terça-feira, 7 de novembro de 2017

MOVIMENTO OPERÁRIO E AS DESIGUALDADES SOCIAIS - SOCIOLOGIA 2º ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    2° Ano 
Disciplina:   Sociologia – 2017

MOVIMENTO OPERÁRIO E AS DESIGUALDADES SOCIAIS

·       Movimento social
“Movimentos sociais são mobilizações coletivas, organizadas e contínuas que se estruturam em torno de demandas por mudança de algum aspecto da estrutura social. São associações de pessoas e entidades com interesses comuns, com o propósito de defender ou promover objetivos específicos perante a sociedade.
Vinculados à luta por direitos sociais, direitos políticos ou direitos civis, os movimentos sociais podem ser de reforma, revolucionários ou de resistência. Os de reforma visam melhorar determinadas condições de um sistema social sem, no entanto, mudar sua estrutura fundamental. Os movimentos revolucionários procuram transformar as características básicas de um sistema – podemos imaginar, como exemplo, a tentativa de implantar o socialismo em uma economia de mercado capitalista. Já os movimentos de resistência são organizados para combater a mudança social, e não para promove-la – é o caso, por exemplo, do movimento que visa impedir a mudança da legislação relativa ao aborto.
Diante das transformações trazidas pela crescente industrialização e urbanização, bem como pela conjuntura política do Regime Militar, as décadas de 1960 e 1970 no Brasil foram palco de grande profusão de movimentos sociais nas cidades e no campo. A Sociologia brasileira passou, desde então, a dedicar bastante atenção ao tema, interessando-se cada vez mais pelo estudo daquelas mobilizações que, apesar de profundamente relacionadas à política nacional, aconteciam fora do alcance das organizações partidárias.

·       Utopia
A palavra utopia significa, em sentido literal, “lugar nenhum”. No sentido socialmente atribuído, designa um lugar ou situação ideal, fora dos padrões da realidade. Apesar de ser hoje muito conhecida e usada, a palavra não existia até o século XVI, quando o escritor inglês Thomas Morus (1480-1535) lançou um livro cujo título era, justamente, Utopia. Considerada até hoje um dos grandes clássicos da literatura ocidental, a obra descreve uma ilha (chamada Utopia) onde vive uma comunidade em perfeita harmonia. Nela não há propriedade privada, todos moram em casas iguais e trabalham igualmente (três horas pela manhã e três horas à tarde). Além disso, as oportunidades estão à disposição de todos os habitantes (independentemente de idade, gênero, raça, origem etc.). Em suma, em Utopia tudo é organizado da melhor forma para a felicidade completa da população.”
Tempos modernos, tempos de sociologia: ensino médio: volume único / Helena Bomeny... [et al.] (coordenação). – 2. ed. – São Paulo: Editora do Brasil. 2013.

·       Movimento operário
“Entre os movimentos operários que tiveram origem na luta de classes, o movimento operário foi o que obteve maior reconhecimento como tal. Ele formou-se a partir do século XVII, época em que aumentava a concentração de trabalhadores nas fábricas europeias. Submetidos a extensas jornadas de trabalho, à falta de direitos trabalhistas e ao despotismo de seus patrões, os operários organizaram-se para reivindicar mudanças nas condições de trabalho.
Movimento pioneiro na esfera operária, o luddismo, no início do século XIX, posicionava contra as máquinas na Inglaterra, sabotando-as como uma de suas formas de ação. Somava-se às reivindicações por melhores condições de trabalho outra preocupação: o aumento do desemprego em razão da mecanização da indústria. A dura repressão ao luddismo foi acompanhada pela acusação aos trabalhadores de que estariam dificultando a modernização da produção. Ainda assim, novas formas de luta emergiram ao longo do século XIX, mediadas pelos sindicatos.
Existem muitos movimentos operários, com singularidades em cada país, mas, de modo geral, todos buscam a melhoria das condições do trabalho por meio de uma ação política. Um dos instrumentos mais recorrentemente utilizados pelos movimentos operários em todo o mundo é a greve. Desde os primeiros tempos da industrialização, as paralizações dos trabalhadores constituíram uma forma de exigir condições mais dignas de trabalho, remuneração e assistência social. Com a consolidação da classe operária no início do século XX, passaram a criticar as próprias condições da sociedade, reivindicando transformações para além do ambiente de trabalho.
Desde o século XIX, o socialismo – sistema político que visa a uma sociedade igualitária e cooperativa – destacou-se por favorecer ações coletivas de indivíduos e grupos organizados. No entanto, após o fim da União Soviética e a queda de muitos regimes ligados a ela, o socialismo declinou como utopia social. Somado ao enfraquecimento de teorias como o anarquismo e o mutualismo, em fins do século passado, esse declínio trouxe o desafio de construir novas formas de contestação das desigualdades próprias do sistema capitalista.”
ARAÚJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi Sociologia: volume único: ensino médio, 2. ed. São Paulo: Scipione, 2016.

·       Desigualdades sociais
“Os noticiários da televisão e os discursos dos principais governantes democráticos e das instituições internacionais em defesa dos direitos humanos frequentemente citam a desigualdade social com algo a ser superado. O conceito refere-se em linhas gerais, à privação de direitos ou de acesso a recursos para uma pessoa ou um grupo, o que cria distinções entre os indivíduos. Há várias formas de desigualdade: econômica, de gênero, racial, digital etc. Por isso, nas Ciências Sociais, falamos em desigualdades sociais, no plural. Essas diferentes possibilidades de privação de direitos geralmente não se apresentam isoladas. Ao contrário, em muitos casos estão relacionadas entre si e se reforçam mutuamente. Portanto, para combater um tipo de desigualdade é preciso combater também os outros.

·       Elementos importantes no estudo das desigualdades
Para estudar as desigualdades sociais, é importante estar atento a três elementos centrais: a estrutura, a estratificação e a mobilidade social.
A estrutura social é determinada pelo modo como se organizam os aspectos econômico, cultural, social, político e histórico de uma sociedade. É por meio da análise dessa estrutura que as Ciências Sociais buscam explicação para os fenômenos que dizem respeito às sociedades. A sociedade brasileira, por exemplo, fundou-se sobre as bases do trabalho escravo, do patrimonialismo e do patriarcalismo. Esses três elementos estruturais influenciam o cenário da sociedade brasileira contemporânea e comprometem as possibilidades dos negros, indígenas e mulheres terem acesso a bens e a direitos, dificultando a ascensão social dessas e de outras parcelas da população, e ajudam a compreender os motivos que levaram ao uso do Estado para fins privados.
O termo estratificação diz respeito ao modo como cada sociedade está dividida. No caso, trata-se das camadas sociais que se sobrepõem umas às outras. Essa divisão costuma ocorrer de acordo com diferentes critérios sociais e históricos, que estabelecem uma espécie de hierarquia. Conforme a posição que um indivíduo ocupa nessa hierarquia, ela terá mais ou menos acesso a direitos e recursos. Além disso, a posição na qual se encontram os indivíduos determinará a quantidade de poder que poderão ter.  Sendo assim à desigualdade social também é fruto das relações de poder, o que implica dominação e exploração de alguns grupos por outros.
Desta maneira, chegamos ao terceiro conceito fundamental que nos permitirá a compreensão da desigualdade: a mobilidade social, determinada pela possibilidade de um indivíduo mudar de posição na hierarquia social. No passado, houve, em algumas sociedades, uma estrutura de estratificação excessivamente rígida, que não permitia aos indivíduos deixar de pertencer a um estrato social ou passar a pertencer a ele. Nos tempos atuais, em quase todas  as sociedades, existe sempre a possibilidade formal ou jurídica de haver mobilidade, mas a ascensão social não costuma ser fácil, pois as camadas inferiores em boa parte das vezes enfrentam várias restrições de acesso a recursos, justamente o que acaba por distingui-las das demais classes.

·       Classes e desigualdades sociais
As classes sociais podem ser entendidas como agrupamentos de pessoas que surgem em razão das desigualdades sociais, mas que têm como base a igualdade formal entre os indivíduos. Ou seja, a partir das desigualdades criadas socialmente, em que todos são formalmente iguais perante a lei, surgem as classes. Do ponto de vista histórico, só se pode falar de classes sociais depois das revoluções burguesas do século XIX.... A Sociologia costuma privilegiar as abordagens concebidas por Karl Marx e Max Weber sobre as classes sociais.
Os trabalhos de Karl Marx representam a primeira grande teoria sociológica da estratificação social. Valendo-se do conceito de classe social, o autor critica de modo contundente a ideia de igualdade política e jurídica proclamada pelos liberais, entendidos com aqueles que, orientados pelos interesses da burguesia, defendem a democracia representativa e o livre mercado.
Para Marx, os direitos inalienáveis de liberdade e justiça – propostos pelos liberais – não resistem às evidências das desigualdades sociais promovidas pelas relações de produção capitalistas, que dividem os homens em proprietários e não proprietários dos meios de produção. Dessa divisão se originam duas classes sociais centrais: o proletariado – aqueles que vendem sua força de trabalho em troca de salário – e a burguesia – dona dos meios de produção sob a forma da propriedade privada, que se apropria do produto do trabalho dos operários e lhes paga um valor inferior ao que foi gerado pelo uso da mão de obra. Essas duas classes possuem interesses em constante conflito.
Max Weber afirmou que a estratificação social não se resume às determinações econômicas das classes sociais, mas decorre das diferentes maneiras de distribuição de poder em uma sociedade. Para ele, a estratificação decorrente dessa diferença de poder acontece de acordo com pelo menos três dimensões: econômica, política e social. Portanto, diferentemente da base teórica marxista, a estratificação da ordem social não se organiza apenas com base no poder econômico, mas também em termos de distribuição de poder político e de prestígio. Por isso, além da classe, a divisão da sociedade poder ser observada em outros fenômenos de distribuição de poder, como o partido e o status.

Fonte Bibliográfica:

ARAÚJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi Sociologia: volume único: ensino médio, 2. ed. São Paulo: Scipione, 2016.
Tempos modernos, tempos de sociologia: ensino médio: volume único / Helena Bomeny... [et al.] (coordenação). – 2. ed. – São Paulo: Editora do Brasil. 2013.

SILVA, Afrânio; ... [et al.] Sociologia em movimento: ensino médio; volume único. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016.

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