quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

PATRÍSTICA - FILOSOFIA 2° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    2° Ano 
Disciplina:   Filosofia - 2017
PATRÍSTICA
·       Patrística
O termo patrística designa a produção doutrinária contida em um conjunto de textos sobre a fé e a revelação cristãs e elaborada principalmente pelos primeiros padres da Igreja.
Tinha por objetivo explicar os preceitos do cristianismo ás autoridade romanas e ao povo em geral, de maneira convincente, mediante um trabalho de pregação e conquista espiritual.
·       Origem
É anterior ao início da Idade Média, mas é o período em que se faz a síntese da doutrina cristã e a filosofia grega, tendo forte influência para a filosofia medieval.
Inicia-se com as Epístola de São Paulo e o Evangelho de São João. A Patrística vem dos apóstolos Paulo e João e também de Padres da Igreja, que foram os primeiros dirigentes espirituais e políticos da Igreja após a morte dos apóstolos. Com o desenvolvimento do cristianismo, tornou-se necessário explicar seus preceitos às autoridades romanas e ao povo. Não podia ser pela força, mais tinha que ser pela conquista espiritual.
·       Conciliação entre o cristianismo e o pensamento filosófico grego
Os primeiros pensadores padres elaboraram textos sobre a fé e a revelação cristã. Buscaram conciliar o cristianismo ao pensamento filosófico dos gregos, pois somente com tal conciliação seria possível convencer e converter os pagãos da nova verdade. Tenta basear a fé em argumentos racionais.
A Filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à defesa da religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos. Divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina (ligada à Igreja de Roma) e seus nomes mais importantes foram: Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo Agostinho e Boécio.
·       Introdução de ideias desconhecidas dos gregos e romanos
A patrística foi obrigada a introduzir ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a ideia de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade uma, de encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos etc. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade, Introduziu, sobretudo, com Santo Agostinho e Boécio, a ideia de “homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre arbítrio, pelo qual o homem se torna responsável pela existência do mal no mundo.
Para impor as ideias cristãs, os Padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas por Deus. Por serem decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e inquestionáveis. Dessa forma, o grande tema de toda a Filosofia patrística é o da possibilidade de conciliar razão e fé.

AGOSTINHO
·       Santo Agostinho
Aureliano Agostinho (354-430) nasceu em Tagaste e faleceu em Hipona, ambas cidades da província romana da Numídia, na África, e que hoje pertencem à Argélia. Nessa última cidade viria a ocupar o cargo de bispo da Igreja Católica.
Professor de retórica em escolas romanas, Agostinho despertou para a filosofia com a leitura de Cícero (106-43 a.C.), orador e político romano que se caracterizou por seu ecletismo, tendência filosófica que buscava um acordo entre os ensinamentos de distintas escolas (platônica, aristotélica, hedonista etc.).
Posteriormente, deixou-se influenciar pelo maniqueísmo, doutrina persa que afirmava ser o universo dominado por dois grandes princípios opostos, o bem e o mal, em uma incessante luta entre si.
Mais atarde, já insatisfeito com o maniqueísmo, Agostinho passou a lecionar em Roma e posteriormente em Milão. Nesse período entrou em contato com o ceticismo e, depois, com o neoplatonismo. Então cresceu e aprofundou-se nele uma grande crise existencial. Foi nesse período crítico que se sentiu atraído pelas pregações de Santo Ambrósio, bispo de Milão. Pouco tempo depois, converteu-se ao cristianismo e tornou-se seu grande defensor pelo resto da vida.
·       A relação entre corpo e espírito
Agostinho defendia a tese da supremacia do espírito sobre o corpo, isto é, que a alma teria sido criada por Deus para reinar sobre o corpo, para dirigi-lo à prática do bem. Mas o ser humano pecador, utilizando-se livre arbítrio, costumaria inverter essa relação, fazendo o corpo assumir o governo da alma.
·       O papel da vontade humana no pensamento
Diferentemente dos gregos, Agostinho entendia que a vontade é uma força que determina a vida, e não uma função específica ligada ao intelecto. Como a liberdade humana estaria vinculada à vontade, e não à razão, ela seria a fonte do pecado, pois o indivíduo peca porque, para satisfazer sua vontade, faz uso de seu livre-arbítrio, mesmo sabendo que tal atitude é pecaminosa ou vai contra a razão.
·       O rompimento do conceito de graça divina com a ética pagã
A ética pagã baseia-se na noção grega de autonomia da vida moral, isto é, na ideia de que o ser humano pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo boas obras, sem a necessidade da ajuda divina. Por sua vez, o conceito de graça divina traz implícita a ideia de que o esforço pessoal não basta, pois o ser humano nada pode conseguir sem a graça de Deus, e esta será concedida somente a alguns eleitos, predestinados à salvação.
 Doutrina da iluminação
Segundo sua teoria da iluminação, Deus nos dá o conhecimento das verdades eternas e ilumina a razão. A salvação individual depende da submissão total a Deus. Santo Agostinho ressalta a vinculação pessoal do homem com Deus, enquanto a filosofia grega identifica o homem com o cidadão e a política. Para ele, só é possível alcançar a verdade das coisas por meio da luz de Deus, no íntimo de nossa alma.
·       Doutrina da reminiscência
A filosofia agostiniana sobre o conhecimento apresenta uma semelhança importante com o pensamento de Platão. Para Santo Agostinho, Deus é a suprema verdade e, por ser onisciente (conhecedor de tudo), é a única origem possível do saber. A alma, também denominada de homem interior na filosofia agostiniana, está mais próxima da substância divina que qualquer outra parte do indivíduo, conforme ensina sua doutrina sobre a criação; por isso, é nela e por meio dela que todo conhecimento deve ser buscado.
Assim, nenhum conhecimento verdadeiro pode ser introduzido na mente de um indivíduo vindo de fora, por meio do ensino, da reflexão ou da observação do mundo. O saber sobre as formas dos seres e objetos, sobre a matéria em geral, os conceitos geométricos e matemáticos, as virtudes, as emoções encontram-se na alma, porque ela se origina da substância divina. Os conhecimentos de que temos consciência são os que já encontramos em nossa alma, como que ativados em nossa memória. Aquilo que ignoramos também está na alma, e simplesmente precisa ser desperto pela memória por meio da pesquisa em nosso mundo interior.
Fonte Bibliográfica:
CHALITA, Gabriel, Vivendo a filosofia: ensino médio, volume único, 4. ed. São Paulo: Ática, 2011.
COTRIM, Gilberto, Mirna Fernandes , Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

PENA, Marcelo, Pré-Universitário: filosofia & Sociologia, anual, volume único – Fortaleza: FB Editora, 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.