segunda-feira, 4 de setembro de 2017

ESCOLÁSTICA - FILOSOFIA 2° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    2° Ano 
Disciplina:   Filosofia - 2017
ESCOLÁSTICA
·       Contexto histórico do surgimento da escolástica
Contribuiu para o desenvolvimento da escolástica o contexto surgido com a renascença carolíngia, iniciada, durante o reinado de Carlos Magno (século VIII), que estimulou a atividade cultural reorganizando o ensino e fundando escolas ligadas às instituições católicas. Com isso, a cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser estudada e propagada, passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. A descoberta das obras de Aristóteles, ocorrida nesse período (século XIII), também influiu no desenvolvimento da escolástica.
·       A escolástica
Adotou-se nas escolas a educação romana como modelo. Começaram a ser ensinadas matérias como o trivium (gramática, retórica e dialética) e o quadrivium (geometria, aritmética, astronomia e música). Todas elas, no entanto, estavam submetidas a teologia.
Com o ambiente cultural dessas escolas e o surgimento posterior das primeiras universidades (a partir do século XI), desenvolveu-se um produção filosófica-teológica denominada escolástica (palavra derivada de escola).
A escolástica não abandonou, em um primeiro momento, a filosofia platônica, especialmente o neoplatonismo. Mas, a partir do século XIII, o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico, marcando-o definitivamente.
·       A questão dos universais
A questão dos universais, surgida no contexto dos estudos escolásticos (trivium e quadrivium), foi uma discussão acerca da relação entre as palavras e as coisas, especialmente aquelas referentes a ideias gerais ou conceitos (os universais de Aristóteles).
Essa discussão levou ao surgimento de duas posições antagônicas e de uma terceira, intermediária. De um lado ficaram os que sustentavam uma interpretação realista da questão, isto é, a tese de que os universais existiam de fato. Do outro lado posicionaram-se os nominalistas, que defendiam a tese de que o universal não existiria em si mesmo, seria apenas uma palavra, um nome, sem existência real. A terceira posição entendia que tais conceitos não seriam nem entidades metafísicas (posição do realismo) nem palavras vazias (posição do nominalismo), e sim discursos mentais, categorias lógico-linguísticas que fazem a mediação, a ligação entre o mundo do pensamento e o mundo do ser.
Realismo – os adeptos do realismo sustentavam a tese de que os universais existem de fato, ou seja, as ideias universais possuem existência própria. Por exemplo: a bondade e a beleza são modelos ou moldes a partir dos quais se criam as coisas boas e as coisas belas. Os termos universais seriam, portanto, entidades metafísicas, essências separadas das coisas individuais.
Nominalismo – os defensores do nominalismo, por sua vez, sustentavam a tese de que termos universais, tais como beleza e bondade, não existem em si mesmos, pois são somente palavras, sem existência real. Para os nominalistas, o que há são apenas os seres singulares, e o universal não passa, portanto, de um nome, uma convenção.
Realismo moderado – entre essas duas posições contrárias surgiu uma terceira, o realismo moderado, sustentado por Pedro Abelardo (1079-1142). Para esse filósofo francês, só existem as realidades singulares, mas é possível buscar semelhanças entre os seres individuais, por meio da abstração, de maneira tal a gerar os conceitos universais.
Esses conceitos não seriam, de acordo com Abelardo, nem entidades metafísicas (posição do realismo) nem palavras vazias (posição do nominalismo), mas discursos mentais, categorias lógico-linguísticas que fazem a mediação, a ligação entre o mundo do pensamento e o mundo do ser.
A importância da questão dos universais está não só no avanço que essa discussão possibilitou em relação à investigação sobre o conhecimento e seus vínculos com a realidade, mas também porque, através dela, alcançou-se um alto nível de desenvolvimento lógico-linguístico. Isso propiciou o fortalecimento de uma razão autônoma em relação à teologia, já por volta do século XII.
·        Tomás de Aquino
Tomás de Aquino nasceu em Nápoles, Sul da Itália. Proclamado pela Igreja Católica como Doutor Angélico e Doutor por excelência, é considerado um dos maiores filósofos da escolástica e reverenciado nos meios católicos por filósofos e professores de filosofia.
A filosofia de Tomás de Aquino (1226-1274) o tomismo – também teve o objetivo claro de não contrariar a fé, empenhando-se em organizar um conjunto de argumentos para demonstrar e defender as revelações do cristianismo.
Tomás de Aquino reviveu em grande parte o pensamento de aristotélico em busca de argumentos que explicassem os principais aspectos da fé cristã. Assim, fez da filosofia de Aristóteles um instrumento a serviço da solução dos problemas teológicos que enfrentava, ao mesmo tempo em que transformou essa filosofia em uma síntese original.
·       Provas da existência de Deus
Outro aspecto importante da filosofia tomista são suas provas da existência de Deus. Em um de seus livros, a “Suma teológica”, propõe algumas vias como provas, fundamentadas na existência do mundo e na experiência.
O primeiro motor (1ª prova) – tudo aquilo que se move é movido por outro ser. Esse outro ser, por sua vez, para se mover necessita também ser movido por outro ser, e assim sucessivamente. Se não houvesse um primeiro se movente, cairíamos em processo indefinido. Logo, conclui Tomás de Aquino, é necessário chegar a um primeiro ser movente que não seja movido por nenhum outro. Esse ser é Deus;
A causa eficiente (2ª prova) – todas as coisas existentes no mundo não possuem em si a causa eficiente de suas existências. Devem ser consideradas efeitos de alguma causa. Tomás de Aquino afirma ser impossível remontar indefinidamente à procura das causas eficientes. Logo, é necessário admitir a existência de uma primeira causa eficiente, responsável pela sucessão de efeitos. Essa causa primeira é Deus.
Ser necessário e ser contingente (3ª prova) – esse argumento, uma variante do segundo, afirma que todo ser contingente, do mesmo modo que existe, pode deixar de existir. Ora, se todas as coisas existem podem deixar de ser, então em algum momento nada existiu. Mas, se assim fosse, também agora nada existiria, pois aquilo que não existe somente começa a existir em função de algo que já existia. Então é preciso admitir que há um ser que sempre existiu, um ser absolutamente necessário, que não tenha fora de si a causa de sua existência, mas, ao contrário, que seja a causa da necessidade de todos os seres contingentes. Esse ser necessário é Deus.
Além dessas Tomás de Aquino propõe, também, as seguintes provas: os graus de perfeição (4ª prova) e a finalidade do ser (5ª prova).
·       Ser geral e ser pleno
Uma novidade trazida por Tomás de Aquino é a distinção entre o ser (ou a existência) e a essência, o que implicou a divisão da metafísica em duas partes: a do ser em geral e a do ser pleno, que é Deus.
De acordo com a ele, o único ser realmente pleno, no qual o ser e a essência se identificam, seria Deus. Para o filósofo, Deus é ato puro, pois ele é completo. Nas outras criaturas, porém, o ser é diferente da essência, pios elas seriam seres não necessários, dependendo da intervenção divina para ser (ou existir). Por isso, estas constituem os seres em geral, não necessários, e Deus é o ser pleno, necessário e do qual dependem os demais seres.
·       A escolástica pós-tomista
Grandes acontecimentos históricos marcaram a Europa nos séculos XIII e XIV, como a Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra; a epidemia da peste bubônica, que matou cerca de três quartos da população europeia; o cisma definitivo entre as Igrejas do Ocidente e do Oriente, que, entre outros fatores, diminuiu a influência da Igreja Católica Romana sobre o poder temporal (o Estado) e sobre a população; a criação de novas universidades, que iniciaram o desenvolvimento de questões relativas às ciências naturais e o processo de autonomia da filosofia em relação à teologia.
Esses são alguns dos fatos que marcaram o fim da Idade Média na periodização tradicional da história, coincidindo com o questionamento do pensamento tomista.
 Entre os filósofos mais significativos desse período estão os ingleses Roberto Grosseteste (1168-1243) e Roger Bacon (1214-1292), que iniciaram uma investigação experimental, no campo das ciências naturais que abriu caminho para a ciência moderna.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, Mirna Fernandes , Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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