sábado, 25 de fevereiro de 2017

SOCIOLOGIA NO BRASIL - GERAÇÃO DE 1930 - SOCIOLOGIA 2° ANO



Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    2° Ano 
Disciplina:   Sociologia - 2017
SOCIOLOGIA NO BRASIL  - GERAÇÃO DE 1930
·       Origem
A Sociologia sempre teve como um dos objetos de estudos o conflito entre as classes sociais. Na América Latina, por exemplo, a Sociologia do início do século XX sofreu intensas influências das teorias marxistas, na medida em que suas preocupações passaram a ser o subdesenvolvimento dos países latinos.
No Brasil, nas décadas de 1920 e 1930, estudiosos se debruçaram em busca do entendimento da formação da sociedade brasileira, analisando temas como abolição da escravatura, êxodos e estudos sobre índios e negros. Dentre os autores mais significativos, temos: Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil-1936), Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala-1933) e Caio Prado Júnior (Formação do Brasil Contemporâneo-1942)
Nas décadas seguintes, a Sociologia praticada no Brasil voltou-se aos estudos de temas relacionados às classes trabalhadoras, tais como salários e jornadas de trabalho, e também comunidades rurais.
Na década de 1960 a Sociologia passou a se preocupar com o processo da industrialização do país, nas questões de reforma agrária e movimentos sociais na cidade e no campo; a partir de 1964 o trabalho dos sociólogos se voltou para os problemas socioeconômicos e políticos brasileiros, originados pela tensão de se viver num regime militar (ou ditadura militar, que no Brasil foi de 1964 a 1985), nesse período a Sociologia foi banida do ensino secundarista.
Na década de 1980 a Sociologia finalmente voltou a ser disciplina no ensino médio, sendo facultativa sua presença na grade curricular. Também ocorreu nesse período a profissionalização da Sociologia no Brasil. Além da preocupação com a economia, política e mudanças sociais apropriadas com a instalação da nova república (1985), os sociólogos diversificaram os horizontes e ampliaram seus leques de estudos, voltaram-se para o estudo da mulher, do trabalhador rural e outros assuntos culminantes.
Em 2009, a Sociologia tornou-se disciplina obrigatória na grade curricular dos alunos do ensino médio no Brasil. A oportunidade da aproximação do aluno com a Sociologia, como um campo do saber, tem por objetivo a desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais. Em outras palavras e sem perder de vista a importância da História, é considerar que as coisas nem sempre foram do jeito que são. É perceber que há mudanças profundas ao longo da história, fruto de decisões de homens.
Orson Camargo

·       Formação do povo brasileiro
Uma só palavra ou teoria não seria capaz de abarcar todos os processos e experiências históricas que marcaram a formação do povo brasileiro. Marcados pelas contradições do conflito e da convivência, constituímos uma nação com traços singulares que ainda se mostram vivos no cotidiano dos vários tipos de “brasileiros” que reconhecemos nesse território de dimensões continentais para sua existência social como objeto de estudo.
·       O europeu e o índio
A primeira marcante mistura aconteceu no momento em que as populações indígenas da região entraram em contato com os colonizadores do Velho Mundo. Em meio ao interesse de exploração e o afastamento dos padrões morais europeus, os portugueses engravidaram várias índias que deram à luz nossa primeira geração de mestiços. Fora da dicotomia imposta entre os “selvagens” (índios) e os “civilizados” (europeus), os mestiços formam um primeiro momento do nosso variado leque de misturas.
·       O europeu e o negro
Tempos depois, graças ao interesse primordial de se instalar a empresa açucareira, uma grande leva de africanos foi expropriada de suas terras para viverem na condição de escravos. Chegando a um lugar distante de suas referências culturais e familiares, tendo em vista que os mercadores separavam os parentes, os negros tiveram que reelaborar o seu meio de ver o mundo com as sobras daquilo que restava de sua terra natal.
Isso não quer dizer que eles viviam uma mesma realidade na condição de escravos. Muitos deles, não suportando o trauma da diáspora, recorriam ao suicídio, à violência e aos quilombos para se livrar da exploração e elaborar uma cultura à parte da ordem colonial. Outros conseguiam meios de comprar a sua própria liberdade ou, mesmo sendo vistos como escravos, conquistavam funções e redes de relacionamento que lhes concediam uma vida com maiores possibilidades.
Não se limitando na esfera de contato entre o português e o nativo, essa mistura de povos também abriu novas veredas com a exploração sexual dos senhores sobre as suas escravas. No abuso da carne de suas “mercadorias fêmeas”, mais uma parcela de inclassificáveis se constituía no ambiente colonial. Com o passar do tempo, os paradigmas complexos de reconhecimento dessa nova gente passou a limitar na cor da pele e na renda a distinção dos grupos sociais.
·       Outras gentes
Ainda assim, isso não impedia que o caleidoscópio de gentes estabelecesse uma ampla formação de outras culturas que marcaram a regionalização de tantos espaços. Os citadinos das grandes metrópoles do litoral, os caipiras do interior, os caboclos das regiões áridas do Nordeste, os ribeirinhos da Amazônia, a região de Cerrado e os pampas gaúchos são apenas alguns dos exemplos que escapam da cegueira restritiva das generalizações.
·       Outros povos
Enquanto tantas sínteses aconteciam sem alcançar um lugar comum, o modelo agroexportador foi mui vagarosamente perdendo espaço para os anseios da modernização capitalista. A força rude e encarecida do trabalho escravo acabou abrindo espaço para a entrada de outros povos do Velho Mundo. Muitos deles, não suportando os abalos causados pelas teorias revolucionárias, o avanço do capitalismo e o fim das monarquias, buscaram uma nova oportunidade nessa já indefinida terra brasilis.
Italianos, alemães, poloneses, japoneses, eslavos e tantos mais não só contribuíram para a exploração de novas terras, como cumpriram as primeiras jornadas de trabalho em ambiente fabril. Assim, chegamos às primeiras décadas do século XX, quando nossos intelectuais modernistas pensaram com mais intensidade essa enorme tralha de culturas que forma a cultura de um só lugar. E assim, apesar das diferenças, frestas, preconceitos e jeitinhos, ainda reconhecemos o tal “brasileiro”.

SOCIEDADE E ECONOMIA NA PRIMEIRA REPÚBLICA

  • Sociedade rural
Considerando que 69,7% da população trabalhava no setor agrícola e uma parte do setor de serviços situava-se também na zona rural, podemos dizer que cerca de ¾ da população brasileira ativa trabalhava na zona rural. Os 13,8% que atuavam na indústria, por sua vez, mais a outra parte dos profissionais do setor de serviços, totalizariam, aproximadamente, o outro ¼ da população e estariam sediados em zonas urbanas.
  • Coronelismo
Coronelismo foi o sistema de dominação, característico da Primeira República, exercido por grandes proprietários rurais (os “coronéis), que se tornaram verdadeiros “caciques” ou líderes políticos das cidades ou regiões onde estavam estabelecidos. Em suas fazendas, os coronéis exploravam um grande número de trabalhadores, que recebiam salários miseráveis e passavam a depender de seu auxílio (na forma de empréstimos em dinheiro, educação dos filhos e em momentos de doença). Nas cidades, eles controlavam, pessoalmente, os principais empregos e cargos: na prefeitura, na delegacia, na escola, no cartório público e na estação de trem; os comerciantes, médicos, advogados, prefeitos, vereadores, delegados, juízes, padres e professores procuravam se aproximar dos coronéis, em busca de favores.
  • As exportações brasileiras
No período de 1889 a 1933 o café liderou a pauta de exportações. Não considerando outros produtos, o segundo lugar foi ocupado pela borracha, entre 1889 e 1918, e por couro e peles, entre 1919 e 1933. Durante a Primeira Guerra Mundial o produto que teve a maior queda significativa das exportações foi o café.
  • O café
Durante a Primeira República, o estímulo as atividades agroexportadoras esteve entre as prioridades do governo federal. O café, o “ouro verde”, representou o principal produto de exportação. No início do século XIX, As plantações de café já haviam se expandido por diversos estados além de São Paulo e do Rio de Janeiro.
A maioria dos imigrantes utilizados nas fazendas de café provinha de regiões rurais da Europa. Eles entraram no país entre o final do século XIX e início do XX        e foram trabalhar, principalmente, nos cafezais de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Com o passar dos anos, muitos imigrantes abandonaram os cafezais e seguiram em direção às cidades em busca de melhores condições de vida e trabalho.
  • A borracha e o cacau
Além do café, a borracha e o cacau também tiveram seu apogeu na pauta de exportações brasileiras durante a Primeira República. O declínio na venda desses produtos ocorreu porque os países compradores da Europa começaram a investir em sua produção: Inglaterra e Holanda passaram a cultivar seringais na Malásia, no Ceilão e na Indonésia; o cacau passou a ser cultivado pelos ingleses na Costa do Ouro (África). Essas produções logo conquistaram os mercados internacionais, fazendo declinar as vendas do cacau e da borracha brasileiros.
  • Imigração, industrialização e mudanças sociais
O período da Primeira República também foi marcado pela grande imigração, principalmente europeia, e pelo avanço industrial no país. Os dois processos tiveram diversos impactos na sociedade brasileira, entre os quais se destaca o surgimento do movimento operário.
  • Imigração para São Paulo
O estado de São Paulo, com cerca de 57% do total de imigrantes, foi o estado brasileiro que recebeu o maior número de imigrantes entre 1890 e 1930. Isso se deveu, em boa medida, à expansão da economia cafeeira, que abria milhares de postos de trabalho, e à política do governo paulista de incentivo à imigração, fazendo propaganda no exterior e concedendo passagens e alojamentos aos imigrantes.
  • Fatores que impulsionaram a industrialização na Primeira República
A expansão dos cafezais, paralelamente às crises de superprodução, quando muitos cafeicultores aplicaram seus lucros na indústria, além da existência de um grande número de ex-escravos e imigrantes que deixaram o campo e o trabalho na agricultura em busca de novas oportunidades, representando oferta de mão de obra para o setor industrial.
  • As condições de trabalho dos operários na indústria
Os operários eram submetidos a jornadas de trabalho muito longas (15 horas por dia, de segunda a sábado e, às vezes, até domingo); para suprir os salários muito baixos, a família toda era obrigada a trabalhar. Não havia legislação que assegurasse direitos trabalhistas, como salário mínimo, férias, aviso prévio ou indenização em caso de demissão. Os locais de trabalho apresentavam condições muito ruins: pouco espaço, sem iluminação, ventilação ou cuidados com higiene e segurança. Os acidentes de trabalho eram muito frequentes e atingiam principalmente as crianças, que também sofriam outras formas de violência (incluindo castigos físicos). As mulheres eram, ainda, vítimas de assédio sexual por parte de mestres e contramestres. Em reação, surgiram várias formas de organização operária, entre elas os sindicatos, que lutaram pela conquista dos direitos trabalhistas e sociais.
  • A primeira greve geral de operários no Brasil
Em julho de 1917 ocorreu a primeira greve geral de operários no Brasil, quando houve vários enfrentamentos com a polícia, e o sapateiro anarquista José Martinez, de 21 anos de idade, morreu baleado. Os grevistas reivindicavam aumentos salariais, jornada de trabalho de oito horas, direito de associação, libertação dos grevistas presos etc.
  • Reação das elites econômicas e das autoridades
Na greve geral de 1917 tiveram de negociar, fazendo várias promessas, que depois não foram totalmente cumpridas. Para as elites políticas e econômicas do país, insensíveis às necessidades dos trabalhadores, as manifestações operárias não passavam de baderna, que afetava seus interesses, sendo consideradas por isso “caso de polícia” (expressão do presidente da República Washington Luís). Assim, os protestos dos trabalhadores não mereceram a devida atenção dos empresários e dos políticos até o final desse período, sendo tratados com o uso da violência policial.
Fonte Bibliográfica:
BOMENY, Helena... [et ali] (coordenação), Tempos modernos, tempos de sociologia: ensino médio, volume único, 2. ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2013.
COTRIM, Gilberto, Mirna Fernandes , Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
CAMARGO, Orson. "Sociologia no Brasil"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 19 de janeiro de 2017.
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Formação do Povo Brasileiro"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 19 de janeiro de 2017.

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