objetivo de fazer o
país crescer “50 anos em 5”, e buscava interiorizar a ocupação do território,
integrando espaços com domínios naturais e ocupados pela agricultura e pecuária
aos grandes centros urbano-industriais. Foi nessa época que a capital federal
foi transferida do litoral para o interior com a construção de Brasília,
inaugurada em 1960.
Na
execução desse plano, 73% dos investimentos dirigiam-se aos setores de energia
e transportes. Isso permitiu grande aumento da produção de hidroeletricidade e
de carvão mineral, forneceu o impulso inicial ao programa nuclear, elevou a
capacidade prospecção e refino de petróleo, pavimentação e construção de
rodovias (14.970 km), além de melhorias nas instalações e serviços portuários,
aeroviários e reaparelhamento e construção de pequena extensão de ferrovias
(827 km).
Paralelamente,
em virtude dos investimentos estatais em obras de infraestrutura e incentivos
do governo, houve expressivo ingresso de capital estrangeiro, responsável por
grande crescimento da produção industrial, principalmente nos setores
automobilísticos, químico-farmacêutico e de eletrodomésticos. O parque
industrial brasileiro passou, assim a contar com significativa produção de bens
de consumo duráveis, o que sustentou e deu continuidade à política de
substituições de importações.
Ao
longo do governo JK consolidou-se o tripé da produção industrial nacional,
formado pelas indústrias.
Ø De bens de consumo não duráveis, que desde
a segunda metade do século XIX já vinham sendo produzidos, com amplo predomínio
do capital privado;
Ø De bens de produção e bens de capital, que
contaram com investimento estatal nos governos de Getúlio Vargas;
Ø De bens de consumo duráveis, com forte
participação de capital estrangeiro, como vimos anteriormente.
· Consequências
do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek
Entretanto,
o sucesso do Plano de Metas resultou num significativo aumento da inflação e da
dívida externa, contraída para financiar seus investimentos. Além disso, a
opção pelo transporte rodoviário, sistema não recomendável em países
territorialmente extensos como o nosso, marcou economicamente o Brasil de forma
duradoura, diminuindo a competitividade dos produtos brasileiros no mercado
internacional, com consequências até os dias atuais.
A
política do Plano de Metas acentuou a concentração do parque industrial na
região Sudeste, agravando os contrastes regionais. Com isso, as migrações
internas intensificaram-se, provocando o crescimento acelerado e desordenado
dos grandes centros urbanos, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro. Os
problemas decorrentes da falta de planejamento urbano permanecem até hoje e
também abrangem aglomerações urbanas que não abrigam grande parque industrial.
· O
milagre econômico
O
período que vai de 1968 a 1973, conhecido como o período do “milagre
econômico”, caracterizou-se por elevados índices de crescimento econômico,
sustentado por drástica elevação da dívida externa, contraída a taxas de juros
flutuantes. A política industrial do período da ditadura militar (1964-1985)
foi marcada pela internacionalização e estatização da economia nacional,
acompanhada de grande crescimento do produto interno bruto (PIB).
·
Fontes
- Moreira, João
Carlos, Eustáquio de Sene – Geografia : volume um – São Paulo: Scipione, 2014.
- Vasentini, José Villian – Georafia: O mundo em
transição – Ensino Médio – São Paulo: Ática, 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.