sábado, 25 de fevereiro de 2017

FILOSOFIA, FELICIDADE, MITO E LOGOS - FILOSOFIA 1° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    1° Ano 
Disciplina:   Filosofia - 2017
Filosofia, felicidade mito e logos
·      Experiência filosófica
A experiência filosófica compreende três etapas básicas:
Estranhamento ou deslocamento – trata-se do primeiro passo da experiência filosófica. Quando uma pessoa vive uma circunstância de deslocamento ou estranhamento, experimenta uma quebra ou interrupção no fluir normal de sua vida. Detém-se, então, para pensar ou observar algo que antes não via, ou que vivia de forma automática, sem se dar conta, sem atenção, sem se questionar.
Questionamento ou indagação – Trata-se do segundo passo da experiência filosófica. Após viver o estranhamento, a pessoa inicia um processo de questionamento (interno e externo) sobre o tema que lhe chamou a atenção.
Resposta filosófica – Trata-se do terceiro passo para que haja uma experiência filosófica completa. Após os dois primeiros passos, estranhamento e questionamento, trata-se agora, portanto, de construir uma resposta para os questionamentos e indagações.
Após uma reflexão serena e profunda, a resposta a ser elaborada deverá constituir um discurso, isto é, a enunciação de um raciocínio, no qual as ideias deverão estar ordenadas de maneira lógica no sentido de expressar um entendimento sobre o problema e, na medida do possível, encontrar uma “solução” para ele. Além disso, esse discurso deverá ter um caráter universal, isto é, pode ser aplicado a todos os casos ou pessoas. Essas são as características importantes de uma resposta filosófica. As respostas filosóficas não são “qualquer” resposta, pois filosofar não é pensar de qualquer maneira, seja quando se pergunta ou quando se responde.
·      O significado da palavra filosofia
A palavra filosofia é formada pelos termos gregos philos, “amigo”, “amante”, e sophia, “sabedoria”. Portanto, filosofia quer dizer “amor à sabedoria”. E sabedoria, para os gregos, não era apenas um grande saber teórico, mas principalmente prático, tendo em vista que buscava atender ao que consideravam objetivo supremo da vida humana: a felicidade.
·      A origem da palavra filosofia
Conforme a tradição histórica, a palavra filosofia foi usada pela primeira vez pelo pensador Pitágoras (570-490 a.C), quando o príncipe Leone perguntou-lhe sobre a natureza de sua sabedoria. Pitágoras respondeu: “Sou apenas um filósofo”. Com essa resposta, pretendia esclarecer que não detinha a posse da sabedoria. Assumia a posição de “amante do saber”, isto é, alguém que quer, ama e deseja o saber.
Com o decorrer do tempo, entretanto, a palavra filosofia foi ganhando um significado mais específico, passando a designar a busca de um tipo especial de sabedoria: aquela que nasce do uso metódico da razão, da investigação racional.
·      Relação histórica entre felicidade e filosofia
A filosofia, em sua origem, há mais de 25 séculos, apresentava-se como um conhecimento superior que conduzia à vida boa, isto é, que indicava como viver para ser feliz. O filósofo se reconhecia como aquele que buscava, praticava e ensinava um método, um caminho para a felicidade. Nesse sentido, ele se tornava um sábio, e sabedoria, para os gregos, não era apenas um grande saber teórico, mas principalmente prático, tendo em vista que buscava atender ao que consideravam o objetivo supremo da vida humana: a felicidade.
·      Finalidade última
É aquela que está por detrás de todas as finalidades mais imediatas e conscientes de uma ação. Geralmente inconsciente, ela é o motivo fundamental de uma conduta.
De acordo com o pensamento filosófico, podemos supor que a felicidade é igualmente a finalidade última de todos os nossos atos, mesmo de ações que parecem “ruins” por algum tempo, ou daquelas que realmente nos fazem mal e aos outros. É que, no fundo – conforme acreditam vários filósofos e psicólogos -, a intenção última de toda ação ou conduta é “positiva” no sentido de que, consciente ou inconscientemente, a pessoa está buscando, por meio dessa ação, trazer, preservar, aumentar seu bem-estar, ou mesmo evitar, acabar com uma dor, um sofrimento, uma tristeza.       
·      Mito e logos
O mito se opõe ao logos como a fantasia à razão, como a palavra que narra à palavra que demonstra. Logos e mito são duas metades da linguagem, duas funções igualmente fundamentais da vida do espírito. O logos sendo uma argumentação pretende convencer. O mito tem por finalidade apenas por si mesmo. Acredita-se ou não nele, conforme a própria vontade, mediante um ato de fé, caso pareça “belo” ou verossímil, ou simplesmente por que se quer acreditar. O mito, assim, atrai em torno de si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano.
·      A passagem do mito ao logos
A filosofia nasceu na Grécia entre os séculos VII e VI a.C., promovendo a passagem do saber mítico (alegórico) ao pensamento racional (logos). Essa passagem ocorreu durante longo processo histórico, sem um rompimento brusco e imediato com as formas de conhecimento utilizadas no passado.
Durante muito tempo os primeiros filósofos gregos compartilhavam de crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizaria a filosofia. Essa transição do mito à razão “significa precisamente que já havia, de um lado, uma lógica do mito e que, de outro lado, na realidade filosófica ainda está incluído o poder do lendário.
·      A força da mensagem dos mitos
A força da mensagem dos mitos reside, portanto, na capacidade que eles têm de sensibilizar estruturas profundas, inconscientes, do psiquismo humano.
·      A mitologia grega
Os gregos cultuavam uma série de deuses (Zeus, Hera, Ares, Atena etc.), além de heróis ou semideuses (Teseu, Hércules, Perseu, Aquiles, etc.) relatando a vida desses deuses e heróis e seu envolvimento com os humanos, criaram uma rica mitologia, isto é, um conjunto de lendas e crenças que, de modo simbólico, fornecem explicações para a realidade universal. A mitologia grega é formada por grande número de “relatos maravilhosos” ou lendas que inspiraram e ainda inspiram diversas obras artísticas ocidentais.
O mito de Édipo, rico em significados, é um exemplo disso. Na antiguidade, foi utilizado pelo dramaturgo Sófocles (496-406 a.C), na tragédia de Édipo rei, para uma reflexão sobre as questões da culpa e da responsabilidade dos indivíduos perante as normas e os tabus.

·      Polis e razão
Segundo análise do historiador e filósofo francês Jean-Pierre Vernant (1914-2007), o momento histórico da Grécia antiga em que se afirma a utilização do logos (razão) para resolver os problemas da vida estaria vinculado ao surgimento da pólis, cidade-Estado grega.
A pólis foi uma nova forma de organização social e política, desenvolvida entre os séculos VII e VI a.C., na qual os cidadãos passaram a dirigir os destinos da cidade. Entendida como criação dos próprios cidadãos, e não dos deuses, a pólis podia ser explicada e organizada de forma racional, isto é, de acordo com a razão.
Uma das características das cidades-Estado gregas – especialmente Atenas – era a prática constante da discussão política em praça pública pelos cidadãos. Isso contribuiu para que o raciocínio bem formulado e convincente se tornasse, com o tempo, o modo adotado para refletir sobre todas as coisas, não só questões políticas.
Por isso, pra Vernant, a razão grega é filha da pólis, e o nascimento da filosofia relaciona-se de maneira direta com o universo espiritual que então surgiu.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, , Mirna Fernandes , Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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