quinta-feira, 30 de novembro de 2017

FILOSOFIA HELENÍSTICA E GRECO ROMANA - FILOSOFIA 1º ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    1° Ano 
Disciplina:   Filosofia – 2017

FILOSOFIA HELENÍSTICA

·       A busca da felicidade interior
Com a conquista da Grécia pelos macedônios (322 a.C.), teve início o chamado período helenístico. Devido à expansão militar do império macedônico, efetuada por Alexandre Magno, o período helenístico caracterizou-se por um processo de interação entre a cultura grega clássica e a cultura dos povos orientais conquistados.
O mesmo processo se deu no campo filosófico. As escolas platônica (Academia) e aristotélica (Liceu) – dirigidas, respectivamente, pelos discípulos de Platão e Aristóteles – continuaram abertas e em plena atividade, mas os valores gregos começaram a mesclar-se com as mais diversas tradições culturais.

·       Do público ao privado
No plano político, a antiga liberdade do cidadão grego, exercida no contexto de autonomia de suas cidades, foi desfigurada pelo domínio macedônico, ocorrendo um declínio da participação do cidadão nos destinos da pólis.
Nesse contexto, as preocupações coletivas das pólis cederam lugar às preocupações pessoais, a reflexão política enfraqueceu-se e a vida privada tornou-se o centro das investigações políticas.
As principais correntes filosóficas desse período vão tratar da intimidade, da vida pessoal e interior do ser humano. Formulam-se, então diversos modelos de conduta, “artes de viver”, “filosofias da vida”.
Parece que a principal preocupação dos filósofos era proporcionar às pessoas desorientadas e inseguras com a vida pessoal alguma forma de paz de espírito, de felicidade interior em meio às atribulações da época. Um dos principais filósofos desse período, Epicuro, aconselhava que as pessoas se afastassem dos perigos e da intranquilidade da vida política e buscassem a felicidade em sua vida privada. “Viva oculto” era um de seus mandamentos.
Entre as novas tendências desse período, destacaremos o epicurismo, o estoicismo, o pirronismo e o cinismo.

·       Epicurismo: o prazer
O epicurismo é uma corrente filosófica fundada por Epicuro (341-271 a.C), que defendia que o prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz.
No entanto, Epicuro distinguia dois grandes grupos de prazeres. O primeiro reúne os prazeres mais duradouros, que encantam o espírito, como a boa conversação, a contemplação das artes, a audição da música etc. O segundo inclui os prazeres mais imediatos, muitos dos quais são movidos pela explosão das paixões e que, ao final, podem resultar em dor e sofrimento.
De acordo com o filósofo, para que possamos desfrutar os grandes prazeres do intelecto, precisamos aprender a dominar os prazeres exagerados da paixão, como os medos, os apegos, a cobiça, a inveja. Por isso, os epicuristas buscavam a ataraxia, isto é, o estado de ausência da dor, quietude, serenidade impertubabilidade da alma.

·       Estoicismo: o dever
O estoicismo, fundado a partir das ideias de Zenão de Cício (336-263 a.C.), foi a corrente filosófica de maior influência no período helenístico.
Os representantes dessa escola eram conhecidos como estoicos e defendiam a noção de que toda realidade existente é uma realidade racional. Isso significa que todos os seres, os indivíduos e a natureza fazem parte dessa realidade racional.
Segundo esses pensadores, o que chamamos de Deus nada mais é do que a fonte dos princípios racionais que regem a realidade. Integrado à natureza, não existe para o ser humano nenhum outro lugar para ir ou fugir, além do próprio mundo em que vivemos. Somos este mundo e, ao morrer, nos dissolvemos neste mundo.
Portanto, não dispomos de poderes para alterar substancialmente a ordem universal do mundo, mas por meio da filosofia podemos compreendê-la e viver segundo ela. Assim, em vez do prazer dos epicuristas, Zenão propõe o dever, vinculado à compreensão da ordem cósmica, como o melhor caminho para a felicidade. É feliz aquele que vive segundo sua própria natureza, a qual, por sua vez integra a natureza do universo.
Os estoicos também defendiam uma atitude de austeridade física e moral, baseada em virtudes como a resistência ante o sofrimento, a coragem ante o perigo, a indiferença ante as riquezas materiais. O ideal perseguido era um estado de plena serenidade (ataraxia) para lidar com os sobressaltos da existência, fundado na aceitação e na compreensão dos “princípios universais” que regem toda a vida

·       Pirronismo: a suspensão do juízo
Fundada a partir das ideias de Pirro de Élida (365-275 a.C), o pirronismo foi uma corrente filosófica que defendia a ideia de que tudo é incerto, nenhum conhecimento é seguro, qualquer argumento pode ser contestado.
Por isso seus seguidores propunham que as pessoas adotassem a suspensão do juízo (epokhé, em grego), isto é, a abstenção de fazer qualquer julgamento, já que a busca de uma verdade plena é inútil. Desse modo, aceitando que das coisas se podem conhecer apenas as aparências e desfrutando o imediato captado pelos sentidos, as pessoas viveriam felizes e em paz.
O pirronismo constitui, portanto, uma forma de ceticismo, pois professa a impossibilidade do conhecimento, da obtenção da verdade absoluta
·       Cinismo
A palavra cinismo vem do grego kynos, que significa “cão”; cínico, do grego kynicos, significa “como um cão”. Assim, o termo cinismo designa a corrente dos filósofos que se propuseram viver como cães da cidade, sem qualquer propriedade ou conforto.
Levavam ao extremo a tese socrática de que o ser humano deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais. Por isso, Diógenes de Sínope (c.413-327 a.C.) – o pensador mais destacado dessa época – é conhecido como o “Sócrates demente”, ou o “Sócrates louco”, pois questionava os valores e as convenções sociais de forma radical e procurava levar uma vida estritamente conforme os princípios que considerava moralmente corretos.
Vivendo em uma época em que as conquistas de Alexandre promoveram o helenismo, que mesclou culturas e populações, Diógenes também não tinha apreço pela diferença entre grego e estrangeiro. Conta-se que, quando lhe perguntaram qual era sua cidadania, teria respondido: “Sou cosmopolita” (palavra de origem grega que significa “cidadão do mundo”).
Há muitas histórias de sabedoria e humor sobre Diógenes. Uma delas conta que ele morava em um barril e que, certa vez, Alexandre Magno foi visitá-lo. De pé em frente à “casa”, Alexandre perguntou-lhe se havia algo que ele, como imperador, poderia fazer em seu benefício. Diógenes respondeu prontamente: “Sim, podes sair da frente do meu sol”. Diz a lenda que Alexandre, impressionado com o desprezo do filósofo pelos bens materiais, teria comentado: “Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes”.

PENSAMENTO GRECO-ROMANO

·       O último período da filosofia antiga
O último período da filosofia antiga, conhecido como greco-romano, corresponde, em termos históricos, à fase de expansão militar de Roma (desde as Guerras Púnicas, iniciadas em 264 a.C., até a decadência do império romano, em fins do século V da era cristã).
Trata-se de um período longo em anos, mas pouco notável no que diz respeito à originalidade das ideais filosóficas.
A atividade reflexiva esteve mais voltada à tarefa de assimilar e desenvolver as contribuições culturais herdadas da Grécia clássica, principalmente, do que à de criar novos caminhos para a filosofia.

·       Principais pensadores
Entre os principais pensadores desse período, destacaram-se: Cícero (106-43 a.C.), grande orador e defensor da República de Roma, responsável pela retransmissão de grande parte da terminologia filosófica grega para o latim; Sêneca (c. 4 a.C.-65), máximo representante do estoicismo romano; Plutarco (c.46-122), biógrafo, historiador e moralista; e Plotino (c. 205-270), maior expoente do neoplatonismo.
A progressiva penetração do cristianismo no império romano em declínio é uma das características fundamentais desse período. A difusão e a consolidação do cristianismo, pela Igreja Católica, atuaram na dissolução da força da filosofia grega clássica, que passou a ser qualificada de pagã (imprópria dos povos não cristãos).

Fonte Bibliográfica:
CHALITA, Gabriel, Vivendo a filosofia: ensino médio, volume único, 4. ed. São Paulo: Ática, 2011.

COTRIM, Gilberto, Mirna Fernandes , Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013

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