Col. Est. Dep. Manoel
Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de
Araújo
Série: 2° Ano
Disciplina:
História – 2017
África subsaariana
- Visão preconceituosa
A visão que se tinha da África
subsaariana até a primeira metade do século XX era uma visão marcada por
preconceitos, equívocos e desinformações, que reduzia os povos da África
subsaariana a sociedades homogêneas, movidas apenas por costumes selvagens e
crenças animistas. Eram interpretações, enfim, como animalescos,
desprovidos de racionalidade, integrados primitivamente à natureza e incapazes
de produzir cultura.
- Fatores responsáveis pela ideia, no século
XIX, de que a África não tinha história
- A suposição de que o continente
africano era dividido em dois: um ao norte do Saara (África Setentrional) e
outro ao sul (África Subsaariana).
- Os povos do sul (África
Subsaariana) eram chamados de “bárbaros” por causa da cor de sua pele e de
seus costumes. Faziam parte de um mundo sem história, sem Estados,
e, portanto, povos homogêneos, fechados, sem desenvolvimento.
- A escassez de registros
escritos dos povos da África.
- Os europeus consideravam só
os documentos escritos como fontes da verdade histórica e não compreendiam
a oralidade africana.
- A oralidade africana
A tradição oral da África
constitui uma fonte indispensável de transmissão de informações. Por meio
dela os povos africanos preservam sua memória.
Existem os sábios, “guardiões da
palavra falada”, também chamados de “tradicionalistas”, que são responsáveis em
transmitir, de geração em geração, as tradições de seus povos. Também existem
os “griôs”, que são contadores de histórias e animadores públicos. Estes não
tem o mesmo compromisso rígido dos “tradicionalistas”.
- Pluralidade cultural
Novos estudos revelaram a
diversidade dos povos africanos e suas múltiplas culturas, desenvolvidas ao
longo de milênios de história. Quanto às atividades econômicas, por exemplo,
percebeu-se que se dedicavam a uma agricultura e uma pecuária variadas. No
artesanato, desenvolveram diferentes técnicas de cerâmica, tecelagem,
carpintaria e metalurgia do ouro, cobre, ferro, chumbo e estanho. Também
mostraram que foram importantes para o desenvolvimento das distintas sociedades
africanas as trocas culturais e comerciais que tiveram com outras sociedades,
dentro e fora do continente, como os muçulmanos do norte da África, persas,
indianos e árabes. Desse modo, a África, que é rica em diversidade se fraciona
em incontáveis culturas e nela falam-se inúmeros idiomas (cerca de 1250).
- O Reino de Kush
Ao sul do antigo Egito desenvolveu-se
uma sociedade de população negra, chamada pelos nativos da região de Núbia. Esta sociedade foi registrada
pelos egípcios e pela Bíblia com nome de Kush, cuja capital ficava em
Kerma.
No início, egípcios e núbios, mantinham
relações comerciais e alianças militares. Mas o desenvolvimento das duas
civilizações também teve momentos de conflitos.
Por volta de 1580 a.C., querendo
controlar a minas de ouro da região, os egípcios conquistaram e anexaram a
Núbia.
Em 750 a.C., porém, Khasta, rei
de Kush, invadiu o Egito e derrubou o faraó. Seu filho, Pianky, assumiu o
título de faraó e inaugurou a 25ª dinastia egípcia.
No século IV, o Reino de Kush foi
dominado por guerreiros do reino de Axum, situado a sudeste, nas margens do mar Vermerlho.
Axum foi o primeiro reino cristão da África, considerado potência comercial do
nordeste africano.
- Os reinos de Gana e Mali
Entre o deserto do Saara, que atravessa o norte da África
de leste a oeste, e a floresta úmida, mais ao sul, existe uma faixa
de terra conhecida como Sahel. Foi no oeste dessa região que se
desenvolveram, depois de Kush, alguns dos principais reinos africanos. Um
desses reinos chamava-se Gana.
No reino de Gana a produção de
alimentos era um dos pontos altos da economia, mas em seu período mais
brilhante, entre os séculos IX e Xi, o ouro tornou-se a principal riqueza do
reino. Sua produção era tão grande que Gana chegou a ser o principal
fornecedor de ouro do mundo
Em Gana, havia uma divisão
social entre escravos e pessoas livres. Além disso, a unidade familiar
comandada por um homem era muito importante. As pessoas livres viviam sob
uma subdivisão, que se conformava de acordo com questões como a ancestralidade
e as atividades laborais desempenhadas.
Os mansas e os reis de Gana
demonstravam suas riquezas através de audiências públicas, distribuíam presentes e exibiam
o ouro extraído da região de Gana.
Uma das características do Reino
de Gana foi a ausência de fronteiras bem definidas. Na verdade, Gana nunca
chegou a se constituir um império territorial, mas sua influência se fez
sentir em ampla região circunvizinha.
Nesta região também viviam os
povos mandingas, organizados em clãs mais ou menos dispersos. Em 1230, em
quanto Gana decaía, esses clãs eram unificados por Sundiata Keita. Surgiu assim
o reino do Mali.
Uma vez constituídos em reino, os
mandingas começaram a expandir seu território, que chegou a ser maior do que o
de Gana. Nessa expansão, o Reino de Mali passou a controlar grandes jazidas de
ouro e importantes rotas do comércio transaariano.
- Os Bantos
O termo Bantos abrange
diversos povos africanos cujos idiomas são originários de um mesmo tronco
linguístico. Por volta do século XII, os bantos viviam sobretudo da caça
e da pesca e da coleta de alimentos. Isso os obrigava a procurar novos
territórios sempre que se esgotavam os recursos naturais do lugar em que
estavam. Nesse processo, ocuparam todo o centro e centro-sul do continente
africano.
Originários
da região-centro oeste da África onde hoje se encontram a Nigéria e a República
dos Camarões, a expansão dos bantos iniciou-se, provavelmente, nos primeiros
anos da era cristã e durou até o século XIX. Foi no decorrer dessa expansão
que fundaram os reinos do Congo e do Zimbábue.
- O Reino do Congo
Na segunda metade do século XIII,
povos bantos formaram o chamado Reino do Congo, na região ao sul do rio Congo. Esse reino expandiu-se ocupando
territórios dos atuais Estados africanos de Angola, Congo e República
Democrática do Congo.
Quando os portugueses
estabeleceram os primeiros contatos com o Reino do Congo, encontraram uma
sociedade organizada, sob o comando de um rei, o mani Congo, que vivia na
capital (Banza Congo) cercado pelo família, corte e conselheiros. Cabia ao
mani Congo receber tributos (na forma de alimentos, tecidos, sal, metais
valiosos etc.) administrar a justiça e controlar o comércio.
A autoridade do mani Congo
compreendia também a dimensão religiosa. Seu poder se impunha entre os chefes
dos clãs familiares locais (candas), pelas diversas aldeias (lubatas) e cidades
(banzas).
Portugueses e congoleses
estabeleceram relações amistosas e parcerias comerciais, no entanto, a partir do século
XVII, as relações amistosas entre congoleses e portugueses se degeneraram em
razão de vários conflitos que giravam, principalmente, em torno do tráfico de
escravos fomentado pelos europeus. Controlando a região de Angola, os
portugueses se aliaram aos inimigos dos congoleses (jaga). Ao longo de
sucessivos combates, saquearam as cidades do Congo e, por fim, mataram o rei
congolês em 1665.
- A interferência portuguesa no Congo
Os portugueses interferiram na
dinâmica da sociedade congolesa pois estabeleceram intensas trocas
comerciais, sobretudo escravos, alteraram as crenças religiosas dos reis, de
sua família, seus conselheiros e da corte
- A importância do comércio para os reinos
de Gana, Mali e Congo
O comércio era uma atividade
importante para os reinos de Gana, Mali e Congo. A atividade comercial de
alimentos, animais, artesanato e joias movimentava as cidades e as rotas
comerciais e era uma das atividades mais dinâmicas e rendosas para os reinos.
- A Escravidão na África
Bem antes da chegada dos
primeiros europeus, no século XV, em muitas regiões da África vigorava, ao lado
do trabalho livre, o trabalho escravo. Geralmente, os escravos eram membros
dominados de grupos familiares que não tinham ligações com a rede de parentesco
dominante.
Nessas regiões, os escravos
desempenhavam praticamente as mesmas funções que os membros da linhagem
dominante: trabalho cooperativo nos campos, expedições de caça, defesa das
cidades e participação em cerimônias religiosas. A escravidão não era,
portanto, uma instituição essencial, coexistindo com outras formas de
dependência. Não se pode, neste caso, falar de sociedades escravistas.
Com a chegada dos portugueses, no
começo do século XV, teve início o comércio de grande escala de escravos,
envolvendo a aplicação de vultosos capitais.
Com a conquista da América por
espanhóis, portugueses e outros povos europeus, o tráfico negreiro pelo
Atlântico chegaria, segundo estimativas mais aceitas, a 11.313.000 escravos,
entre os séculos XVI e XIX. Esse comércio provocou profundas mudanças na
organização social da África. Com tráfico negreiro em grande escala a
escravidão na África deixou de ser uma entre outras formas de dependência
pessoal, como ocorria anteriormente. A partir de então, o continente
africano foi integrado a uma rede internacional de escravidão controlada pela
burguesia mercantil europeia.
Fonte Bibliográfica:
ARRUDA, José Jobson de A., PILETTI, Nelson. Toda a
História: História Geral e História do Brasil, Ensino Médio, volume único. São
Paulo: Editora Ática,
COTRIM, Gilberto, História Global – Brasil e Geral, volume 1,
2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
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