Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 1°
Ano
Disciplina: Sociologia – 2017
MAX
WEBER E A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA
·
Max Weber
O pensamento do sociólogo que
estudaremos a seguir vai em direção diferente ao que vimos até agora. Max Weber
(1864-1920), ao contrário de Durkheim e Comte, acreditou na possibilidade de
interpretação da sociedade “não olhando” para ela, mas sim para o indivíduo que
nela vive, pois entendia que aquilo que ocorre na sociedade seria a soma das ações
das pessoas.
·
Sociologia Compreensiva
Weber desenvolve a teoria da Sociologia
Compreensiva, ou seja, uma teoria que vai tentar entender a sociedade a partir
da compreensão das ações dos indivíduos.
Partindo do individual, ele quer chegar
ao todo, ao social, pois no entendimento dele, não é o todo que faz com que as
pessoas sejam como são, mas sim as pessoas, individualmente, é que fazem a
sociedade existir e acontecer.
Uma crítica de Weber em relação a Comte
e Durkheim deve-se ao fato de que eles pretendiam fazer da Sociologia uma
ciência positiva, isto é, com os mesmos métodos das ciências naturais. Segundo
Weber, as ciências naturais conseguem explicar aquilo que estudam (a natureza),
mas a ciência social não pode fazer isso totalmente. Para ele não há como dizer
que uma ação social sempre será de determinada forma.
O que a Sociologia pode fazer então?
Trabalhar para compreender o sentido da ação do indivíduo. Propor um esquema de
probabilidades de ações, o que ele chama de tipos e, a partir daí, poder melhor
compreender a organização da sociedade.
·
Durkheim e Weber
“Compare-se Durkheim e Weber do ponto de
vista do objeto de estudo sociológico. O primeiro dirá que a Sociologia deve
estudar os fatos sociais, que precisam ser: gerais, exteriores e coercitivos,
além de objetivos, para esta ser chamada corretamente de “ciência”. Enquanto o
segundo optará pelo estudo da ação social que, como descrita acima, é
dividida em tipologias. Ademais, diferentemente de Durkheim, Weber não se apoia
nas ciências naturais a fim de construir seus métodos de análises e nem mesmo
acredita ser possível encontrar leis gerais que expliquem a totalidade do mundo
social. O seu interesse não é, portanto, descobrir regras universais para
fenômenos sociais. Mas quando rejeita as pesquisas que se resumem a uma mera
descrição dos fatos, ele, por seu turno, caminha em busca de leis causais, as
quais são suscetíveis de entendimento a partir da racionalidade científica.”
CABRAL, João Francisco Pereira. "A definição de ação
social de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em
.
Acesso em 12 de outubro de 2017
·
Ação social
“Para Weber, a ação social é aquela que é orientada ao
outro. No entanto, há algumas atitudes coletivas que não podem ser consideradas
sociais. No que se refere ao método sociológico, Weber difere de Durkheim (que
tem como método a observação e a experimentação, sendo que esta se dá a partir
da análise comparativa, isto é, faz-se a análise das diversas sociedades as
quais devem ser comparadas entre si posteriormente). Ao tratar os fatos
sociais como coisas, Durkheim queria mostrar que o cientista precisa
romper com qualquer pré-noção, ou seja, é necessário, desde o começo da
pesquisa sobre a sociedade, o abandono dos juízos de valores que são próprios
ao sociólogo (neutralidade), uma total separação entre o sujeito que estuda e o
objeto estudado, que também pretendem as ciências naturais. No entanto, para
Weber, na medida em que a realidade é infinita, e quem a estuda faz nela apenas
um recorte a fim de explicá-la, o recorte feito é prova de uma escolha de
alguém por estudar isto ou aquilo neste ou naquele momento. Nesse sentido, não
há, como queria Durkheim, uma completa objetividade. Os juízos de valor
aparecem no momento da definição do tema de estudo”.
CABRAL, João Francisco Pereira. "A definição de ação
social de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em
.
Acesso em 12 de outubro de 2017
·
Os tipos básicos de ação social
Segundo Weber, as pessoas podem atuar de
acordo com quatro tipos básicos de ação social. São eles:
Ação racional em relação a valores: determinada pela crença consciente num
valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na
realidade. Na ação de um político, por exemplo, podemos ver um foco: o de obter
o cargo com o poder que deseja a fim de... Bom, aí depende do político...
Veja o que Weber pensa sobre a política:
ele nos fala no livro Ciência e Política – Duas vocações, que há dois tipos de
políticos que por nós são eleitos.
- Os políticos que
exercer essa profissão por vocação, ou seja, os que têm o poder como meta
para trabalhar arduamente em prol da sociedade que os elegeu. Podemos dizer,
em concordância com Weber, que estes são os que vivem para a política,
certo?
- E os que são políticos sem vocação, ou
seja, que olham para a política como se fosse um “emprego” apenas. São
aqueles que, uma vez eleitos, geralmente se esquecem dos compromissos
sociais que assumiram, pouco fazem pelo social, trabalham apenas para
manter-se no poder a fim de continuar ganhando o salário. Weber diz que
são os que vivem da política.
Continuando, a ação racional ocorre
porque as pessoas acreditam em valores. Por esse tipo de ação podemos pensar as
religiões. Ninguém vais a uma igreja ou pertence à determinada religião, de
livre vontade, se não acredita nos valores que lá são pregados. Certo?
Ação afetiva: é aquela determinada por afetos ou
estado sentimentais. A pessoa age pelo afeto que possui por alguém ou algo. Uma
serenata pode ser vista como uma ação afetiva para quem ama, não é mesmo?
Ação social tradicional: é um tipo de ação que nos leva a pensar
na existência de um costume. O ato de tomar chimarrão ou pedir a benção dos
pais na hora de dormir são ações que podem ser pensadas pela ação tradicional.
Ação racional em relação aos fins: determinada pelo cálculo racional que
coloca fins e organiza os meios necessários. Weber considera a pesquisa
histórica como sendo essencial para a compreensão das sociedades. Essa
pesquisa, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das
fontes, permite o entendimento das diferenças sociais, que seriam, para Weber,
de gênese e formação, e não de estágios de evolução.
A ideia de Weber para se entender a
sociedade é a seguinte: se quisermos compreender a instituição igreja, por
exemplo, vamos ter que olhar os indivíduos que a compõem e suas ações.
Provavelmente haverá outras pessoas que agem do mesmo modo, o que resultaria no
que Weber chama de relação social
A existência da relação social dos
indivíduos é que faz existir a instituição chamada igreja. Weber sempre parte
do indivíduo para compreender o “porquê” da existência do todo, como neste
próprio exemplo da igreja.
Os tipos de ação, para Weber, sempre
serão construções do pensamento, que o sociólogo fará para se aproximar ao
máximo daquilo que seria a ação real do indivíduo nas circunstâncias ou no
grupo em que vive.
Por exemplo, se há alguém apaixonado que
você conheça, qual seria o tipo ideal de ação desta pessoa? A afetiva! Assim
sendo, seria “fácil” prever quais seriam possíveis atitudes desta pessoa:
mandar flores e presentes, querer que a hora passe logo para estar com ela(e),
sonhar acordado e coisas do tipo. E assim poderíamos entender, em parte, como
se forma a instituição família. Uma coisa liga a outra.
Outro exemplo. Pode ser que alguém perto
de você nem pense em querer se apaixonar para não atrapalhar os estudos. Sua
meta é a universidade e uma ótima profissão. Então, o que temos aqui? Uma ação
racional! Para esta pessoa nem adiantaria mandar flores ou “torpedos” certo? O
que não significa que não possamos tentar, não é mesmo?
·
Racionalização do mundo social
“O trabalho de Weber estende-se também a
um fenômeno que ele acredita ser de grande importância para o mundo moderno e
que está relacionado com as mudanças estruturais, culturais e sociais que as
sociedades modernas passaram no decorrer do tempo. Trata-se da “racionalização
do mundo social”, isto é, mudanças profundas no cerne do pensamento do
indivíduo moderno e das instituições do Estado, como a gradual construção do
capitalismo e a monstruosa explosão do crescimento dos meios urbanos, que se
tornaram as bases da reordenação das organizações tradicionais que predominavam
até então.
A preocupação de Weber estava em tentar
apreender os processos pelos quais o pensamento racional, ou
a racionalidade, impactou as instituições modernas, como o Estado e os
governos, e, ainda, o âmbito cultural, social e individual do sujeito moderno.
Em sua denominação das diversas formas de racionalidade, Weber fez distinção de
duas principais formas: a racionalidade formal e a racionalidade substantiva.”
RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "Introdução à teoria de
Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em
.
Acesso em 12 de outubro de 2017.
·
Tipos de racionalidade
“A racionalidade formal relaciona-se
com as formas metódicas e calculistas do sistema jurídico e econômico das
sociedades modernas. Está ligada aos aparelhos institucionais que se estruturam
de forma burocrática, organizando-se em uma hierarquia delimitada por regras
fixas. A racionalidade substantiva aproxima-se da
racionalidade formal, mas se difere em sua conduta, que não é voltada para
fins. Isso quer dizer que ela leva em consideração o contexto social em que se
insere, sendo racional quanto à disposição dos valores que orientam aquele
mundo social específico.”
RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "Introdução à teoria de
Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em
.
Acesso em 12 de outubro de 2017.
CABRAL, João Francisco Pereira. "A
definição de ação social de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em
.
Acesso em 12 de outubro de 2017
PENA, Marcelo, Pré-Universitário: filosofia &
Sociologia, anual, volume único – Fortaleza: FB Editora, 2014.
RODRIGUES, Lucas de Oliveira.
"Introdução à teoria de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em
.
Acesso em 12 de outubro de 2017.
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