segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

ÁFRICA - HISTÓRIA 2° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    2° Ano
Disciplina:   História – 2017
África subsaariana
  • Visão preconceituosa
A visão que se tinha da África subsaariana até a primeira metade do século XX era uma visão marcada por preconceitos, equívocos e desinformações, que reduzia os povos da África subsaariana a sociedades homogêneas, movidas apenas por costumes selvagens e crenças animistas. Eram interpretações, enfim, como animalescos, desprovidos de racionalidade, integrados primitivamente à natureza e incapazes de produzir cultura.
  • Fatores responsáveis pela ideia, no século XIX, de que a África não tinha história
- A suposição de que o continente africano era dividido em dois: um ao norte do Saara (África Setentrional) e outro ao sul (África Subsaariana).
- Os povos do sul (África Subsaariana) eram chamados de “bárbaros” por causa da cor de sua pele e de seus costumes. Faziam parte de um mundo sem história, sem Estados, e, portanto, povos homogêneos, fechados, sem desenvolvimento.
- A escassez de registros escritos dos povos da África.
- Os europeus consideravam só os documentos escritos como fontes da verdade histórica e não compreendiam a oralidade africana.
  • A oralidade africana
A tradição oral da África constitui uma fonte indispensável de transmissão de informações. Por meio dela os povos africanos preservam sua memória.
Existem os sábios, “guardiões da palavra falada”, também chamados de “tradicionalistas”, que são responsáveis em transmitir, de geração em geração, as tradições de seus povos. Também existem os “griôs”, que são contadores de histórias e animadores públicos. Estes não tem o mesmo compromisso rígido dos “tradicionalistas”.
  • Pluralidade cultural
Novos estudos revelaram a diversidade dos povos africanos e suas múltiplas culturas, desenvolvidas ao longo de milênios de história. Quanto às atividades econômicas, por exemplo, percebeu-se que se dedicavam a uma agricultura e uma pecuária variadas. No artesanato, desenvolveram diferentes técnicas de cerâmica, tecelagem, carpintaria e metalurgia do ouro, cobre, ferro, chumbo e estanho. Também mostraram que foram importantes para o desenvolvimento das distintas sociedades africanas as trocas culturais e comerciais que tiveram com outras sociedades, dentro e fora do continente, como os muçulmanos do norte da África, persas, indianos e árabes. Desse modo, a África, que é rica em diversidade se fraciona em incontáveis culturas e nela falam-se inúmeros idiomas (cerca de 1250).
  • O Reino de Kush
Ao sul do antigo Egito desenvolveu-se uma sociedade de população negra, chamada pelos nativos da região de Núbia. Esta sociedade foi registrada pelos egípcios e pela Bíblia com nome de Kush, cuja capital ficava em Kerma.
 No início, egípcios e núbios, mantinham relações comerciais e alianças militares. Mas o desenvolvimento das duas civilizações também teve momentos de conflitos.
Por volta de 1580 a.C., querendo controlar a minas de ouro da região, os egípcios conquistaram e anexaram a Núbia.
Em 750 a.C., porém, Khasta, rei de Kush, invadiu o Egito e derrubou o faraó. Seu filho, Pianky, assumiu o título de faraó e inaugurou a 25ª dinastia egípcia.
No século IV, o Reino de Kush foi dominado por guerreiros do reino de Axum, situado a sudeste, nas margens do mar Vermerlho. Axum foi o primeiro reino cristão da África, considerado potência comercial do nordeste africano.
  • Os reinos de Gana e Mali
Entre o deserto do Saara, que atravessa o norte da África de leste a oeste, e a floresta úmida, mais ao sul, existe uma faixa de terra conhecida como Sahel. Foi no oeste dessa região que se desenvolveram, depois de Kush, alguns dos principais reinos africanos. Um desses reinos chamava-se Gana.
No reino de Gana a produção de alimentos era um dos pontos altos da economia, mas em seu período mais brilhante, entre os séculos IX e Xi, o ouro tornou-se a principal riqueza do reino. Sua produção era tão grande que Gana chegou a ser o principal fornecedor de ouro do mundo
Em Gana, havia uma divisão social entre escravos e pessoas livres. Além disso, a unidade familiar comandada por um homem era muito importante. As pessoas livres viviam sob uma subdivisão, que se conformava de acordo com questões como a ancestralidade e as atividades laborais desempenhadas.
Os mansas e os reis de Gana demonstravam suas riquezas através de audiências públicas, distribuíam presentes e exibiam o ouro extraído da região de Gana.
Uma das características do Reino de Gana foi a ausência de fronteiras bem definidas. Na verdade, Gana nunca chegou a se constituir um império territorial, mas sua influência se fez sentir em ampla região circunvizinha.
Nesta região também viviam os povos mandingas, organizados em clãs mais ou menos dispersos. Em 1230, em quanto Gana decaía, esses clãs eram unificados por Sundiata Keita. Surgiu assim o reino do Mali.
Uma vez constituídos em reino, os mandingas começaram a expandir seu território, que chegou a ser maior do que o de Gana. Nessa expansão, o Reino de Mali passou a controlar grandes jazidas de ouro e importantes rotas do comércio transaariano.
  • Os Bantos
O termo Bantos abrange diversos povos africanos cujos idiomas são originários de um mesmo tronco linguístico. Por volta do século XII, os bantos viviam sobretudo da caça e da pesca e da coleta de alimentos. Isso os obrigava a procurar novos territórios sempre que se esgotavam os recursos naturais do lugar em que estavam. Nesse processo, ocuparam todo o centro e centro-sul do continente africano.
            Originários da região-centro oeste da África onde hoje se encontram a Nigéria e a República dos Camarões, a expansão dos bantos iniciou-se, provavelmente, nos primeiros anos da era cristã e durou até o século XIX. Foi no decorrer dessa expansão que fundaram os reinos do Congo e do Zimbábue.
  • O Reino do Congo
Na segunda metade do século XIII, povos bantos formaram o chamado Reino do Congo, na região ao sul do rio Congo. Esse reino expandiu-se ocupando territórios dos atuais Estados africanos de Angola, Congo e República Democrática do Congo.
Quando os portugueses estabeleceram os primeiros contatos com o Reino do Congo, encontraram uma sociedade organizada, sob o comando de um rei, o mani Congo, que vivia na capital (Banza Congo) cercado pelo família, corte e conselheiros. Cabia ao mani Congo receber tributos (na forma de alimentos, tecidos, sal, metais valiosos etc.) administrar a justiça e controlar o comércio.
A autoridade do mani Congo compreendia também a dimensão religiosa. Seu poder se impunha entre os chefes dos clãs familiares locais (candas), pelas diversas aldeias (lubatas) e cidades (banzas).
Portugueses e congoleses estabeleceram relações amistosas e parcerias comerciais, no entanto, a partir do século XVII, as relações amistosas entre congoleses e portugueses se degeneraram em razão de vários conflitos que giravam, principalmente, em torno do tráfico de escravos fomentado pelos europeus. Controlando a região de Angola, os portugueses se aliaram aos inimigos dos congoleses (jaga). Ao longo de sucessivos combates, saquearam as cidades do Congo e, por fim, mataram o rei congolês em 1665.
  • A interferência portuguesa no Congo
Os portugueses interferiram na dinâmica da sociedade congolesa pois estabeleceram intensas trocas comerciais, sobretudo escravos, alteraram as crenças religiosas dos reis, de sua família, seus conselheiros e da corte
  • A importância do comércio para os reinos de Gana, Mali e Congo
O comércio era uma atividade importante para os reinos de Gana, Mali e Congo. A atividade comercial de alimentos, animais, artesanato e joias movimentava as cidades e as rotas comerciais e era uma das atividades mais dinâmicas e rendosas para os reinos.
  • A Escravidão na África
Bem antes da chegada dos primeiros europeus, no século XV, em muitas regiões da África vigorava, ao lado do trabalho livre, o trabalho escravo. Geralmente, os escravos eram membros dominados de grupos familiares que não tinham ligações com a rede de parentesco dominante.
Nessas regiões, os escravos desempenhavam praticamente as mesmas funções que os membros da linhagem dominante: trabalho cooperativo nos campos, expedições de caça, defesa das cidades e participação em cerimônias religiosas. A escravidão não era, portanto, uma instituição essencial, coexistindo com outras formas de dependência. Não se pode, neste caso, falar de sociedades escravistas.
Com a chegada dos portugueses, no começo do século XV, teve início o comércio de grande escala de escravos, envolvendo a aplicação de vultosos capitais.
Com a conquista da América por espanhóis, portugueses e outros povos europeus, o tráfico negreiro pelo Atlântico chegaria, segundo estimativas mais aceitas, a 11.313.000 escravos, entre os séculos XVI e XIX. Esse comércio provocou profundas mudanças na organização social da África. Com tráfico negreiro em grande escala a escravidão na África deixou de ser uma entre outras formas de dependência pessoal, como ocorria anteriormente. A partir de então, o continente africano foi integrado a uma rede internacional de escravidão controlada pela burguesia mercantil europeia.
Fonte Bibliográfica:
ARRUDA, José Jobson de A., PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil, Ensino Médio, volume único. São Paulo: Editora Ática,

COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 1, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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