Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 1°
Ano
Disciplina: Filosofia – 2017
FILOSOFIA HELENÍSTICA
· A busca da felicidade
interior
Com a conquista da Grécia pelos macedônios (322 a.C.), teve
início o chamado período helenístico. Devido à expansão militar do império
macedônico, efetuada por Alexandre Magno, o período helenístico caracterizou-se
por um processo de interação entre a cultura grega clássica e a cultura dos
povos orientais conquistados.
O mesmo processo se deu no campo filosófico. As escolas
platônica (Academia) e aristotélica (Liceu) – dirigidas, respectivamente, pelos
discípulos de Platão e Aristóteles – continuaram abertas e em plena atividade,
mas os valores gregos começaram a mesclar-se com as mais diversas tradições
culturais.
· Do público ao privado
No plano político, a antiga liberdade do cidadão grego,
exercida no contexto de autonomia de suas cidades, foi desfigurada pelo domínio
macedônico, ocorrendo um declínio da participação do cidadão nos destinos da
pólis.
Nesse contexto, as preocupações coletivas das pólis cederam
lugar às preocupações pessoais, a reflexão política enfraqueceu-se e a vida
privada tornou-se o centro das investigações políticas.
As principais correntes filosóficas desse período vão
tratar da intimidade, da vida pessoal e interior do ser humano. Formulam-se,
então diversos modelos de conduta, “artes de viver”, “filosofias da vida”.
Parece que a principal preocupação dos filósofos era
proporcionar às pessoas desorientadas e inseguras com a vida pessoal alguma
forma de paz de espírito, de felicidade interior em meio às atribulações da
época. Um dos principais filósofos desse período, Epicuro, aconselhava que as
pessoas se afastassem dos perigos e da intranquilidade da vida política e
buscassem a felicidade em sua vida privada. “Viva oculto” era um de seus
mandamentos.
Entre as novas tendências desse período, destacaremos o
epicurismo, o estoicismo, o pirronismo e o cinismo.
· Epicurismo: o prazer
O epicurismo é uma corrente filosófica fundada por Epicuro
(341-271 a.C), que defendia que o prazer é o princípio e o fim de uma vida
feliz.
No entanto, Epicuro distinguia dois grandes grupos de
prazeres. O primeiro reúne os prazeres mais duradouros, que encantam o
espírito, como a boa conversação, a contemplação das artes, a audição da música
etc. O segundo inclui os prazeres mais imediatos, muitos dos quais são movidos
pela explosão das paixões e que, ao final, podem resultar em dor e sofrimento.
De acordo com o filósofo, para que possamos desfrutar os
grandes prazeres do intelecto, precisamos aprender a dominar os prazeres
exagerados da paixão, como os medos, os apegos, a cobiça, a inveja. Por isso,
os epicuristas buscavam a ataraxia, isto é, o estado de ausência da dor,
quietude, serenidade impertubabilidade da alma.
· Estoicismo: o dever
O estoicismo, fundado a partir das ideias de Zenão de Cício
(336-263 a.C.), foi a corrente filosófica de maior influência no período
helenístico.
Os representantes dessa escola eram conhecidos como
estoicos e defendiam a noção de que toda realidade existente é uma realidade
racional. Isso significa que todos os seres, os indivíduos e a natureza fazem
parte dessa realidade racional.
Segundo esses pensadores, o que chamamos de Deus nada mais
é do que a fonte dos princípios racionais que regem a realidade. Integrado à
natureza, não existe para o ser humano nenhum outro lugar para ir ou fugir,
além do próprio mundo em que vivemos. Somos este mundo e, ao morrer, nos
dissolvemos neste mundo.
Portanto, não dispomos de poderes para alterar
substancialmente a ordem universal do mundo, mas por meio da filosofia podemos
compreendê-la e viver segundo ela. Assim, em vez do prazer dos epicuristas,
Zenão propõe o dever, vinculado à compreensão da ordem cósmica, como o melhor
caminho para a felicidade. É feliz aquele que vive segundo sua própria
natureza, a qual, por sua vez integra a natureza do universo.
Os estoicos também defendiam uma atitude de austeridade
física e moral, baseada em virtudes como a resistência ante o sofrimento, a
coragem ante o perigo, a indiferença ante as riquezas materiais. O ideal
perseguido era um estado de plena serenidade (ataraxia) para lidar com os
sobressaltos da existência, fundado na aceitação e na compreensão dos
“princípios universais” que regem toda a vida
· Pirronismo: a suspensão
do juízo
Fundada a partir das ideias de Pirro de Élida (365-275
a.C), o pirronismo foi uma corrente filosófica que defendia a ideia de que tudo
é incerto, nenhum conhecimento é seguro, qualquer argumento pode ser
contestado.
Por isso seus seguidores propunham que as pessoas adotassem
a suspensão do juízo (epokhé, em grego), isto é, a abstenção de fazer qualquer
julgamento, já que a busca de uma verdade plena é inútil. Desse modo, aceitando
que das coisas se podem conhecer apenas as aparências e desfrutando o imediato
captado pelos sentidos, as pessoas viveriam felizes e em paz.
O pirronismo constitui, portanto, uma forma de ceticismo,
pois professa a impossibilidade do conhecimento, da obtenção da verdade
absoluta
· Cinismo
A palavra cinismo vem do grego kynos, que significa “cão”;
cínico, do grego kynicos, significa “como um cão”. Assim, o termo cinismo
designa a corrente dos filósofos que se propuseram viver como cães da cidade,
sem qualquer propriedade ou conforto.
Levavam ao extremo a tese socrática de que o ser humano
deve procurar conhecer a si mesmo e desprezar todos os bens materiais. Por
isso, Diógenes de Sínope (c.413-327 a.C.) – o pensador mais destacado dessa
época – é conhecido como o “Sócrates demente”, ou o “Sócrates louco”, pois
questionava os valores e as convenções sociais de forma radical e procurava
levar uma vida estritamente conforme os princípios que considerava moralmente
corretos.
Vivendo em uma época em que as conquistas de Alexandre
promoveram o helenismo, que mesclou culturas e populações, Diógenes também não
tinha apreço pela diferença entre grego e estrangeiro. Conta-se que, quando lhe
perguntaram qual era sua cidadania, teria respondido: “Sou cosmopolita”
(palavra de origem grega que significa “cidadão do mundo”).
Há muitas histórias de sabedoria e humor sobre Diógenes.
Uma delas conta que ele morava em um barril e que, certa vez, Alexandre Magno
foi visitá-lo. De pé em frente à “casa”, Alexandre perguntou-lhe se havia algo
que ele, como imperador, poderia fazer em seu benefício. Diógenes respondeu
prontamente: “Sim, podes sair da frente do meu sol”. Diz a lenda que Alexandre,
impressionado com o desprezo do filósofo pelos bens materiais, teria comentado:
“Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes”.
PENSAMENTO GRECO-ROMANO
· O último período da
filosofia antiga
O último período da filosofia antiga, conhecido como
greco-romano, corresponde, em termos históricos, à fase de expansão militar de
Roma (desde as Guerras Púnicas, iniciadas em 264 a.C., até a decadência do
império romano, em fins do século V da era cristã).
Trata-se de um período longo em anos, mas pouco notável no
que diz respeito à originalidade das ideais filosóficas.
A atividade reflexiva esteve mais voltada à tarefa de
assimilar e desenvolver as contribuições culturais herdadas da Grécia clássica,
principalmente, do que à de criar novos caminhos para a filosofia.
· Principais pensadores
Entre os principais pensadores desse período,
destacaram-se: Cícero (106-43 a.C.), grande orador e defensor da República de
Roma, responsável pela retransmissão de grande parte da terminologia filosófica
grega para o latim; Sêneca (c. 4 a.C.-65), máximo representante do estoicismo
romano; Plutarco (c.46-122), biógrafo, historiador e moralista; e Plotino (c.
205-270), maior expoente do neoplatonismo.
A progressiva penetração do cristianismo no império romano
em declínio é uma das características fundamentais desse período. A difusão e a
consolidação do cristianismo, pela Igreja Católica, atuaram na dissolução da
força da filosofia grega clássica, que passou a ser qualificada de pagã
(imprópria dos povos não cristãos).
CHALITA, Gabriel, Vivendo a filosofia: ensino médio, volume único, 4. ed. São Paulo: Ática, 2011.
COTRIM, Gilberto, Mirna Fernandes , Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013
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