segunda-feira, 4 de setembro de 2017

PRÉ-SOCRÁTICOS - FILOSOFIA 1° ANO

Col. Est. Dep. Manoel Mendonça
Prof.: Cássio Vladimir de Araújo 
Série:    1° Ano 
Disciplina:   Filosofia - 2017

Pré-socráticos
·       Os primeiros filósofos gregos
De acordo com a tradição histórica, a fase inaugural da filosofia grega é conhecida como período pré-socrático (isto é, anterior a Sócrates ou à sua filosofia). Assim, esse período abrange o conjunto das reflexões filosóficas desenvolvidas desde Tales de Mileto, no século VII a.C., até o século V a.C.
Alguns filósofos chamados “pré-socráticos” foram contemporâneos de Sócrates, sendo assim designados porque mantiveram o tipo de investigação de seus predecessores, centrado na natureza. Sócrates, por sua vez, inaugurou outro tipo de reflexão, voltado ao ser humano, dando início à tradição clássica da filosofia grega.
·       A busca da arché
Dentre os objetivos desses primeiros filósofos, destaca-se a construção de uma cosmologia – explicação racional e sistemática das características do universo – que substituísse a antiga cosmologia – explicação sobre a origem do universo baseada nos mitos.
Assim, com base na razão e não na mitologia, os primeiros filósofos gregos tentaram encontrar o princípio substancial ou substância primordial (a arché, em grego) existente em todos os seres, a “matéria-prima” de que são feitas todas as coisas.
A investigação empreendida pelos pensadores pré-socráticos, então, caracterizou-se principalmente pela busca da arché, palavra grega que significa literalmente “ o que está na frente, a origem, o começo”. A arché pode ser entendida como: - realidade primeira que deu origem a tudo o que existe; -  substrato fundamental que compõe as coisas: -  força ou princípio que determina todas as transformações que ocorrem nas coisas.
A busca da arché dos primeiros filósofos trouxe a novidade, entre outras, de superar o antropomorfismo da perspectiva mítica, procurando identificar elementos naturais (ou sobrenaturais) que explicassem racionalmente a realidade.
Qual era a arché para cada pensador pré-socrático? Tales dizia ser a água; Anaximandro, o àpeiron (“o indeterminado”); Anaximenes, o ar; Xenófanes, a terra; Heráclito, o fogo; Pitágoras, os números; Parmênides, o ser; Empédocles, os quatro elementos (terra, água, ar e fogo); Demócrito, os átomos.
·       Pensadores de Mileto
Quando afirmamos que a filosofia nasceu na Grécia, devemos tornar essa afirmação mais precisa. Afinal, nunca houve na Antiguidade um Estado grego unificado. O que chamamos de Grécia nada mais era que o conjunto de muitas cidades-Estado (pólis), independentes umas das outras e muitas vezes rivais.
Portanto, no vasto mundo grego, a filosofia teve como berço mais precisamente a cidade de Mileto, situada na Jônia, litoral ocidental da Ásia Menor (região hoje pertencente ao território da Turquia. Caracterizada por múltiplas influências culturais e por um rico comércio.
·       Heráclito: fogo e devir
Em Éfeso, outra cidade jônica, desenvolveu-se um pensamento distinto e original. Isso se deveu a Heráclito (c. 535-475 a.C.), estudioso da natureza e preocupado com a arché.
Assim como os pensadores de Mileto, Heráclito observava que a realidade é dinâmica e que a vida está em constante transformação. Decidiu, então, concentrar sua reflexão sobre o que muda. Assim o filósofo dizia que tudo flui, nada persiste nem permanece o mesmo. O ser não é mais que o vir a ser. “Tu não podes nascer duas vezes no mesmo rio, porque novas águas correm sobre ti” (Citado em Souza, Pré-socráticos, p. XXXI).
Para Heráclito o fluxo constante da vida seria impulsionado justamente pela luta de forças contrárias: a ordem e a desordem, o bem e o mal, o belo e o feio, a construção e a destruição, a justiça e a injustiça, o racional e o irracional, a alegria e a tristeza, etc.
Afirmava que: “a luta (guerra) é a mãe, rainha e princípio de todas as coisas”. É pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui. Por essa razão, Heráclito imaginou que, se devia haver um elemento primordial da natureza, este teria que ser o fogo, governando o constante movimento dos seres com chamas vivas e eternas.
·       Parmênides: o ser
Parmênides (c. 510-470 a.C.) entendia que o equívoco das pessoas e dos demais pensadores era conceder demasiada importância aos dados fornecidos pelos sentidos. Embora também percebesse pela via sensorial a mudança e o movimento no mundo, Parmênides achava contraditório buscar a essência (a arché) naquilo que não é essencial, buscar a permanência naquilo que não permanece (a mudança, o movimento), ou supor que aquilo que permanente pudesse converter-se em algo impermanente.
Assim, Parmênides optou por escutar o que lhe dizia a razão – e não os sentidos, que o faziam sentir a mudança – e proclamou que existe o ser e não é concebível sua não existência. Em suas palavras: “O ser é e o não ser não é”. Tentemos compreender melhor essa frase, aparentemente óbvia:
- “o ser é” – a primeira oração expressa a ideia de que o ser (ou aquilo que é) é eternamente, pois o ser constitui, para ele, a substância permanente das coisas. Portanto, o ser é de maneira imutável e imóvel, e é o único que existe. O ser é a arché de Parmênides, não identificada com nenhum elemento natural, sensível, mas, ao mesmo tempo, equivalente a toda corporeidade, com tudo que existe, pois o ser é uno, pleno, contínuo e absoluto.
- “o não ser não é” – a segunda oração traz a  ideia de que o não ser (a negação do ser) não é, não tem ser, substância, essência. Portanto é nada, não existe. Essa é uma conclusão lógica, pois se o ser é tudo, o não ser só pode não existir. Para Parmênides, o não ser se identificaria com a mudança (o devir), pois mudar é justamente não ser mais aquilo que era, nem ser ainda algo que é.
Em vista dessa formulação, Parmênides é considerado o primeiro filósofo a expor o princípio de identidade (A=A) e de não contradição (se A=A, é impossível, ao mesmo tempo e na mesma relação, A= não A), cuja argumentação seria depois mais bem desenvolvida por Aristóteles.

Fonte Bibliográfica:

COTRIM, Gilberto, , Mirna Fernandes , Fundamentos de filosofia, volume único, 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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