Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 2° Ano
Disciplina: História 2017
IMPERIALISMO E
NEOCOLONIALISMO
- Capitalismo financeiro e monopolista
Junto com os avanços científicos e tecnológicos e suas
consequências, na segunda metade do século XIX instalou-se uma nova fase da
economia capitalista, marcada pela concentração da produção e do capital nas
mãos das grandes empresas ou associações de empresas.
Inicialmente, a livre concorrência – um dos princípios
básicos do liberalismo – gerou uma batalha de preços. As empresas mais ricas e
poderosas, entre outras estratégias, dispunham de mais recursos para manter
preços menores por algum tempo. Assim, foram vencendo as empresas mais fracas e
com menos recursos. Estas foram obrigadas a fechar ou acabaram absorvidas pelas
maiores.
Desse modo, os empresários vitoriosos foram concentrando
capitais e mercados, dominando a produção em certos setores. Surgiram, assim,
os monopólios econômicos – representados basicamente pelo cartel (grupo de
grandes empresas que estabelecem entre si um acordo com o objetivo de controlar
a produção, os preços ou mercado de determinado setor); Holding (empresa que
detém o controle acionário de outras empresas - possui a maioria das ações -,
embora estas mantenham denominação própria e certa autonomia); Truste (fusão de
diversas empresas do mesmo ramo).
Essa prática monopolista é um fenômeno que ocorre até hoje,
embora muitos governos procurem controla-la ou evita-la, devido a seu efeito
negativo sobre a economia, uma vez que pode gerar aumento de preços, inflação e
desemprego.
- A associação dos banqueiros aos
industriais
O processo de concentração econômica também atingiu o setor
financeiro. Os bancos associaram-se às grandes indústrias para financiar seus
investimentos e participar dos lucros de seus projetos.
Assim, além da tendência monopolista, essa nova fase do
capitalismo caracterizou-se também pela fusão do capital bancário com o capital
industrial, dando origem ao capitalismo monopolista.
Duas principais características do capitalismo monopolista
foram:
Ø Aumento da produção industrial – que, para ser vendida,
necessitava da ampliação dos mercados;
Ø Acúmulo de capitais – que deveriam ser reinvestidos em
novos projetos lucrativos para gerar mais capitais.
- Um mundo partilhado entre grandes nações
Apesar de toda euforia com o crescimento industrial e o
acúmulo de capitais a partir da segunda metade do século XIX, os capitalistas
tinham de enfrentar a seguinte contradição: como vender a produção industrial
cada vez maior e realizar novos investimentos com os capitais assim gerados, se
a concorrência entre as grandes potências capitalistas fazia com que seus
governos adotassem barreiras protecionistas para seus mercados internos, afim de dificultar a invasão de produtos
vindos de países concorrentes?
O caminho encontrado por governantes e empresários foi a
conquista de novos mercados, numa nova corrida colonial. O principal alvo dessa
nova corrida colonial foram as nações ainda não industrializadas da Ásia e da
África, além da Oceania.
Para alcançar seus objetivos, as grandes potências
capitalistas repartiram entre si essas regiões, integrando-as aos mercados
mundiais. E adotaram um tipo de política que costuma ser chamada de
imperialista, pois passaram a dominar essas regiões num processo que também
ficou conhecido como neocolonialismo (neo = novo) do século XIX.
- Imperialismo
O temo imperialismo foi utilizado para designar justamente
essa política de dominação do governo de um país sobre outro, iniciada a partir
da metade do século XIX. Esse domínio poder ser principalmente:
Ø
Territorial – exercido
por intervenção militar, isto é, tropas do país imperialista instalam-se no
país a ser dominado, ocupando seu território;
Ø
Econômico –
concretizado por meio da interferência na vida econômica do país dominado. Esse
era o maior interesse dos países imperialistas.
Por meio de uma estrutura que envolvia militares,
funcionários e seus auxiliares, as metrópoles neocolonialistas exerceram essas
duas formas de domínio, impondo um controle político e econômico às regiões
colonizadas.
- Colonialismo e neocolonialismo
Se compararmos s colonialismo do século XVI com o
neocolonialismo, veremos que foram formas distintas de dominação. Sua
finalidade, contudo, era basicamente a mesma: explorar as áreas dominadas em
benefício da metrópole e da burguesia metropolitana.
As diferenças observadas entre um processo e outro decorrem
das características específicas da fase da economia capitalista e do contexto
histórico em que cada um deles ocorreu. Nesse sentido, no século XVI, a
expansão capitalista comercial apresentava objetivos mais simples, que podiam
ser alcançados por meio da garantia da exclusividade comercial dada pelo regime
de monopólio, e se restringia à América. No século XIX, o capitalismo
financeiro e monopolista tinha exigências e objetivos bem mais complexos, que
resultavam da necessidade de controlar todo o processo produtivo e comercial; para
a realização desse propósito, alcançou a África, a Ásia e a Oceania. Quanto à
justificativa ideológica, pode-se dizer que a ideia de missão civilizadora, que
tinha por base, no século XVI, a fé cristã, expandiu-se no século XIX, passando
a fundar-se também na fé no progresso científico-tecnológico.
- Razões econômicas para a expansão colonial
do século XIX.
As necessidades de conseguir novos mercados para a produção
industrial, de garantir a obtenção de matérias-primas (como carvão, ferro,
petróleo e metais não ferrosos) e de conquistar mercados externos para neles
investir capitais excedentes.
- Outras justificativas para a expansão
colonial do século XIX
A conquista de territórios em diversas partes do mundo foi
também justificada, por um lado, como um problema político-estratégico pelos
governantes das grandes potências, por questões militares e de segurança
nacional; por outro, do ponto de vista ideológico, foi defendida como um
direito e um dever das “raças europeias”, com base no mito de sua superioridade
o qual, por sua vez, lhes conferia uma missão civilizadora.
- A partilha da África e da Ásia
O processo de dominação imperialista europeia sobre os
continentes africano e asiático ficou conhecido, respectivamente, como Partilha
da África e Partilha da Ásia.
Os maiores impérios coloniais foram estabelecidos,
principalmente, pelos governantes e grupos econômicos da Inglaterra e da
França. Mas governos de outros países, como Portugal, Bélgica, Espanha,
Alemanha, Itália, Holanda e Japão, também desenvolveram políticas voltadas à
conquista colonial. No caso de Portugal e Espanha, possuíam colônias como
decorrência de permanências e desdobramentos do antigo colonialismo
mercantilista.
- Impérios da Inglaterra e da França
Com a expansão, o império neocolonial britânico chegou a
ocupar um quinto da superfície do planeta – área compreendida por Canadá,
Austrália e grandes porções da Ásia e da África, onde viviam aproximadamente
23% da população mundial.
Na Ásia, os britânicos conquistaram vasta região, que incluía
África do Sul, Rodésia, Nigéria, Tanganica, Quênia, Uganda e Sudão, além de
manterem influência sobre o Egito.
Na Ásia, uma das principais regiões sob o domínio
imperialista britânico foi a Índia, cuja dominação, iniciado no século XVIII,
estendeu-se por uma área que hoje corresponde aos territórios da índia, do
Paquistão e de Bangladesh.
A China foi outra importante região asiática de atuação do
imperialismo britânico. Ali, os ingleses dedicaram-se principalmente ao
comércio do ópio, que era cultivado na índia. Quando, por volta de 1840, as
autoridades chinesas decidiram reprimir o comércio ilegal de ópio, os ingleses
declaram-lhes guerra.
O império neocolonial francês foi o segundo no mundo em
extensão, menor apenas que o britânico. As conquistas coloniais francesas
tiveram impulso durante o governo de Luís Filipe (1830-1848). Em 1832, os
franceses conquistaram a Argélia, situada no norte da África. O domínio do
território argelino foi assegurado por tropas especiais pertencentes à chamada
Legião Estrangeira.
Os domínios franceses na África ampliaram-se com o a
conquista do Senegal, Guiné, Costa do Marfim e Marrocos. Criaram-se, assim,
vastas regiões conhecidas como África Ocidental Francesa e África Equatorial
Francesa.
Na Ásia, as forças da França conquistaram a indochina (que
atualmente corresponde ao Vietnã), o Camboja e o Laos Nessas áreas, foram
exploradas plantações de seringueiras para fabricação de borracha.
- A resistência dos povos dominados
A formação dos impérios coloniais não foi pacífica; ela
resultou de verdadeiras guerras de conquista, nas quais as potências coloniais
tiveram de enfrentar a resistência dos povos que habitávamos territórios
invadidos; na Ásia, por exemplo, a expansão europeia enfrentou a forte
resistência organizada pela China e pelo Japão. Além disso, uma vez
estabelecido o domínio, os governos coloniais sempre enfrentaram oposição e
contestações locais, o que os fez manter um rígido sistema policial/militar de
controle. Foi o que ocorreu, por exemplo, na Índia, onde a Revolta dos Cipaios
foi duramente reprimida pelas forças inglesas.
- A América para os Americanos
No final do século XIX, os Estados Unidos já eram uma das
maiores potências industriais do mundo, e seus governantes começaram a intervir
em outros países. Procurando isolar-se das questões europeias, ou seja da
expansão imperialista realizada pelos países da Europa na África, na Ásia e na
Oceania, centraram seus interesses predominantemente na América Latina.
O imperialismo exercido pelos Estados Unidos nesse período
tinha sua justificativa na doutrina “A América para os americanos”, lançada em
1823 pelo presidente estadunidense James Monroe. Era uma advertência direta aos
governantes europeus para que não interferissem nos assuntos do continente
americano. Mas essa doutrina também expressava o desejo – do governo e da elite
dos Estados Unidos – de ampliar seu domínio na América Latina.
A política estadunidense de intervenção externa tornou-se
mais explícita no governo de Theodore Roosevelt (1901-1909). Ele lançou uma
doutrina que estabelecia o direito de o governo dos Estados Unidos intervir
militarmente nos países da América Latina sempre que os interesses
estadunidenses estivessem em jogo. Seus críticos afirmavam que, em política
externa, a frase preferida de Theodore Roosevel era “Fale suave, mas tenha nas
mãos um grande porrete”. Por isso, essa política externa estadunidense foi
apelidada por seus opositores de Big Stik (“grande porrete”). Já a expressão
“fale suave” refere-se às formas de corromper os dirigentes latino-americanos.
A partir da primeira década do século XX, em vez da força
militar, os governos estadunidenses passaram a utilizar a força econômica para
impor sua dominação na América Latina. “Comprando” favores dos políticos
latino-americanos, as elites financeiras e industriais dos Estados Unidos
obtiveram muitos dos benefícios econômicos que desejavam dos governos da
América Latina, em prejuízo da maioria da população dessa área.
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume único, 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
COTRIM, Gilberto. História
Global - Brasil e Geral: 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
VÍDEO: IMPERIALISMO
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