Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo
Série: 2°
Ano
Disciplina: Sociologia
- 2017
EMPIRISMO E DAVID HUME
· Empirismo britânico
O desenvolvimento da ciência moderna nos séculos XVI e XVII
inseriu-se em um contexto de questionamento sobre os critérios e os métodos
para a elaboração de um conhecimento verdadeiro.
Por essa razão, o próprio processo de conhecer passou a ser
investigado e discutido intensamente por boa parte dos principais filósofos.
Essa discussão concentrou-se entre os séculos XVII e XVIII. Em consequência,
foi na Idade Moderna que se formularam algumas das principais gnosiologias -
teorias a respeito do conhecimento.
· Processo de conhecer
Recordemos que as duas principais vertentes que se
destacaram no início dessa discussão filosófica foram:
- a racionalista - que defendia basicamente a tese
de que o conhecimento obtido pela razão [e fundamentalmente em seu uso
lógico-dedutivo] é mais confiável do que aquele que se obtém pela
experiência sensível,
desqualificando o valor da experiência no processo de conhecer a verdade;
- a empirista - que considerava um erro
desqualificar totalmente a experiência, com base na tese de que qualquer
conhecimento se origina, em última análise, da experiência.

· Ideias inatas
O início do debate esteve vinculado ao pensamento de René
Descartes, o primeiro e principal expoente do racionalismo moderno.
No capítulo anterior, vimos que o filósofo francês dizia
que o verdadeiro conhecimento das coisas externas devia ser conseguido por meio
do trabalho lógico-dedutivo da mente, ou seja, a partir de uma ideia evidente e
certa poderiam ser deduzidas outras sucessivamente.
Um dos principais argumentos de Descartes para justificar
essa concepção era sua suposição a respeito da existência de ideias fundadoras
do conhecimento, as chamadas ideias inatas.
Trata-se de ideias que teriam nascido com o sujeito
pensante e que, por isso, dispensariam a percepção de um objeto exterior para
se formarem no pensamento. Os conceitos matemáticos e a noção de Deus seriam
exemplos de ideias inatas, segundo Descartes.
Entre os principais defensores do inatismo no processo de
conhecimento encontram-se Platão, na Antiguidade, e Santo Agostinho, na Idade
Média, além do próprio Descartes, na filosofia moderna.
· Reação empirista
A filosofia cartesiana, principalmente a tese da existência
de ideias inatas, provocou forte reação de vários pensadores. Alguns deles
passaram a defender justamente a tese oposta, isto é, de que o processo de
conhecimento depende sempre da experiência e dos sentidos, pelo menos como
ponto de partida, em sua origem última, e que consequentemente não existiriam
ideias inatas.
Assim surgiram diversas doutrinas modernas empiristas
[recorde que essa palavra vem do grego empeiria, que significa
"experiência" ]. Entre os principais defensores de gnosiologias
empiristas encontram-se Aristóteles, na Antiguidade, e Santo Tomás de Aquino,
na Idade Média, além dos pensadores que
estudaremos em seguida.
· O empirismo
O empirismo não nasceu no século XVII. Da mesma forma que o
racionalismo teve sua origem nas ideias platônicas, o empirismo remonta ao
pensamento de Aristóteles.
Foi do pensador grego a ideias que sintetiza todo o ideal
empirista: “Não há nada no intelecto que não tenha estado antes nos sentidos”.
Em outras palavras, tudo o que pensamos ou imaginamos se baseia em dados
colhidos pelos nossos sentidos, em sensações, naquilo que já vimos, ouvimos,
tocamos. Por isso, os empiristas não acreditam que o homem possua ideias
inatas, isto é, que nascem conosco. Para eles, a mente humana é um recipiente
pronto para ser preenchido com aquilo que nossos sentidos captarem do mundo
exterior. Desse modo, todas as nossas ideias vão sendo criadas conforme vivemos
e vamos experimentado as coisas
Os empiristas também tomam a experiência como guia e
critério para conhecer a verdade de uma afirmação, pois, de acordo com essa
visão, não há como provar a verde de uma ideia se não pudermos confrontá-la com
algo já experimentado. Assim, palavras como essência seria vazia de sentido,
pois não podemos ter uma percepção sensível do que seja uma essência.
Eles criticavam ideias filosóficas baseadas em conceitos
excessivamente abstratos, intangíveis, como os metafísicos, e pretendiam,
enfim, construir uma filosofia válida com base em noções que o homem pudesse
conhecer e comprovar com seus próprios sentidos. Isso promoverá grande avanço
em muitos campos do conhecimento, instaurando definitivamente as bases da
ciência moderna.
O palco principal de expressão do empirismo foi a
Inglaterra, onde essa tendência criou raízes tão fortes que até hoje domina a
filosofia dos países de língua inglesa. Por isso, costuma-se falar em empirismo
inglês. Destacamos a seguir o pensamento de David Hume.
· David Hume
David Hume [1711-1776]. Filósofo de grande impacto em
pensadores posteriores. Nascido em Edimburgo, Escócia, Hume ocupou importante
posição na diplomacia inglesa. Realizou diversas viagens a países europeus,
como França e Áustria, estabelecendo contato com pensadores destacados da
época, entre eles Adam Smith e Jean-Jacques Rousseau.
Crítico do racionalismo dogmático do século XVII e do
inatismo cartesiano, em sua obra Investigação acerca do entendimento humano,
Hume defendeu outra tese segundo a qual todo conhecimento deriva da experiência
sensível. Ele dizia que tudo o que há em nossa vida psíquica são percepções, as
quais dividiu em duas categorias:
- impressões - referem-se aos dados fornecidos pelos
sentidos, como as impressões visuais, auditivas, táteis;
- ideias - referem-se às representações mentais
[memória, imaginação etc.) derivadas das impressões sensoriais.
Assim, toda ideia é uma re(a)presentação de alguma
impressão. Essa representação pode possuir diferentes graus de fidelidade. E
alguém que nunca teve uma impressão visual - um cego de nascença, por
exemplo-jamais poderá ter uma ideia de cor, nem mesmo uma ideia pouco fiel.
Hume entendia também que as impressões e ideias se sucedem
continuamente na vida psíquica do ser humano, combinando-se por semelhança ou
contiguidade. Esse processo de associação de ideias explicaria, enfim, todas as
operações mentais.
· Associação de ideias
Os processos cognitivos do entendimento ocorrem quando a
mente reúne, junta, conecta mais de uma ideia, simples ou complexa.
Para Hume, existem três tipos de associação de ideias:
- de semelhança, pela qual uma pessoa, quando vê um
retrato, pensa no que está retratado;
- de contiguidade, pela qual a ideia de neve faz
pensar no branco, pois neve e branco são ideias próximas ou contíguas;
- de causalidade, pela qual a ideia de ferimento
leva a pensar na ideia de dor, como urna relação de causa (ferimento) e efeito
(dor).
Fonte
Bibliográfica:
CHALITA,
Gabriel, Vivendo a filosofia: ensino médio, volume único, 4ª ed. São Paulo:
Ática, 2011.
COTRIM,
Gilberto, Mirna Fernandes , Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2013.
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