terça-feira, 7 de novembro de 2017

MAX WEBER E A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA - SOCIOLOGIA - 1º ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    1° Ano 
Disciplina:   Sociologia – 2017

MAX WEBER E A SOCIOLOGIA COMPREENSIVA

·       Max Weber
O pensamento do sociólogo que estudaremos a seguir vai em direção diferente ao que vimos até agora. Max Weber (1864-1920), ao contrário de Durkheim e Comte, acreditou na possibilidade de interpretação da sociedade “não olhando” para ela, mas sim para o indivíduo que nela vive, pois entendia que aquilo que ocorre na sociedade seria a soma das ações das pessoas.

·       Sociologia Compreensiva
Weber desenvolve a teoria da Sociologia Compreensiva, ou seja, uma teoria que vai tentar entender a sociedade a partir da compreensão das ações dos indivíduos.
Partindo do individual, ele quer chegar ao todo, ao social, pois no entendimento dele, não é o todo que faz com que as pessoas sejam como são, mas sim as pessoas, individualmente, é que fazem a sociedade existir e acontecer.
Uma crítica de Weber em relação a Comte e Durkheim deve-se ao fato de que eles pretendiam fazer da Sociologia uma ciência positiva, isto é, com os mesmos métodos das ciências naturais. Segundo Weber, as ciências naturais conseguem explicar aquilo que estudam (a natureza), mas a ciência social não pode fazer isso totalmente. Para ele não há como dizer que uma ação social sempre será de determinada forma.
O que a Sociologia pode fazer então? Trabalhar para compreender o sentido da ação do indivíduo. Propor um esquema de probabilidades de ações, o que ele chama de tipos e, a partir daí, poder melhor compreender a organização da sociedade.

·       Durkheim e Weber
“Compare-se Durkheim e Weber do ponto de vista do objeto de estudo sociológico. O primeiro dirá que a Sociologia deve estudar os fatos sociais, que precisam ser: gerais, exteriores e coercitivos, além de objetivos, para esta ser chamada corretamente de “ciência”. Enquanto o segundo optará pelo estudo da ação social que, como descrita acima, é dividida em tipologias. Ademais, diferentemente de Durkheim, Weber não se apoia nas ciências naturais a fim de construir seus métodos de análises e nem mesmo acredita ser possível encontrar leis gerais que expliquem a totalidade do mundo social. O seu interesse não é, portanto, descobrir regras universais para fenômenos sociais. Mas quando rejeita as pesquisas que se resumem a uma mera descrição dos fatos, ele, por seu turno, caminha em busca de leis causais, as quais são suscetíveis de entendimento a partir da racionalidade científica.”
CABRAL, João Francisco Pereira. "A definição de ação social de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 12 de outubro de 2017

·       Ação social
“Para Weber, a ação social é aquela que é orientada ao outro. No entanto, há algumas atitudes coletivas que não podem ser consideradas sociais. No que se refere ao método sociológico, Weber difere de Durkheim (que tem como método a observação e a experimentação, sendo que esta se dá a partir da análise comparativa, isto é, faz-se a análise das diversas sociedades as quais devem ser comparadas entre si posteriormente). Ao tratar os fatos sociais como coisas, Durkheim queria mostrar que o cientista precisa romper com qualquer pré-noção, ou seja, é necessário, desde o começo da pesquisa sobre a sociedade, o abandono dos juízos de valores que são próprios ao sociólogo (neutralidade), uma total separação entre o sujeito que estuda e o objeto estudado, que também pretendem as ciências naturais. No entanto, para Weber, na medida em que a realidade é infinita, e quem a estuda faz nela apenas um recorte a fim de explicá-la, o recorte feito é prova de uma escolha de alguém por estudar isto ou aquilo neste ou naquele momento. Nesse sentido, não há, como queria Durkheim, uma completa objetividade. Os juízos de valor aparecem no momento da definição do tema de estudo”.
CABRAL, João Francisco Pereira. "A definição de ação social de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 12 de outubro de 2017

·       Os tipos básicos de ação social
Segundo Weber, as pessoas podem atuar de acordo com quatro tipos básicos de ação social. São eles:
Ação racional em relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade. Na ação de um político, por exemplo, podemos ver um foco: o de obter o cargo com o poder que deseja a fim de... Bom, aí depende do político...
Veja o que Weber pensa sobre a política: ele nos fala no livro Ciência e Política – Duas vocações, que há dois tipos de políticos que por nós são eleitos.
  1. Os políticos que exercer essa profissão por vocação, ou seja, os que têm o poder como meta para trabalhar arduamente em prol da sociedade que os elegeu. Podemos dizer, em concordância com Weber, que estes são os que vivem para a política, certo?
  2.  E os que são políticos sem vocação, ou seja, que olham para a política como se fosse um “emprego” apenas. São aqueles que, uma vez eleitos, geralmente se esquecem dos compromissos sociais que assumiram, pouco fazem pelo social, trabalham apenas para manter-se no poder a fim de continuar ganhando o salário. Weber diz que são os que vivem da política.

Continuando, a ação racional ocorre porque as pessoas acreditam em valores. Por esse tipo de ação podemos pensar as religiões. Ninguém vais a uma igreja ou pertence à determinada religião, de livre vontade, se não acredita nos valores que lá são pregados. Certo?
Ação afetiva: é aquela determinada por afetos ou estado sentimentais. A pessoa age pelo afeto que possui por alguém ou algo. Uma serenata pode ser vista como uma ação afetiva para quem ama, não é mesmo?
Ação social tradicional: é um tipo de ação que nos leva a pensar na existência de um costume. O ato de tomar chimarrão ou pedir a benção dos pais na hora de dormir são ações que podem ser pensadas pela ação tradicional.
Ação racional em relação aos fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários. Weber considera a pesquisa histórica como sendo essencial para a compreensão das sociedades. Essa pesquisa, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das fontes, permite o entendimento das diferenças sociais, que seriam, para Weber, de gênese e formação, e não de estágios de evolução.
A ideia de Weber para se entender a sociedade é a seguinte: se quisermos compreender a instituição igreja, por exemplo, vamos ter que olhar os indivíduos que a compõem e suas ações. Provavelmente haverá outras pessoas que agem do mesmo modo, o que resultaria no que Weber chama de relação social
A existência da relação social dos indivíduos é que faz existir a instituição chamada igreja. Weber sempre parte do indivíduo para compreender o “porquê” da existência do todo, como neste próprio exemplo da igreja.
Os tipos de ação, para Weber, sempre serão construções do pensamento, que o sociólogo fará para se aproximar ao máximo daquilo que seria a ação real do indivíduo nas circunstâncias ou no grupo em que vive.
Por exemplo, se há alguém apaixonado que você conheça, qual seria o tipo ideal de ação desta pessoa? A afetiva! Assim sendo, seria “fácil” prever quais seriam possíveis atitudes desta pessoa: mandar flores e presentes, querer que a hora passe logo para estar com ela(e), sonhar acordado e coisas do tipo. E assim poderíamos entender, em parte, como se forma a instituição família. Uma coisa liga a outra.
Outro exemplo. Pode ser que alguém perto de você nem pense em querer se apaixonar para não atrapalhar os estudos. Sua meta é a universidade e uma ótima profissão. Então, o que temos aqui? Uma ação racional! Para esta pessoa nem adiantaria mandar flores ou “torpedos” certo? O que não significa que não possamos tentar, não é mesmo?
·       Racionalização do mundo social
“O trabalho de Weber estende-se também a um fenômeno que ele acredita ser de grande importância para o mundo moderno e que está relacionado com as mudanças estruturais, culturais e sociais que as sociedades modernas passaram no decorrer do tempo. Trata-se da “racionalização do mundo social”, isto é, mudanças profundas no cerne do pensamento do indivíduo moderno e das instituições do Estado, como a gradual construção do capitalismo e a monstruosa explosão do crescimento dos meios urbanos, que se tornaram as bases da reordenação das organizações tradicionais que predominavam até então.
A preocupação de Weber estava em tentar apreender os processos pelos quais o pensamento racional, ou a racionalidade, impactou as instituições modernas, como o Estado e os governos, e, ainda, o âmbito cultural, social e individual do sujeito moderno. Em sua denominação das diversas formas de racionalidade, Weber fez distinção de duas principais formas: a racionalidade formal e a racionalidade substantiva.”
RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "Introdução à teoria de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 12 de outubro de 2017.

·       Tipos de racionalidade
A racionalidade formal relaciona-se com as formas metódicas e calculistas do sistema jurídico e econômico das sociedades modernas. Está ligada aos aparelhos institucionais que se estruturam de forma burocrática, organizando-se em uma hierarquia delimitada por regras fixas. A racionalidade substantiva aproxima-se da racionalidade formal, mas se difere em sua conduta, que não é voltada para fins. Isso quer dizer que ela leva em consideração o contexto social em que se insere, sendo racional quanto à disposição dos valores que orientam aquele mundo social específico.”
RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "Introdução à teoria de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 12 de outubro de 2017.

Fonte Bibliográfica:

CABRAL, João Francisco Pereira. "A definição de ação social de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 12 de outubro de 2017
PENA, Marcelo, Pré-Universitário: filosofia & Sociologia, anual, volume único – Fortaleza: FB Editora, 2014.

RODRIGUES, Lucas de Oliveira. "Introdução à teoria de Max Weber"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 12 de outubro de 2017.

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