Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 2°
Ano
Disciplina: Sociologia – 2017
MOVIMENTO OPERÁRIO E AS
DESIGUALDADES SOCIAIS
· Movimento social
“Movimentos sociais são mobilizações coletivas, organizadas
e contínuas que se estruturam em torno de demandas por mudança de algum aspecto
da estrutura social. São associações de pessoas e entidades com interesses
comuns, com o propósito de defender ou promover objetivos específicos perante a
sociedade.
Vinculados à luta por direitos sociais, direitos políticos
ou direitos civis, os movimentos sociais podem ser de reforma, revolucionários
ou de resistência. Os de reforma visam melhorar determinadas condições
de um sistema social sem, no entanto, mudar sua estrutura fundamental. Os
movimentos revolucionários procuram transformar as características básicas
de um sistema – podemos imaginar, como exemplo, a tentativa de implantar o
socialismo em uma economia de mercado capitalista. Já os movimentos de
resistência são organizados para combater a mudança social, e não para
promove-la – é o caso, por exemplo, do movimento que visa impedir a mudança da
legislação relativa ao aborto.
Diante das transformações trazidas pela crescente
industrialização e urbanização, bem como pela conjuntura política do Regime
Militar, as décadas de 1960 e 1970 no Brasil foram palco de grande profusão de
movimentos sociais nas cidades e no campo. A Sociologia brasileira passou,
desde então, a dedicar bastante atenção ao tema, interessando-se cada vez mais
pelo estudo daquelas mobilizações que, apesar de profundamente relacionadas à
política nacional, aconteciam fora do alcance das organizações partidárias.
· Utopia
A palavra utopia significa, em sentido literal, “lugar
nenhum”. No sentido socialmente atribuído, designa um lugar ou situação ideal,
fora dos padrões da realidade. Apesar de ser hoje muito conhecida e usada, a
palavra não existia até o século XVI, quando o escritor inglês Thomas Morus
(1480-1535) lançou um livro cujo título era, justamente, Utopia. Considerada
até hoje um dos grandes clássicos da literatura ocidental, a obra descreve uma
ilha (chamada Utopia) onde vive uma comunidade em perfeita harmonia. Nela não
há propriedade privada, todos moram em casas iguais e trabalham igualmente
(três horas pela manhã e três horas à tarde). Além disso, as oportunidades
estão à disposição de todos os habitantes (independentemente de idade, gênero,
raça, origem etc.). Em suma, em Utopia tudo é organizado da melhor forma para a
felicidade completa da população.”
Tempos
modernos, tempos de sociologia: ensino médio: volume único / Helena Bomeny...
[et al.] (coordenação). – 2. ed. – São Paulo: Editora do Brasil. 2013.
· Movimento operário
“Entre os movimentos operários que tiveram origem na luta
de classes, o movimento operário foi o que obteve maior reconhecimento como
tal. Ele formou-se a partir do século XVII, época em que aumentava a
concentração de trabalhadores nas fábricas europeias. Submetidos a extensas
jornadas de trabalho, à falta de direitos trabalhistas e ao despotismo de seus
patrões, os operários organizaram-se para reivindicar mudanças nas condições de
trabalho.
Movimento pioneiro na esfera operária, o luddismo, no
início do século XIX, posicionava contra as máquinas na Inglaterra,
sabotando-as como uma de suas formas de ação. Somava-se às reivindicações por
melhores condições de trabalho outra preocupação: o aumento do desemprego em
razão da mecanização da indústria. A dura repressão ao luddismo foi acompanhada
pela acusação aos trabalhadores de que estariam dificultando a modernização da
produção. Ainda assim, novas formas de luta emergiram ao longo do século XIX,
mediadas pelos sindicatos.
Existem muitos movimentos operários, com singularidades em
cada país, mas, de modo geral, todos buscam a melhoria das condições do
trabalho por meio de uma ação política. Um dos
instrumentos mais recorrentemente utilizados pelos movimentos operários em todo
o mundo é a greve. Desde os primeiros tempos da industrialização, as
paralizações dos trabalhadores constituíram uma forma de exigir condições mais
dignas de trabalho, remuneração e assistência social. Com a consolidação da
classe operária no início do século XX, passaram a criticar as próprias
condições da sociedade, reivindicando transformações para além do ambiente de
trabalho.
Desde o século XIX, o socialismo – sistema político que
visa a uma sociedade igualitária e cooperativa – destacou-se por favorecer
ações coletivas de indivíduos e grupos organizados. No entanto, após o fim da
União Soviética e a queda de muitos regimes ligados a ela, o socialismo
declinou como utopia social. Somado ao enfraquecimento de teorias como o
anarquismo e o mutualismo, em fins do século passado, esse declínio trouxe o
desafio de construir novas formas de contestação das desigualdades próprias do
sistema capitalista.”
ARAÚJO,
Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi Sociologia:
volume único: ensino médio, 2. ed. São Paulo: Scipione, 2016.
· Desigualdades sociais
“Os noticiários da televisão e os discursos dos principais
governantes democráticos e das instituições internacionais em defesa dos
direitos humanos frequentemente citam a desigualdade social com algo a ser
superado. O conceito refere-se em linhas gerais, à privação de direitos ou de
acesso a recursos para uma pessoa ou um grupo, o que cria distinções entre os
indivíduos. Há várias formas de desigualdade: econômica, de gênero, racial,
digital etc. Por isso, nas Ciências Sociais, falamos em desigualdades sociais,
no plural. Essas diferentes possibilidades de privação de direitos geralmente
não se apresentam isoladas. Ao contrário, em muitos casos estão relacionadas
entre si e se reforçam mutuamente. Portanto, para combater um tipo de
desigualdade é preciso combater também os outros.
· Elementos importantes
no estudo das desigualdades
Para estudar as desigualdades sociais, é importante estar
atento a três elementos centrais: a estrutura, a estratificação e a mobilidade
social.
A estrutura social é determinada pelo modo como se
organizam os aspectos econômico, cultural, social, político e histórico de uma
sociedade. É por meio da análise dessa estrutura que as Ciências Sociais buscam
explicação para os fenômenos que dizem respeito às sociedades. A sociedade
brasileira, por exemplo, fundou-se sobre as bases do trabalho escravo, do
patrimonialismo e do patriarcalismo. Esses três elementos estruturais
influenciam o cenário da sociedade brasileira contemporânea e comprometem as
possibilidades dos negros, indígenas e mulheres terem acesso a bens e a
direitos, dificultando a ascensão social dessas e de outras parcelas da
população, e ajudam a compreender os motivos que levaram ao uso do Estado para
fins privados.
O termo estratificação diz respeito ao modo como
cada sociedade está dividida. No caso, trata-se das camadas sociais que se
sobrepõem umas às outras. Essa divisão costuma ocorrer de acordo com diferentes
critérios sociais e históricos, que estabelecem uma espécie de hierarquia.
Conforme a posição que um indivíduo ocupa nessa hierarquia, ela terá mais ou
menos acesso a direitos e recursos. Além disso, a posição na qual se encontram
os indivíduos determinará a quantidade de poder que poderão ter. Sendo assim à desigualdade social também é
fruto das relações de poder, o que implica dominação e exploração de alguns
grupos por outros.
Desta maneira, chegamos ao terceiro conceito fundamental
que nos permitirá a compreensão da desigualdade: a mobilidade social,
determinada pela possibilidade de um indivíduo mudar de posição na hierarquia
social. No passado, houve, em algumas sociedades, uma estrutura de
estratificação excessivamente rígida, que não permitia aos indivíduos deixar de
pertencer a um estrato social ou passar a pertencer a ele. Nos tempos atuais,
em quase todas as sociedades, existe
sempre a possibilidade formal ou jurídica de haver mobilidade, mas a ascensão
social não costuma ser fácil, pois as camadas inferiores em boa parte das vezes
enfrentam várias restrições de acesso a recursos, justamente o que acaba por
distingui-las das demais classes.
· Classes e desigualdades
sociais
As classes sociais podem ser entendidas como agrupamentos
de pessoas que surgem em razão das desigualdades sociais, mas que têm como base
a igualdade formal entre os indivíduos. Ou seja, a partir das desigualdades
criadas socialmente, em que todos são formalmente iguais perante a lei, surgem
as classes. Do ponto de vista histórico, só se pode falar de classes sociais
depois das revoluções burguesas do século XIX.... A Sociologia costuma
privilegiar as abordagens concebidas por Karl Marx e Max Weber sobre as classes
sociais.
Os trabalhos de Karl Marx representam a primeira grande
teoria sociológica da estratificação social. Valendo-se do conceito de classe
social, o autor critica de modo contundente a ideia de igualdade política e
jurídica proclamada pelos liberais, entendidos com aqueles que, orientados
pelos interesses da burguesia, defendem a democracia representativa e o livre
mercado.
Para Marx, os direitos
inalienáveis de liberdade e justiça – propostos pelos liberais – não resistem
às evidências das desigualdades sociais promovidas pelas relações de produção
capitalistas, que dividem os homens em proprietários e não proprietários dos
meios de produção. Dessa divisão se originam duas classes sociais centrais: o
proletariado – aqueles que vendem sua força de trabalho em troca de salário – e
a burguesia – dona dos meios de produção sob a forma da propriedade privada,
que se apropria do produto do trabalho dos operários e lhes paga um valor
inferior ao que foi gerado pelo uso da mão de obra. Essas duas classes possuem
interesses em constante conflito.
Max Weber afirmou que a
estratificação social não se resume às determinações econômicas das classes sociais,
mas decorre das diferentes maneiras de distribuição de poder em uma sociedade.
Para ele, a estratificação decorrente dessa diferença de poder acontece de
acordo com pelo menos três dimensões: econômica, política e social. Portanto,
diferentemente da base teórica marxista, a estratificação da ordem social não
se organiza apenas com base no poder econômico, mas também em termos de
distribuição de poder político e de prestígio. Por isso, além da classe, a
divisão da sociedade poder ser observada em outros fenômenos de distribuição de
poder, como o partido e o status.
ARAÚJO, Silvia Maria de; BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM,
Benilde Lenzi Sociologia: volume único: ensino médio, 2. ed. São Paulo:
Scipione, 2016.
Tempos modernos, tempos de sociologia: ensino médio: volume
único / Helena Bomeny... [et al.] (coordenação). – 2. ed. – São Paulo: Editora
do Brasil. 2013.
SILVA, Afrânio; ... [et al.] Sociologia em movimento:
ensino médio; volume único. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2016.
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