segunda-feira, 4 de setembro de 2017

EMPIRISMO E DAVID HUME - FILOSOFIA 2° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    2° Ano 
Disciplina:   Sociologia - 2017
EMPIRISMO E DAVID HUME
·       Empirismo britânico
O desenvolvimento da ciência moderna nos séculos XVI e XVII inseriu-se em um contexto de questionamento sobre os critérios e os métodos para a elaboração de um conhecimento verdadeiro.
Por essa razão, o próprio processo de conhecer passou a ser investigado e discutido intensamente por boa parte dos principais filósofos. Essa discussão concentrou-se entre os séculos XVII e XVIII. Em consequência, foi na Idade Moderna que se formularam algumas das principais gnosiologias - teorias a respeito do conhecimento.
·       Processo de conhecer
Recordemos que as duas principais vertentes que se destacaram no início dessa discussão filosófica foram:
- a racionalista - que defendia basicamente a tese de que o conhecimento obtido pela razão [e fundamentalmente em seu uso lógico-dedutivo] é mais confiável do que aquele que se obtém  pela  experiência  sensível, desqualificando o valor da experiência no processo  de conhecer a verdade;
- a empirista - que considerava um erro desqualificar totalmente a experiência, com base na tese de que qualquer conhecimento se origina, em última análise, da experiência.
Algum tempo depois, em pleno Iluminismo, o filósofo alemão lmmanuel Kant entraria nesse debate, realizando uma espécie de síntese das duas correntes em sua doutrina apriorista.
·       Ideias inatas
O início do debate esteve vinculado ao pensamento de René Descartes, o primeiro e principal expoente do racionalismo moderno.
No capítulo anterior, vimos que o filósofo francês dizia que o verdadeiro conhecimento das coisas externas devia ser conseguido por meio do trabalho lógico-dedutivo da mente, ou seja, a partir de uma ideia evidente e certa poderiam ser deduzidas outras sucessivamente.
Um dos principais argumentos de Descartes para justificar essa concepção era sua suposição a respeito da existência de ideias fundadoras do conhecimento, as chamadas ideias inatas.
Trata-se de ideias que teriam nascido com o sujeito pensante e que, por isso, dispensariam a percepção de um objeto exterior para se formarem no pensamento. Os conceitos matemáticos e a noção de Deus seriam exemplos de ideias inatas, segundo Descartes.
Entre os principais defensores do inatismo no processo de conhecimento encontram-se Platão, na Antiguidade, e Santo Agostinho, na Idade Média, além do próprio Descartes, na filosofia moderna.
·       Reação empirista
A filosofia cartesiana, principalmente a tese da existência de ideias inatas, provocou forte reação de vários pensadores. Alguns deles passaram a defender justamente a tese oposta, isto é, de que o processo de conhecimento depende sempre da experiência e dos sentidos, pelo menos como ponto de partida, em sua origem última, e que consequentemente não existiriam ideias inatas.
Assim surgiram diversas doutrinas modernas empiristas [recorde que essa palavra vem do grego empeiria, que significa "experiência" ]. Entre os principais defensores de gnosiologias empiristas encontram-se Aristóteles, na Antiguidade, e Santo Tomás de Aquino, na Idade Média, além dos pensadores  que estudaremos em seguida.
·       O empirismo
O empirismo não nasceu no século XVII. Da mesma forma que o racionalismo teve sua origem nas ideias platônicas, o empirismo remonta ao pensamento de Aristóteles.
Foi do pensador grego a ideias que sintetiza todo o ideal empirista: “Não há nada no intelecto que não tenha estado antes nos sentidos”. Em outras palavras, tudo o que pensamos ou imaginamos se baseia em dados colhidos pelos nossos sentidos, em sensações, naquilo que já vimos, ouvimos, tocamos. Por isso, os empiristas não acreditam que o homem possua ideias inatas, isto é, que nascem conosco. Para eles, a mente humana é um recipiente pronto para ser preenchido com aquilo que nossos sentidos captarem do mundo exterior. Desse modo, todas as nossas ideias vão sendo criadas conforme vivemos e vamos experimentado as coisas
Os empiristas também tomam a experiência como guia e critério para conhecer a verdade de uma afirmação, pois, de acordo com essa visão, não há como provar a verde de uma ideia se não pudermos confrontá-la com algo já experimentado. Assim, palavras como essência seria vazia de sentido, pois não podemos ter uma percepção sensível do que seja uma essência.
Eles criticavam ideias filosóficas baseadas em conceitos excessivamente abstratos, intangíveis, como os metafísicos, e pretendiam, enfim, construir uma filosofia válida com base em noções que o homem pudesse conhecer e comprovar com seus próprios sentidos. Isso promoverá grande avanço em muitos campos do conhecimento, instaurando definitivamente as bases da ciência moderna.
O palco principal de expressão do empirismo foi a Inglaterra, onde essa tendência criou raízes tão fortes que até hoje domina a filosofia dos países de língua inglesa. Por isso, costuma-se falar em empirismo inglês. Destacamos a seguir o pensamento de David Hume.
·       David Hume
David Hume [1711-1776]. Filósofo de grande impacto em pensadores posteriores. Nascido em Edimburgo, Escócia, Hume ocupou importante posição na diplomacia inglesa. Realizou diversas viagens a países europeus, como França e Áustria, estabelecendo contato com pensadores destacados da época, entre eles Adam Smith e Jean-Jacques Rousseau.
Crítico do racionalismo dogmático do século XVII e do inatismo cartesiano, em sua obra Investigação acerca do entendimento humano, Hume defendeu outra tese segundo a qual todo conhecimento deriva da experiência sensível. Ele dizia que tudo o que há em nossa vida psíquica são percepções, as quais dividiu em duas categorias:
- impressões - referem-se aos dados fornecidos pelos sentidos, como as impressões visuais, auditivas, táteis;
- ideias - referem-se às representações mentais [memória, imaginação etc.) derivadas das impressões sensoriais.
Assim, toda ideia é uma re(a)presentação de alguma impressão. Essa representação pode possuir diferentes graus de fidelidade. E alguém que nunca teve uma impressão visual - um cego de nascença, por exemplo-jamais poderá ter uma ideia de cor, nem mesmo uma ideia pouco fiel.
Hume entendia também que as impressões e ideias se sucedem continuamente na vida psíquica do ser humano, combinando-se por semelhança ou contiguidade. Esse processo de associação de ideias explicaria, enfim, todas as operações mentais.
·       Associação de ideias
Os processos cognitivos do entendimento ocorrem quando a mente reúne, junta, conecta mais de uma ideia, simples ou complexa.
Para Hume, existem três tipos de associação de ideias:
- de semelhança, pela qual uma pessoa, quando vê um retrato, pensa no que está retratado;
- de contiguidade, pela qual a ideia de neve faz pensar no branco, pois neve e branco são ideias próximas ou contíguas; 
- de causalidade, pela qual a ideia de ferimento leva a pensar na ideia de dor, como urna relação de causa (ferimento) e efeito (dor).
Fonte Bibliográfica:
CHALITA, Gabriel, Vivendo a filosofia: ensino médio, volume único, 4ª ed. São Paulo: Ática, 2011.

COTRIM, Gilberto, Mirna Fernandes , Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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