segunda-feira, 4 de setembro de 2017

RENÉ DESCARTES E O RACIONALISMO - FILOSOFIA 2° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    2° Ano 
Disciplina:   Sociologia - 2017
RENÉ DESCARTES E O RACIONALISMO
·       O conhecimento parte da razão
Durante o século XVII, a confiança no poder da razão no processo de conhecimento chega a seu auge no contexto da filosofia, à qual a ciência ainda se mantinha vinculada. Por isso a produção filosófica dessa época costuma ser denominada grande racionalismo.
Conforme vimos antes, no campo das teorias do conhecimento, racionalismo designa a doutrina que privilegia o papel da razão no processo de conhecer a verdade.
·     Racionalismo
A palavra racionalismo deriva do latim “ratio”, que significa “razão”, e é empregada em diversos sentidos. No contexto das teorias do conhecimento, racionalismo designa a doutrina que atribui exclusiva confiança à razão humana como instrumento capaz de conhecer a verdade.  René Descartes advertia, não devemos nos deixar persuadir senão pela evidência de nossa razão.
Essa preferência se deve principalmente à compreensão, pelos racionalistas, de que a experiência sensorial é uma fonte permanente de erros e confusões sobre a complexa realidade do mundo. Assim, para eles, somente a razão humana, trabalhando de acordo com os princípios lógicos, pode atingir o conhecimento verdadeiro, capaz de ser universalmente aceito.
Para o racionalismo, os princípios lógicos fundamentais seriam inatos, isto é, já estariam na mente do ser humano desde o nascimento. Daí a razão ser concebida como a fonte básica do conhecimento.
·       René Descartes
René Descartes [1596- 1650) nasceu em La Haye, França, em uma família de prósperos burgueses.  Decepcionado com a formação tomista-aristotélica que recebera no colégio jesuíta de La Fleche, decidiu buscar a ciência por conta própria, esforçando-se por decifrar o "grande livro do mundo". Em suas inúmeras viagens pela Europa, estabeleceu contatos com vários sábios de seu tempo, entre eles Blaise Pascal,. Vejamos algumas concepções básicas de seu pensamento.
·       Dúvida metódica
Vimos anteriormente que Descartes afirmava que, para conhecer a verdade, é preciso, de início, colocar todos os nossos conhecimentos em dúvida. É necessário questionar tudo e analisar criteriosamente se existe algo na realidade de que possamos ter plena certeza.
Fazendo uma aplicação metódica da dúvida, o filósofo percebeu que a única verdade totalmente livre de dúvida era que ele pensava. Deduziu então que, se pensava, existia (Penso, logo existo) Para Descartes, essa seria uma verdade absolutamente firme, certa e segura, que por isso mesmo deveria ser adotada como princípio básico de toda a sua filosofia. Era sua base, seu novo centro, seu ponto fixo.
É preciso ressaltar que o termo pensamento é utilizado pelo filósofo em um sentido bastante amplo, abrangendo tudo o que afirmamos, negamos, sentimos, imaginamos, cremos e sonhamos. Assim, o ser humano seria, para ele, uma substância essencialmente pensante.
·       Dualismo
Também estudamos anteriormente que Des­ cartes, aplicando a dúvida metódica, chegou à conclusão de que no mundo haveria apenas duas substâncias, essencialmente distintas e separadas:
- a substância pensante (res cogitans). correspondente à esfera do eu ou da consciência :
- a substância extensa [res extensa]. correspondente ao  mundo corpóreo, material.
0
 
O ser humano seria composto dessas duas substâncias, enquanto a natureza se constituiria apenas de substância extensa. Essa era uma concepção que se chocava com a noção tomista-aristotélica predominante, segundo a qual haveria tantas substâncias quantos são os seres que existem.
A metafísica cartesiana também incluía uma substância infinita (res infinita). relativa a Deus, o ser que teria criado todas as coisas). Mas essa substância não seria parte deste mundo, pois o Deus cartesiano é transcendente, está separado de sua criação.
·     Idealismo
Descartes concluiu, porém , que o pensamento [ou consciência] é algo mais  certo  que  qualquer corpo , pois ele considerava a matéria, algo apenas conhecível, se é que o é, por dedução do que se sabe da mente. [RUSSELL, História da filosofia ocidental, v. 2, p. 88].
Essa é uma concepção idealista, tano em termos ontológicos como epistemológicos, pois prioriza o ser pensante em contraposição à matéria, bem como a atividade  do sujeito  pensante em  relação  ao objeto pensado.
·     Racionalismo convicto
Descartes era um racionalista convicto. Recomendava que desconfiássemos das percepções sensoriais, responsabilizando-as pelos frequentes erros do conhecimento humano. Dizia que o verdadeiro conhecimento das coisas externas devia ser conseguido através do trabalho lógico da mente. Nesse sentido, considerava que, no passado, dentre todos os indivíduos que buscaram a verdade nas ciências, "só os matemáticos puderam encontrar algumas demonstrações, isto é, algumas razões certas e evidentes" [DES­CARTES, Discurso do método, p. 39].
Descartes atribuía, por tanto, grande valor à matemática como instrumento de com preensão da realidade. Ele próprio foi um grande matemático, considerado um dos criadores da geometria analítica - sistema que tornou possível a determinação de um ponto em um plano mediante duas linhas perpendiculares fixadas graficamente (as coordenadas cartesianas).
·      Método cartesiano
Da sua obra Discurso do método, podemos destacar quatro regras básicas, consideradas por Descartes capazes de conduzir o espírito na busca da verdade:
- regra da evidência - só aceitar algo como verdadeiro desde que seja absolutamente evidente por sua clareza e distinção. As ideias claras e distintas seriam encontradas na própria atividade mental, independentemente das percepções sensoriais externas. Devido a elas, Descartes propôs a existência das ideias inatas [com as quais nascemos], que são plenamente racionais. Exemplos: as ideias matemáticas, as noções gerais de extensão e movimento, a ideia de infinito etc.
- regra da análise - dividir cada uma das dificuldades surgidas em tantas partes quantas forem necessárias para resolvê-las melhor.
- regra da síntese - reordenar o raciocínio indo dos problemas mais simples para os mais complexos.
- regra da enumeração - realizar verificações completas e gerais para ter absoluta segurança de que nenhum aspecto do problema foi omitido.
·  Herança cartesiana
O pensamento de Descartes influi profundamente no pensamento posterior. Sua concepção dualista do ser humano ainda é sentida em diversos campos do conhecimento. E seu método contribuiu grandemente para uma visão reducionista da realidade.
Sua tentativa, porém, de reconstruir o edifício do conhecimento talvez não tenha obtido resultados tão fecundos quanto o efeito demolidor que causou. Por isso podemos dizer - junto com alguns de seus comentadores – que Descartes celebrizou-se não propriamente pelas questões que resolveu, mas, sobretudo, pelos problemas que formulou - os quais foram herdados pelos filósofos posteriores. As filosofias de Espinosa, Leibniz e Malebranche são exemplos disso, pois foram construídas a partir da meditação dos problemas postos por Descartes e seguindo estruturas provenientes do pensamento dele.
Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, Mirna Fernandes, Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.